Ramón Díaz ao LANCE!: ‘O respeito do futebol pela Seleção segue intacto’
Treinador do Paraguai, um dos próximos adversários da Seleção nas Eliminatórias, elogia trabalho de Dunga e comemora o momento de sua equipe na competição
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O Paraguai vivia uma crise em sua seleção. Fora da Copa do Mundo de 2014, os paraguaios estavam descrentes na equipe nacional devido aos resultados ruins. No entanto, a chegada de um argentino indica que o cenário está mudando aos poucos.
Ramón Díaz está no cargo de treinador do Paraguai há pouco mais de um ano. Neste período, o comandante vem colocando a seleção paraguaia no caminho da regularidade. Afinal, o país teve um bom início nas Eliminatórias e chegou à semifinal da última Copa América, eliminando inclusive a Seleção Brasileira.
Em entrevista ao L! feita há duas semanas (antes de anunciar a lista de convocados para os compromissos diante de Equador e Brasil) Díaz analisou o momento do Paraguai. Ele vê as Eliminatórias em um momento-chave e elogiou o trabalho de Dunga.
O desempenho até o momento nas Eliminatórias está dentro daquilo que o senhor imaginava?
A equipe está em crescimento. Foi muito importante a campanha na Copa América para os jogadores, visto que antes as coisas não estavam indo bem. Minha ideia era ter um bom começo. Fiquei satisfeito com os resultados dos quatro primeiros jogos. Conseguimos pontos importantes e estamos na parte de cima da tabela.
Você afirmou que a Copa América foi fundamental para este bom momento. Até que ponto ela influenciou o atual desempenho do Paraguai?
Foi uma caminhada importante, pois conseguimos uma boa arrancada no Chile e queremos manter esse ritmo. Nossos próximos jogos (Equador e Brasil) são importantes e com um grau de dificuldade alto. Mas serão rodadas importantes para todas as seleções.
É correto afirmar então que as próximas duas rodadas serão importantes para uma definição de um cenário mais concreto do que poderá vir nas Eliminatórias?
Acredito que sim. A rodada tem jogos importantes como o encontro entre Argentina e Chile, nós pegaremos o líder e o Brasil. Vejo como um momento importante para a briga na parte de cima da tabela.
O Equador é a única seleção 100% nas Eliminatórias. Isso surpreendeu? Este fato faz com que tenha que pensar em mais alternativas para o duelo?
Foi uma surpresa o Equador conseguir 12 pontos de início e ficar na frente de seleções como o Brasil, Chile, que é atual campeão do continente, a própria Argentina. O Equador está muito bem, mas temos uma equipe competitiva e que pode vencer lá.
A atual edição das Eliminatórias é considerada a mais equilibrada da história. Pelas quatro rodadas iniciais é possível esperar alguma zebra, como Brasil ou Argentina fora da próxima Copa por exemplo?
Não acredito que isso venha a acontecer. São as duas seleções mais representativas da América do Sul, que certamente vão se classificar. Têm os melhores jogadores, bons técnicos. Uruguai, Chile, Colômbia, Equador e nós vamos travar uma luta para conseguir as vagas restantes para o Mundial da Rússia.
O senhor então está confiante que, mesmo diante de um equilíbrio muito grande, é possível conseguir a vaga direta para a Copa do Mundo?
Creio que é possível. Temos um time competitivo e uma boa expectativa de um bom trabalho ao longo das Eliminatórias. Será uma caminhada longa e bem complicada, mas estou confiante.
Antes da sua chegada, o Paraguai vinha de uma campanha ruim na Eliminatória passada. Como o senhor vê o trabalho de renovação do futebol paraguaio, e como trabalha o tema na seleção principal?
Vejo que o Paraguai tem bons jogadores jovens, alguns que já atuam pela seleção como o Derlis González. Há outros jovens talentos como o Romero, do Racing, o Antonio Sanabria (Sporting Gijón). Estamos de olho para que no momento certo utilize outros jogadores mais jovens.
Os grandes clubes paraguaios não começaram a temporada muito bem no torneio local. Existe algum tipo de crise e isso te preocupa?
Analiso de uma forma interessante. Algumas equipes que não chamariam muito a atenção conseguiram bom planejamento e tiveram um início melhor. Eram clubes que viraram competitivos frente aos grandes. Acredito nas recuperações do Cerro Porteño e do próprio Olimpia, que tiveram um mau começo.
A seleção paraguaia parece ter um forte entendimento com treinadores argentinos. É apenas uma feliz coincidência, ou o senhor aponta alguma razão para esse bom casamento?
