Rick Parry, ex-CEO da Premier League, fala sobre liga independente no Brasil: ‘Potencial enorme’
Primeiro CEO da Premier League e atual presidente da EFL comentou sobre liga de clubes independente da CBF
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Nesta última semana, a notícia da possível criação de uma liga independente no futebol brasileiro chamou atenção. Muitos chamaram o movimento dos clubes como a fundação de uma 'Premier League Brasileira'. A comparação inevitável com a Premier League não foi à toa. Rick Parry, primeiro CEO da liga inglesa, falou ao portal 'GE' sobre a formação da competição nos anos 90 e a comparou com o cenário existente no Brasil em 2021.
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- À distância sim, posso ver paralelos. Uma insatisfação com o status quo, uma preocupação real com a economia e um desejo de mudanças. Mantenha a simplicidade. Concentre-se apenas nas coisas que realmente importam. Vai ser preciso coragem e resiliência - falou.
Rick Parry falou sobre como os clubes se uniram para formar uma nova liga no futebol inglês, fato que aparentemente é similar ao momento atual do futebol brasileiro.
- A década de 1980 foi um período caótico no futebol inglês. O futebol televisionado ao vivo só começou em 1983. Sempre que havia um acordo com a TV, havia brigas e ameaças de ligas separatistas. Em 1983, o dinheiro foi dividido igualmente entre todos os 92 clubes; em 1985, 50% foram para a primeira divisão; em 1988, 75% foram para a primeira divisão. Não havia consistência e havia pouca estabilidade - disse.
Dessa forma, Parry detalhou como a união foi importante para as mudanças na Inglaterra e como os clubes conseguiram se adaptar ao novo formato administrativo.
- O segredo da Premier League foi a boa governança. Os princípios eram transparência (o principal), simplicidade, consistência e responsabilidade. Eu detalho: a liga tem personalidade jurídica própria, uma sociedade anônima, que pode celebrar contratos por direito próprio; cada clube detém uma ação ordinária e cada um tem um voto; os conselheiros são independentes. Eles têm papéis claramente definidos e são os responsáveis perante os clubes; os clubes não estão representados no Conselho; todas as decisões precisam de uma maioria de dois terços dos 20 clubes; a FA (Football Association, a CBF inglesa) detém uma participação especial e supervisiona a liga - explicou.
A divisão do dinheiro é um assunto importante para definir o andamento da nova liga, e o executivo explicou a melhor forma de divisão em sua visão.
- O assunto que mais levantou debate em 1992 foi o compartilhamento do dinheiro da TV. Os grandes clubes queriam a maior parte, sob o argumento de que atraem mais público. Os pequenos queriam compartilhar tudo igualmente, como na NFL (liga de futebol americano dos EUA). Então propusemos um conceito de oportunidades iguais, mas com recompensa pelo sucesso. As receitas domésticas seriam divididas assim: 50% igualmente para todos, 25% com base na quantidade de jogos transmitidos pela TV e 25% com base na posição final no campeonato. Muito simples e muito justo. O efeito é que o clube do topo recebe mais dinheiro e o clube que ficou lá embaixo na tabela recebe menos. Mas a diferença entre o líder e o lanterna é de 1,6, o que é muito justo. E tudo está atrelado ao desempenho da temporada em curso. Essa fórmula permanece inalterada por 30 anos, o que proporcionou uma estabilidade extraordinária em comparação com a década de 1980.
Por fim, Rick Parry também falou sobre o potencial existente para o Brasil caso uma nova liga independente da CBF seja criada.
- O potencial do Brasil é enorme. Tem todos os ingredientes. Um história fantástica no futebol, uma produção constante de jogadores talentosos e uma população que ama futebol - concluiu.
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