Real x Barça: clássico que inspira cuidado excessivo de segurança
Neste sábado, no Santiago Bernabéu, nem mesmo o público VIP escapará de uma rígida revista no interior do estádio merengue
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Os ataques em Paris na última sexta-feira e o cancelamento dos amistosos entre Bélgica x Espanha e Alemanha x Holanda deixaram o futebol europeu em estado de alerta. Em meio à tensão criada pelo Estado Islâmico a Espanha verá no sábado o seu jogo mais importante. Real Madrid e Barcelona se enfrentarão no Santiago Bernabéu, na capital do país, para quase 90 mil pessoas. E a partida é considerada de alto risco.
Em reunião realizada na quarta-feira, a Comissão Antiviolência decidiu dobrar o número de policiais normalmente já utilizados em jogos grandes e considerados problemáticos. Serão mil agentes federais, outros 1.400 contratados de segurança privada, além de 200 mais entre bombeiros, policiais municipais e integrantes do Samur.
As autoridades ainda tomarão providenciais como pedir para que os torcedores cheguem com mais de três horas de antecedência ao estádio para passar pela minuciosa revista que terá detectores de metais, cães farejadores e fiscalização de bolsas, mochilas e até na comida levada pelos torcedores.
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É comum na Espanha, especialmente após a crise, que cada um leve seu lanche de casa. Batatas chips, pistache, amendoim e sanduíches. Foi assim que torcedores do Benfica entraram com sinalizadores no Vicente Calderón no último mês, em partida contra o Atlético de Madrid. Os artefatos estavam camuflados nos pães levados pelos portugueses.
A fiscalização passará também pelas principais estações de metrô que levam até o Santiago Bernabéu e até mesmo torcedores VIPs precisarão passar pelo controle de segurança, algo até então incomum.
Clássico nem de graça
Os clássicos entre Real Madrid e Barcelona são os jogos que os torcedores mais disputam ingressos. Os sócios das equipes garantem praticamente todas as entradas e os turistas, comuns na maioria dos jogos, têm dificuldade para conseguir uma entrada. No Santiago Bernabéu estarão apenas 800 torcedores do Barcelona (cerca de 5% da carga total), sócios que precisam ser sorteados para poder comprar uma entrada.
No entanto, depois dos últimos ocorridos as pessoas se dividem sobre se iriam ao jogo, mesmo se ganhassem um ingresso.
- Eu estou com receio até de ir a Shoppings ou estações grandes de metrô. Nesse momento não iria ao Bernabéu, talvez em um ou dois meses, se não acontecer mais nada, sim – afirma Xavier Fontès, torcedor azul-grená.
- Eu acho que a polícia espanhola faz um bom papel e me sinto segura. Iria ao jogo sem nenhum problema – diverge a torcedora Dolores Riera.
Desde o último sábado andar pelas ruas da Espanha não é a mesma coisa. Embora o governo tenha decidido não aumentar o nível de alerta terrorista – desde julho se encontra no nível 4 de 5, o que já é considerado “alto risco” – é possível ver muito mais policiais pelas ruas, sejam a pé ou em carros. As armas, que não fazem parte do cotidiano, passaram a ser vistas nas mãos dos responsáveis pela segurança.
Em Barcelona, um agente dos Mossos de Esquadra, a polícia catalã, diz que o trabalho tem sido feito com o mesmo número de efetivos que ocorria antes dos ataques à Paris. “Estamos apenas mais visíveis. Queremos que as pessoas caminhem normalmente, percebendo que estamos atentos. Do mesmo modo que queremos mostrar a possíveis mal-intencionados que estamos presentes”.
No início de novembro três homens de origem marroquina foram presos na periferia de Madrid por serem acusados de ligação com o Estado Islâmico e terem “reais intenções de cometer atentados”, segundo relatou o juiz Fernando Andreu, responsável pelo caso.
Em abril, onze pessoas foram presas na Catalunha pelas mesmas razões. Cinco espanhóis, cinco marroquinos e um paraguaio tinham ligações com o Estado Islâmico e planejavam atentados contra o Parlamento Catalão e a sede dos Mossos De Esquadra. Todos faziam parte da ala mais radical do Estado Islâmico.
Desde janeiro 69 pessoas foram presas na Espanha por ligações com organizações terroristas.
Histórico em eventos esportivos
Em 2004, a Espanha foi alvo do maior atentado terrorista da Europa. A explosão de bombas em Atocha, a estação central de trens de Madri, deixou 191 mortos e mais de dois mil feridos e foi realizado por um grupo terrorista inspirado no Al Qaeda. No mesmo ano, o Santiago Bernabéu precisou ser evacuado durante o jogo ente Real Madrid e Real Sociedad por cona de um alerta falso de bomba no estádio. Cerca de 70 mil pessoas usaram o campo de jogo para deixar o estádio e o processo total levou 15 minutos para ser concluído.
Dois anos antes, em 2002, um carro-bomba foi explodido três horas antes de um clássico entre Real Madrid e Barcelona, válido pela semifinal da Liga dos Campeões. Dezessete pessoas ficaram feridas sem gravidade e o jogo aconteceu normalmente. O grupo extremista basco ETA se responsabilizou pelo ataque.
Tolerância zero
Em abril de 2015 um jovem espanhol de 17 anos foi detido em Múrcia por postagens no Twitter afirmando que iria preparar uma bomba e soltá-la no Camp Nou na final de Copa do Rei ente Barcelona e Athletic Bilbao. O jovem não tem nenhuma relação com grupos terroristas, mas as mensagens inconsequentes levaram a polícia a buscarem o jovem no Sul da Espanha.
O Camp Nou é o maior estádio da Europa, com capacidade para 98 mil pessoas, e nunca teve incidentes relacionados a terrorismo.
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