Ex-preparador físico da seleção do Qatar confia na conquista da Copa da Ásia: ‘Eles vão conseguir o título’
Em contato com o L!, brasileiro André Lima, que trabalhou sete anos nas categorias de base da seleção qatari, elogia evolução do futebol local e seleção na final contra o Japão<br>
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A seleção do Qatar chegou ao dia mais importante de sua história. Nesta sexta-feira, os qataris vão enfrentar o Japão, no Zayed Sports City Stadium, nos Emirados Árabes Unidos, pelo título da Copa da Ásia. Essa é a primeira vez que os Marrons chegam à decisão do principal torneio do continente.
Apesar de ser um país distante, há um brasileiro que viu de perto muito do processo de evolução da seleção do Qatar: André Lima, que trabalhou como preparador físico da equipe Sub-20 e do time olímpico por sete anos. Atualmente no Al-Khor, clube local, ele falou, ao LANCE!, ele afirmou que o país se estruturou após os treinadores possuírem mais tempo para trabalhar.
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- A principal diferença (entre Brasil e Qatar) é a estabilidade que você tem como preparador físico. Como treinador, é muito parecido com o Brasil: se você não consegue resultados positivos eles te tiram do cargo. Nos últimos anos, houve uma cobrança da federação para que os clubes mantivessem seus treinadores por mais tempo, já que tiveram casos de clube que tiveram três técnicos diferentes na mesma temporada - afirmou.
Sobre o panorama do futebol no país. André afirmou que muitos times fizeram contratações de grandes jogadores há um tempo, como, por exemplo, Xavi no Al-Sadd, mas que diminuiu com o passar do tempo por conta dos problemas financeiros. Na visão do brasileiro, porém, a era das grandes contratações pode retornar com a aproximação da Copa do Mundo.
- Eles (qataris), há um tempo atrás, trouxeram muitos jogadores de nome e de peso, naquela corrida para saber quem sediaria a Copa. Nos últimos três anos, a gente tem visto que as contratações não são de nomes grandes como acontecia antigamente. Algumas pessoas apostam que quando faltar um para começar um ano para começar o Mundial eles vão trazer nomes de peso para realmente promover o futebol e a liga do país. Com a recente crise no mundo árabe, os clubes e o governo seguram um pouco as loucuras que aconteciam com a parte de contratações, com a exceção do Al-Duhail, que contratou o Benatia, da Juventus - contou.
A Copa da Ásia
Historicamente, o Qatar não é uma seleção marcada pelos grandes resultados no futebol profissional. Nos Emirados Árabes Unidos, os comandados do treinador Felix Sanchez se superaram e chegam à decisão como a única equipe na história da competição que foi até a última partida sem conceder gols.
- Com certeza eles já fizeram história. É um grupo vencedor, que não me surpreendeu de chegar até a final. Com alguns brasileiros que vivem aqui eu apostei que eles chegariam na final, porque eles têm um treinador (Felix Sanchez) que trabalha com 70% da equipe da equipe desde que a maioria tinha 17 anos. Eu tive uma oportunidade de trabalhar uma semana com ele na seleção e pude ver que ele é um cara competente, profissional e sério. Ele foi campeão da Copa da Ásia Sub-20, o que foi um feito histórico para o Catar, então ele é um cara vitorioso - bradou.
A Federação Qatari fechou, há alguns anos, algumas parcerias com clubes como KAS Eupen, da Bélgica, e Leeds United, da Inglaterra, para que alguns jogadores pudessem participar de treinamentos. André afirma que, apesar de muitos deles não terem entrado em campo de forma oficial, o treinamento em um clube europeu já valeu a pena para a evolução dos atletas.
- O Catar deu experiência para muitos jogadores que estão no torneio os enviando para clubes da Europa, da Bélgica e da Espanha, para que eles ganhassem experiência disputando ligas mais fortes e isso foi algo bem inteligente, porque os jogadores conseguiram evoluir. Nem todos foram titulares, mas só de trabalhar com equipes europeias faz com que o atleta amadureça - confessou.
André reconhece a Seleção Japonesa, maior campeã do torneio, com quatro títulos, mas assegura que o Qatar vai entrar em campo para conquistar o título.
- A chegada na final foi algo que deixou o país em festa. Tenho total confiança que eles poderão ser campeões. Temos que respeitar o Japão, mas eu conheço os jogadores, a motivação, o que eles estão trazendo para essa final... A chance de traçar uma história muito bonita, acho que eles estarão 150% concentrados e vão conseguir o título - afirmou.
Quem se destaca?
André Lima elege três jogadores como destaques da atual seleção: o lateral Abdelkarim Hassan, o meia-atacante Akram Afif, o jogador com mais passes para gol até aqui, e Almoez Ali, que marcou sete gols até agora e, se balançar a rede em mais uma oportunidade, baterá o recorde de tentos em uma única edição da competição, superando o iraniano Ali Daei.
- Para mim, o melhor jogador dessa Copa da Ásia até o momento é o Almoez Ali, o camisa 19 do Catar. O Abdulkarim, que foi eleito o melhor jogador da Ásia, para mim tem grandes condições de jogar na Europa, é um cara de muita força e potência no cruzamento. O atacante Akram Afif é outro jogador que teve experiência internacional, mas ele disse que não se acostumou com a língua e a temperatura - elegeu.
Categorias de base
Além do sucesso na categoria profissional, o Qatar também fez história em suas equipes de base. No ano passado, os Marrons foram semifinalistas da Copa da Ásia Sub-19 e garantiram vaga na Copa do Mundo Sub-20, na Polônia. André Lima classifica que esses resultados podem ser explicados pela Aspire Academy, que academia que busca trabalhar e evoluir os jovens jogadores, que foi construída em Aspire, cidade qatari.
- Existe um suporte muito grande dado pela Aspire Academy. É um centro de treinamento fantástico, que não existe em lugar nenhum do mundo o que eles criaram aqui no Catar. Clubes da temporada vem fazer intertemporada em janeiro e utilizam as instalações para desenvolver um bom trabalho. Eles organizam muitos torneios Sub-17 e Sub-20 aqui, trazendo alguns clubes, inclusive Fluminense, Vasco e São Paulo - afirmou.
- O cuidado com a parte física é algo inovador. Consequentemente, você colhe bons resultados de um trabalho bem feito. É uma estrutura que os coloca como uma das melhores seleções da Ásia nas categorias de base e a melhor nação do Oriente Médio, porque as seleções de base do país possuem condições sensacionais de se desenvolverem - completou.
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