O primeiro brasileiro a jogar com Messi foi… Nós achamos ele! E eles estrearam juntos pelo Barcelona
Ex-Botafogo, zagueiro Tiago Calvano teve passagem pelo Barça de 2003 a 2005 e estreou no time principal junto de Messi, que fazia seu primeiro jogo como profissional. Foi em 2003...
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Lionel Messi segue escrevendo páginas gloriosas no futebol. No último domingo, o atacante balançou a rede na vitória do Barcelona por 1 a 0 sobre o Atlético de Madrid e chegou, ainda com 30 anos, aos 600 gols como profissional. Muitos foram os brasileiros que já estiveram ao lado do argentino com a camisa do Barcelona, mas um deles pode bater no peito e dizer que viu o início de tudo pelo Barça bem de perto: é o zagueiro carioca Tiago Calvano, de 36 anos, que atualmente defende o Penn FC, da United Soccer League - o equivalente a segunda divisão dos Estados Unidos. Calvano e Messi estrearam juntos pelo Barcelona, em 16 de novembro de 2003. Na ocasião, o Barça foi até Portugal para encarar o Porto no duelo de inauguração do Estádio do Dragão. Como havia jogos de seleções no mesmo período, os principais jogadores do Barça não puderam estar presentes no embate. Foi aí que pintou a chance para a dupla. Calvano tinha 22 anos e era do Barça B. Messi tinha 16 anos e ainda jogava pelos juvenis. Esta foi a primeira partida do argentino como profissional.
Messi entrou aos 29 minutos do segundo tempo, no lugar do lateral-esquerdo Fernando Navarro. A partida já estava 2 a 0 para o Porto, placar que persistiu até o fim, mas os poucos minutos em ação serviram para o argentino impressionar. Apesar da inexperiência e da falta de força física, ele incomodou o rival - treinado por José Mourinho - e quase marcou, parando no goleiro após entrada em velocidade pelo centro da área. Calvano, que também saiu do banco na etapa final, recorda: o hermano já dava sinais de que seria craque.
- É um jogo inesquecível. Tive a oportunidade de jogar com Messi no primeiro jogo dele como profissional. Ele era juvenil, mas entrou bem. Depois daquele jogo, o Frank Rijkaard (técnico do Barcelona na época) já falou para ele ir para o time B, onde eu jogava. Então, a partir dali, a gente começou a treinar junto todo dia. Messi só tinha 16 anos, mas já dava para ver que ele era fora do normal. Claro que ele ainda não tinha essa consistência que tem hoje, mas quando pegava na bola, você via que ele era diferente - disse Calvano, que começou como profissional pelo Botafogo, em 2001, vestiu a camisa do Perugia, da Itália, em 2002, e seguiu para o Barcelona B em 2003:
- Messi fazia coisas com uma naturalidade incrível. Fazia tudo parecer tão fácil, que você falava: "Como é que esse moleque consegue fazer isso?". Magrinho, pequenininho, e ninguém conseguia tomar a bola dele. Ele não chegou como titular absoluto no nosso time. Foi entrando aos poucos. Começou entrando cinco minutos, depois dez, até conseguir um lugar no time. Às vezes ficava dez minutos sem pegar na bola, mas quando pegava, fazia aquilo que ele faz hoje, o que não era normal para um menino de 16 anos. Ele sempre foi diferente e a gente sabia, desde o primeiro instante, que ele iria se destacar mundialmente.
Calvano e Messi atuaram juntos por um ano no Barça B. Em 2004, o argentino subiu para o elenco principal e fez sua estreia oficial em 16 de outubro de 2004, contra o Espanyol. Já o brasileiro seguiu na equipe B por mais uma temporada. Em 2005, próximo dos 24 anos e vendo que não seria promovido, decidiu deixar o Barcelona e assinar com o Young Boys, da Suíça, onde fez sucesso.
