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Más administrações, briga contra degola… O declínio do futebol de SC

Anteriormente em ascensão, clubes de Santa Catarina brigam contra situações difíceis e entram em queda nas Séries A e B. LANCE! mostra panorama do futebol catarinense 

Arte - Futebol (SC)
Equipes de Santa caTarina lutam contra o fantasma da degola e más administrações (Arte: Marcelo Moraes/Lance!)

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O futebol catarinense, que estava em alta no início da década atual, vem caindo de produção nos últimos anos. Na edição do Brasileirão de 2015, por exemplo, quatro grandes do estado (Figueirense, Avaí, Chapecoense e Joinville) estavam na primeira divisão nacional. Os catarinense chegaram até a uma final de competição internacional em 2016, quando a Chapecoense se classificou à final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia. Porém, o jogo não foi realizado devido ao acidente aéreo que matou 72 pessoas entre a delegação do clube catarinense e jornalistas. O Verdão foi declarado campeão da competição, conseguindo o primeiro título internacional do estado. 

Porém, nas últimas temporadas, as equipes da região declinaram. Avaí e a própria Chape são os dois clubes com pior campanha no Brasileirão desta temporada, mesma situação dos rivais Criciúma e Figueirense na Série B.

Para César Augusto, jornalista da Rádio Cidade Florianópolis, a situação das equipes na segunda divisão é mais preocupante. A má administração dos clubes também chama atenção.

- Há uma preocupação grande dos catarinenses na Série B. Geralmente, o Figueirense e o Criciúma brigavam para subir ou ficavam em zonas intermediárias, ao menos. E nessa temporada, o Figueirense se afundou numa má gestão, numa crise gigantesca que ele nem sabe como irá sair. O Criciúma também vem de problemas internos, clima ruim da torcida com o presidente Dal Farra, alguma coisa diferente deveria ser feita. No futebol se precisa de confiança, de novos ares, de renovação - afirmou.

A situação do Figueira é a mais crítica: com atrasos salariais e afundado em dívidas após uma parceria com a Elephant, o elenco chegou a dar WO contra o Cuiabá e teve a sua participação no restante da competição ameaçada. O clube rompeu a parceria com a empresa e busca se reerguer na competição.

Já o Joinville, desde que foi rebaixado em 2015 para a segunda divisão, acumulou quedas e atualmente disputa apenas a Série D, tendo sido eliminado ainda na primeira fase nesta temporada.

Má administração é a maior culpada  

Além dos resultados ruins dentro de campo, a má administração dos clubes catarinenses é apontada como principal responsável pelos jornalistas ouvidos pelo LANCE!.

- A Chapecoense, como todo mundo sabe, vive com o fantasma das indenizações dos familiares das vítimas do acidente. Por isso, precisa conciliar o débito com o fato de estar na Série A do Brasileiro. O Avaí “ajeita a casa” todo ano no lado financeiro. O dinheiro é curto lá pelos lados da capital de todos os catarinenses. O mesmo vale para o co-irmão, o Figueirense, que na tentativa de realizar uma gestão pioneira no futebol, a diretoria entregou a chave do clube para um grupo de investidores, cujo líder é Cláudio Honigman, nome ligado aos esquemas de corrupção da CBF na época do presidente Ricardo Teixeira. O que era pra ser algo inovador, virou um vexame nacional - afirmou Jean Cardoso Júnior, repórter da Rádio Bandeirantes Florianópolis.

Morte de dirigente coincide com má fase

O mau momento dos clubes da região coincide com a morte do presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, no acidente aéreo com a Chapecoense. Delfim era muito influente nos bastidores da CBF e ocupava o cargo de vice-presidente da entidade, sendo cotado até mesmo para a presidência da Confederação.

Segundo o jornalista César Augusto, no entanto, é a má administração dos clubes e não a morte de Delfim que causou a má fase atual.  

- Os casos são específicos, não vejo problema político por causa do Delfim. Problemas no Figueirense, problemas no Criciúma, Avaí cortando gastos, má administração no Joinville e a Chape teve erros de planejamento. São pontos específicos que tornam o futebol catarinense absolutamente deficitário nesta temporada - afirmou.

Já o jornalista Jean Cardoso deixou uma opinião mais aberta sobre o assunto .

- Tivemos a tragédia do avião da Chapecoense que caiu na Colômbia, vitimando a delegação e alguns jornalistas presentes no voo, além do presidente da Federação Catarinense de Futebol Delfim Peixoto. Coincidentemente ou não, as coisas começaram a degringolar aqui no estado a partir deste fato.

Para Jean Cardoso, falta apoio da Federação Catarinense, presidida por Rubens Renato Angelotti:

- Além das más gestões citadas, o que eu vejo no futebol catarinense também, é uma falta de apoio da Federação Catarinense de Futebol, comandada por Rubens Angelotti, aos clubes do estado. Aqui, se tira mais das agremiações do que se dá, através das altas taxas de registro de jogador, taxas de arbitragem, e outros “caprichos” exigidos da Federação aos clubes. Além destes ganhos, a instituição ganha com patrocinadores em placas de publicidade e naming rights de campeonatos.

Declínio dos catarinenses coincide com ascensão dos nordestinos 

Uma situação curiosa envolve a queda das equipes catarinenses. Se em 2015 o Brasileirão tinha quatro grandes de Santa Catarina, somente uma equipe do Nordeste, o Sport, fazia parte da divisão mais alta do futebol brasileiro. 

Os números foram se invertendo com o passar do tempo:

2015 - Santa Catarina (4: Chape, Avaí, Joinville e Figueirense), Nordeste (1:Sport)
2016 - Santa Catarina (2: Chapecoense e Figueirense), Nordeste (3: Vitória, Santa Cruz e Sport)
2017 - Santa Catarina (2: Chapecoense e Avaí), Nordeste (3: Bahia, Vitória e Sport) 
2018 - Santa Catarina (1: Chapecoense), Nordeste (4:Bahia, Vitória, Sport e Ceará)
2019 - Santa Catarina (2: Chapecoense e Avaí), Nordeste (4: CSA, Fortaleza, Ceará e Bahia)

Brusque e Tubarão: os alentos de Santa Catarina

Se nas séries A e B os times catarinenses vão mal das pernas, a mesma situação não pode ser vista nas divisões C e D do nacional. O Brusque foi campeão da quarta divisão, conquistando o primeiro título nacional de sua história. Já o Tubarão disputa a D, mas é visto com bons olhos pela estrutura da diretoria do clube. 

- O Brusque subiu da Série D para a Série C e tem uma estrutura que está crescendo. O Tubarão, que disputa a Série D, não conquistou acesso mas tem uma organização fantástica, certificado de clube formador, categorias de base fortes e, mesmo com pouco tempo de projeto, já chegou próximo de um acesso - destacou o jornalista César Augusto.

Para Jean Cardoso, o Brusque tem tudo para crescer no cenário nacional nos próximos anos.

- O Brusque subiu da Série D pra Série C, e pode futuramente contar com um maior aporte financeiro de Luciano Hang, sócio-proprietário da Havan (que já é patrocinadora master do Brusque). O que se comenta nos bastidores da capital dos tecidos, é que o dinheiro só chegará em grande escala se o Luciano colocar os homens dele de confiança dentro da diretoria - comentou Jean Cardoso.

* Sob supervisão de Vinícius Perazzini

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