Os argentinos sempre estão em contato com o futebol paraguaio. São escolas que se enfrentam muito na Libertadores por exemplo. Além disso são países muito próximos, há essa troca constante. Os treinadores argentinos sabem como o jogador paraguaio se adapta a um determinado tipo de jogo. Isso faz com que o trabalho tenha êxito.
'Vejo que o Paraguai tem bons jogadores jovens, alguns que já atuam pela seleção como o Derlis González. Estamos de olho para que no momento certo utilize outros jogadores mais jovens.'
O investimento do futebol chinês no mercado, sobretudo aqui no Brasil, levantou muita discussão, sobretudo no quesito convocação para a Seleção Brasileira. O senhor vê a ida de jogadores para o país asiático de que maneira. Deixaria de convocar alguém?
Não existe essa possibilidade. Temos um trabalho em grupo e sempre vamos querer contar com os melhores jogadores, em suas melhores condições. Nesse momento das Eliminatórias é fundamental ter uma sequência do time.
Gostou do sorteio da Copa América? Acredita que sua chave é a mais difícil?
São equipes importantes e que têm experiência. Certamente vamos procurar fazer uma grande Copa América, aproveitar os jogadores jovens para dar rodagem. Estamos já com um grupo de jogadores bem consolidados e teremos tempo para nos prepararmos.
O Paraguai foi o responsável pela eliminação do Brasil na Copa América. Espera um clima de revanche e uma dificuldade maior mesmo atuando em casa?
Evidente que a presença do Neymar, um dos melhores jogadores do mundo, vai nos trazer uma dificuldade maior e ainda mais atenção em relação ao último jogo. Antes precisamos saber como vai ser o duelo entre Brasil e Uruguai, da mesma maneira que nós temos o Equador pela frente. O Brasil tem um grande treinador. A partida contra a Argentina é um bom exemplo do tamanho da dificuldade que teremos, pois o Brasil foi bem fora.
Mas o retrospecto recente do Paraguai diante do Brasil (apenas uma derrota em cinco jogos) é bom. Isso influência de alguma maneira na partida?
Realmente, o Paraguai conseguiu bons resultados recentes contra o Brasil. Nas Eliminatórias, conseguimos quatro pontos em casa e queremos aproveitar essa pressão que temos em Assunção para ficar ainda mais forte diante da torcida. Sabemos que teremos um adversário complicado pela frente e precisamos somar pontos. Em duelos contra o Brasil e Argentina, o importante é pontuar. Claro que vencer esses dois times é algo ainda melhor.
Durante a Copa América estive em uma coletiva de imprensa do senhor, na qual falou sobre a amizade do Dunga. Como vê a pressão que ele sofre no cargo?
Seleções como o Brasil sempre trazem uma pressão extra para conquistar títulos, vencer os jogos. Desde a última Copa, o Brasil teve um crescimento, evoluiu e conseguiu bons resultados. O Dunga é um grande treinador e está indo muito bem.
Acredita que essa pressão natural que existe na Seleção Brasileira aumentou após o último Mundial? O Brasil é visto hoje de maneira diferente pelos adversários?
Existia uma expectativa muito grande do Brasil estar na final da última Copa por jogar em casa. Tinha uma boa equipe, que encontrou na semifinal um adversário competitivo. O resultado não veio e é natural que exista uma pressão maior para ir ao próximo Mundial e resgatar o resultado não obtido em casa. Evidente que mudanças aconteceram, veio um novo treinador, e há a necessidade de um resultado expressivo. Mas o respeito do futebol pela Seleção Brasileira e o que ela representa seguem intactos.
Vê o treinador argentino na frente do brasileiro, até pelo fato do sucesso dos seus compatriotas na Europa?
Não digo que são melhores, mas evoluíram na forma de trabalhar e ver o jogo. A questão da gestão de jogadores também se adaptam melhor, sobretudo pelo sucesso de alguns treinadores na Europa. Não significa que no Brasil exista bons treinadores. Pelo contrário. É só ver o desempenho na Libertadores por exemplo.
O senhor tinha uma rivalidade com o Maradona desde a época em que ambos jogavam. Ainda possui alguma mágoa com ele?
É algo que ficou no passado. Hoje em dia temos uma boa relação, sempre que possível estamos em contato.
O senhor tem uma grande história como treinador e jogador do River Plate. Foi também o responsável por iniciar o trabalho que culminou no título da Libertadores no ano passado. Como analisa o momento do clube?
Acredito que o título da Libertadores no ano passado foi muito importante para o clube. Agora é preciso tempo e seguir com esse trabalho para que mais conquistas venham.
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