- Comecei no Botafogo, em 2001 (era conhecido na época como Tiago Coelho, seu primeiro sobrenome). O Paulo Autuori me subiu e joguei o Campeonato Brasileiro de 2001. Fiquei no clube até junho de 2002. O Botafogo estava com salários atrasados, então peguei meu "passe" e fui para o Perugia. Não cheguei a jogar pelo Perugia, mas aprendi muito nos treinos. O futebol italiano é muito rico em termos táticos para um zagueiro. Em 2003, surgiu a oportunidade de ir para o time B do Barcelona. Não pensei duas vezes e assinei um contrato de cinco anos. Fiz cerca de 30 jogos pelo time B e uns cinco amistosos pelo time principal. Foi muito bom, mas após dois anos, vi que seria difícil eu subir para o grupo A. O elenco principal tinha zagueiros incríveis. Então o Young Boys fez contato comigo e fui para a Suíça. Fui muito feliz na Suíça. Foram três anos, mais de 100 jogos e partidas pela Copa Uefa (hoje Liga Europa). Mas eu guardo um carinho enorme e total gratidão pelo Barcelona - destacou Calvano.
VÍDEO: OS MOMENTOS DE MESSI NA ESTREIA DELE (E DE CALVANO)
Depois dos três anos no Young Boys, Tiago Calvano fez carreira consolidada no futebol alemão, defendendo o MSV Duisburg (de 2008 a 2010) e o Fortuna Düsseldorf (de 2010 a 2011). Em 2011, surgiu um convite do Newcastle Jets, da Austrália. Calvano topou, atraído pelo estilo de vida no país. Em 2013, após dois anos de destaque, o Sydney FC (AUS) contratou o carioca. Em Sydney, Calvano foi colega de clube de Alessandro Del Piero. As coisas caminhavam para a idolatria na Austrália, quando um mal-entendido em campo mudou sua vida:
- As coisas mudaram em novembro de 2013. Num jogo contra o Melbourne Victory, clássico lá, o árbitro foi expulsar meu lateral-esquerdo e nisso que ele pegou o cartão eu falei "não, não, não". Ele levantou o braço e eu estava com meu braço muito próximo. Acabei segurando o braço dele e o cartão caiu. Peguei o cartão, devolvi e pedi desculpa. Ele aceitou, nada aconteceu e joguei os 90 minutos, nem cartão amarelo ele me deu. Após o jogo, a Liga Australiana e a televisão foram em cima, dizendo que eu não podia ter feito aquilo, que fiz contato com o árbitro e que aquilo era inaceitável. Resolveram me usar como exemplo e me suspenderam por oito semanas, só que com um agravante: caso eu tomasse um novo vermelho, eu seria sempre seria suspenso por quatro jogos. Então ali decidi que não valeria mais a pena continuar na Austrália e fui para os Estados Unidos. Não dava para jogar com medo de cartão. Lamentei muito. Fiz amigos na Austrália. O Del Piero é um cara sensacional, com um lado humano incrível. Ele é um gentleman. Tudo o que ele ganhou é merecido.
VÍDEO: O EPISÓDIO DE CALVANO COM ÁRBITRO NA AUSTRÁLIA
Calvano partiu para os Estados Unidos no começo de 2014, para defender o Minnesota United. O zagueiro teve bom rendimento pelo clube e, em janeiro deste ano, aceitou oferta do Penn FC - que em novembro do ano passado foi comprado pelo grupo que comanda o Duisburg, seu time entre 2008 e 2010.
- Pelo fato de eu ter jogado no Duisburg e falar alemão, eles me apresentaram o projeto e eu fechei com o Penn FC. Pretendo jogar até o fim do ano e depois começar a trabalhar para o clube nos bastidores. Falar alemão e inglês me abriu essa porta, eles querem que eu ajude o clube. Eu e minha família temos o Green Card, que nos dá a oportunidade de morar nos Estados Unidos, e com certeza a gente vai ficar por aqui, porque a situação do Brasil não é das melhores - avaliou Calvano, satisfeito com o que a vida lhe proporcionou:
- Vesti a camisa de um dos maiores times do mundo. Estreei com Messi. Cheguei a treinar com Ronaldinho e Deco. Eu sou um felizardo.
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