Apelo por sobrevivência! Luverdense lida com desafios para se firmar
Meses após amargar o rebaixamento à Série D, equipe mato-grossense corre contra o tempo para, neste sábado, eleger nova diretoria e garantir suas atividades em 2020
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O desafio do Luverdense se reerguer no cenário nacional ganhou contornos dramáticos. Prestes a Helmute Lawisch encerrar seu mandato, o clube mato-grossense, que caiu para Série D, corre o risco de sofrer um duro golpe. Caso não eleja uma diretoria na assembleia deste sábado, há o risco de o Verdão do Centro-Oeste fechar as portas em 2020.
Mandatário do Luverdense desde sua fundação, Helmute (que não pode se candidatar novamente, uma vez que está no cargo desde 2004) detalha qual tem sido o obstáculo de apontar um sucessor.
– Há muita dificuldade em fazer futebol fora dos grandes centros. As receitas já são curtas para clubes de Série C e vão ficar ainda menores no próximo ano, quando a gente disputará a Série D – afirmou, ao LANCE!.
A tensão acontece meses depois de a equipe passar por uma campanha vexatória na Série C. O Luverdense venceu só um dos 18 jogos, e amargou um rebaixamento dois anos depois de passar por outro descenso: na Série B de 2017, obteve a décima-sétima colocação, em sua quarta participação. Pouco para uma equipe que tem no currículo, além de três Estaduais, uma conquista da Copa Verde.
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Segundo o dirigente, outro empecilho tem afastado patrocinadores e causado dificuldade para o clube formar uma mesa diretora.
– O futebol assusta. Os encargos afugentam os investidores, tem sido um desafio mobilizar apoio ultimamente – declarou.
Jaime Binsfield, atual vice-presidente da equipe de Lucas do Rio Verde (cidade localizada a 334km de Cuiabá), destacou que a falta de apoio foi determinante para que não despontasse como candidato a sucessor no cargo.
– Por mais que Lucas do Rio Verde seja muito forte no ramo do agronegócio, a impressão é de que não querem mais o Luverdense aqui! Sem apoio, não temos como honrar os compromissos, montar um bom time para a disputa da Série D. Além disto, a presença de público caiu. Muito porque é desafiador fazer futebol aqui. A sensação é que não queriam mais o Luverdense – disse.
Contudo, a repercussão que aconteceu nas redes sociais trouxe um alento para quem está envolvido com o clube.
– Foi uma repercussão muito grande, que a gente não esperava. Creio que tudo se resolverá na assembleia deste sábado. Vamos ver se, depois deste impasse, o Luverdense pode chegar ao fim deste ano com condições para retomar sua trajetória – espera Helmute Lawisch.
POR NOVOS CAMINHOS
BATE-BOLA
'Não quero deixar um orçamento de mangas curtas'
HELMUTE LAWISCH
Mandatário do Luverdense
1 - Que legado você pretende deixar caso haja um consenso para uma nova diretoria no Luverdense?
Sem dúvida, eu não quero deixar um orçamento de mangas curtas. Tenho responsabilidade de dar condições para o clube ter uma boa estrutura e os jogadores fazerem um bom trabalho.
2 - A que atribui este declínio do Luverdense em tão pouco tempo?
Na verdade, algumas razões pesaram. Acredito que o fato de eu ter me afastado da presidência do clube por um tempo para assumir a dirigência da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF) influenciou um pouco. Não pude acompanhar de perto as coisas do Luverdense. Mas, na disputa da Série C deste ano, fizemos muitas escolhas erradas nas contratações, insistimos também em alguns nomes que não correspondiam e o futebol não nos perdoou.
3 - Planeja continuar a ajudar o Luverdense de alguma forma?
Vou ocupar o cargo de diretor executivo do Luverdense. Acredito que com a experiência de 16 anos que tive como presidente do clube, tenho condições de ainda poder ajudar.
DE AJUDA DE OUTRO CLUBE A AÇÃO ENTRE AMIGOS
A notícia de que o Luverdense corria o risco de fechar as portas despertou solidariedade de todos os cantos. Atualmente na Segundona do Candangão, o Brasília entrou em contato por meio das redes sociais para propor um vínculo.
– Sabemos da dificuldade que é fazer futebol no Brasil. Quando vimos o Luverdense, um clube querido, pedindo ajuda, propusemos uma parceria. O Brasília cederia atletas e estrutura. Mas conversei com o presidente do clube e ele disse que já está sanando os problemas – disse Bruno Mesquita, diretor de futebol do Colorado Candango, que conquistou a Copa Verde de 2014.
Pelas redes sociais, o Verdão do Centro-Oeste agradeceu o Brasília pelo "coleguismo" e disse:
"Apesar da negativa, Lucas do Rio Verde jamais esquecerá uma atitude tão nobre. Respeito imenso!".
A comoção veio também de quem é fiel ao Luverdense. Torcedor emblemático desde a fundação do clube, Tarciso Luis Trevisan apressou-se a buscar apoio.
– Estamos todos envolvidos nesta semana para abraçar a causa e fortalecer o clube. A gente lançou uma campanha entre os amigos para ajudar o Luverdense. Como o clube não tem muitos associados, estamos contribuindo aqui entre a comunidade. Aqui é uma região de muito agronegócio também, né?! – e, em seguida, complementou:
– Nunca participei ativamente da diretoria, mas procurei ajudar no que podia o Luverdense. Acredito que o clube tenha condições de estrutura na parte financeira, mas o desafio agora é na parte administrativa. Tenho fé, tudo vai dar certo e em breve as coisas se ajustarão – completou.
NOVA TEMPORADA (JÁ) AO HORIZONTE DO VERDÃO DO CENTRO-OESTE
Enquanto o Luverdense segue em sua contagem regressiva fora de campo, o clube já volta suas atenções para a temporada de 2020. No mês passado, a diretoria anunciou que Zé Roberto terá a missão de comandar a equipe em uma temporada na qual (ao menos, a princípio) projeta a luta para se reerguer no cenário nacional.
O mandatário Helmute Lawisch destacou que falou mais alto a identificação do entre o atual técnico e o Verdão do Centro-Oeste.
- Ele é nosso ex-capitão aqui, nos tempos de glória do Luverdense ele foi um dos que mais ajudou. Confio no trabalho dele, sempre dei oportunidade para a turma que está começando e tomara que ele faça agora como treinador o que ele já fez dentro de campo - destacou sobre Zé Roberto que, como zagueiro, fez parte da equipe campeã estadual em 2009 e liderou o time na campanha do acesso à Série B em 2013.
O dirigente também ressaltou que, mesmo em meio à turbulência quanto a uma nova diretoria, manteve o planejamento para a próxima temporada.
– Eu tenho responsabilidade de deixar tudo pronto. Nossa apresentação para a pré-temporada já está marcada, com o elenco todo planejado. Tenho certeza de que o ano de 2020 terá boas novidades - afirmou.
O futuro do Luverdense tem seu ponto de partida na assembleia deste sábado.
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