Vale ou não? Liga das Nações divide opinião de treinadores e jogadores
A competição retorna, nesta quinta, sem ainda ser uma unanimidade. Defensores alegam competitividade e parte financeira, detratores criticam datas e relevância do torneio
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A Liga das Nações retorna nesta quinta-feira. O novo torneio de seleções está próximo de encerrar a sua primeira fase, mas está longe de ser unanimidade entre atletas e treinadores. O sistema da competição, as datas escolhidas e a influência nas demais competições de clubes causaram polêmicas desde a sua criação. Por outro lado, a chance de um torneio competitivo entre seleções, o aumento financeiro e a chance para seleções menores, agradam.
"Competição com menor sentido do futebol"
A competição dividiu o mundo do futebol, principalmente entre os treinadores. Os técnicos dos clubes acusam a Liga das Nações de apertar o calendário e prejudicar, não apenas no desempenho dos atletas nos clubes, mas também suas saúdes. Jurgen Klopp, treinador do Liverpool, é um dos que mais critica a competição publicamente.
- Agora os jogadores vão jogar a Liga das Nações, que é a competição com menor sentido do mundo do futebol. Esperamos que os jogadores voltem sãos e possam jogar competições simples, como a Premier League e a Liga dos Campeões - disse Klopp, em coletiva
O principal argumento dos treinadores de seleção é em relação ao nível das partidas. As grandes seleções são "obrigadas" a jogar contra outras grandes equipes, dentro de um sistema de competição, com premiações e que revive o clima de grandes torneios. Além disso, evita o confronto com seleções menores, de nível técnico inferior, o que poderia acontecer nas datas Fifa. O treinador da Alemanha, campeão do mundo em 2014, Joachim Löw, discorda do seu compatriota do Liverpool.
- Agora jogamos contra as principais nações, porque vale alguma coisa. É uma competição. Às vezes eu prefiro jogar este tipo de competição do que jogar contra países realmente pequenos - disse Löw, em coletiva
O treinador da Espanha e ex-comandante do Barcelona, Luis Enrique, trouxe um ponto de vista interessante. O espanhol ressaltou a diferença de interpretação que os técnicos de seleção e clube tem em relação ao torneio, se colocando nos dois papéis.
- Nós vemos sob nossa perspectiva. Se eu fosse treinador de clube eu não estaria interessado na competição. Como treinador de seleção, é uma competição muito atraente. Vejo meus jogadores atuando contra adversários de alto nível com a possibilidade de ganhar um troféu. É perfeito - disse Luis Enrique, em coletiva, em outubro
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"É uma competição divertida e desafiadora"
Os jogadores também dividem opiniões. A Liga das Nações aumenta o número de jogos da temporada e, assim como foi levantado por Klopp, pode prejudicar a saúde dos jogadores. O zagueiro da Bélgica, Vermaelen, por exemplo, se machucou durante a competição e desfalcou o Barcelona. O zagueiro Lovren atua pelo Liverpool e pela Croácia, sendo um jogador de clube e seleção. Conhecido por sua língua afiada, o croata fez coro ao seu treinador no debate.
- Estou de acordo com Klopp, a Liga das Nações é uma competição ridícula. Não tem sentido jogar estas partidas. Não é uma competição real que deve ter a obrigação de ganhar. Podem chamar essas partidas do que quiser, mas não deixam de ser amistosos - disse Lovren, que também atua como zagueiro da Croácia na competição
Nem todos os jogadores, porém, concordam com a posição de Lovren. O craque da Bélgica e do Napoli, Dries Mertens, assumiu que não entendia muito a concepção do torneio, mas ressaltou que a competição tem os seus desafios e a vantagem de jogar contra grandes equipes.
- No começo eu não entendia muito bem a Liga das Nações, mas agora sim. A Liga das Nações é uma competição divertida. É desafiadora, ainda é bom jogar essas partidas. Nós conversamos (seleção belga) muito sobre isso, porque é importante. Nós queremos vencer - elogiou Mertens
Chance para os pequenos
A Liga das Nações é muito positiva, por exemplo, para as seleções de menor expressão. As chamadas "ligas inferiores" ficam mais valorizadas, tendo em vista que os primeiros dos grupos da Divisão D disputam, entre si, uma vaga na Eurocopa, com chances reais de classificação. Nesta primeira edição, algumas seleções chamaram a atenção, como é o caso de Gibraltar.
A seleção do pequeno país europeu venceu a primeira partida de toda a sua história. A vitória sobre a Armênia, por 1 a 0, foi muito celebrada na Europa. Após isso, conseguiu outro triunfo: 2 a 1 sobre Lichestein. Os resultados fizeram com que Gibraltar subisse oito posições no ranking da Fifa.
Clean sheet ✅
— Gibraltar FA (@GibraltarFA) 13 de outubro de 2018
3 points ✅
First ever points ✅
That winning feeling ⚽️🇬🇮!! pic.twitter.com/yqF5e0DYLL
No bolso, vale a pena
Controversa ou não, a Liga das Nações é lucrativa, tanto para a Uefa quanto para as federações. Talvez, por isso, seja defendida com tanto afinco pelas duas partes. Segundo informações do 'El País', estima-se que a competição triplicou os lucros com direitos televisivos em jogos de seleções e que um valor de 76 milhões de euros (R$ 323,2 milhões) deve ser dividido entre as 55 federações participantes. Querida ou não, a Liga das Nações vai continuar dando o que falar.
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