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Após 11 anos na Europa, reforço do Sport se diz um ‘intruso em casa’

Tulio de Melo fez grande parte de sua carreira no Velho Continente, até voltar ao Brasil no meio de 2015, para defender a Chapecoense e estrear no futebol profissional do país

tulio de melo
Tulio de Melo na época em que jogava pelo Lille, da França, onde conquistou o Campeonato Francês e a Copa da França em 2010/2011 (Foto: Divulgação)

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Uma das contratações do Sport para a temporada 2016 é Tulio de Melo, que chega a Recife após se destacar jogando pela Chapecoense no Brasileirão-2015. Apesar de seu nome não soar familiar, sua carreira já é extensa. Aos 30 anos, depois de 11 jogando na Europa, o centroavante voltou ao Brasil na metade da última temporada, trazendo consigo uma vasta experiência no Velho Continente.

- Fui muito jovem para lá e nunca havia jogado no Brasil, estou jogando agora. É uma experiência nova, sou um intruso em casa - destacou o reforço do Leão.

Nascido em Montes Claros, interior de Minas Gerais, Tulio saiu cedo de casa para apostar na carreira de jogador de futebol, a exemplo de tantos outros meninos brasileiros. Com apenas 12 anos foi para Belo Horizonte jogar e morar na base do Atlético-MG, onde trabalhou com Marcelo Oliveira, treinador do Palmeiras. Tal coragem e motivação serviu de estímulo para aceitar a proposta de jogar no exterior antes mesmo de atuar como profissional pelo Galo. O destino do jovem atleta seria o Aalborg, da Dinamarca.

"Eu estava tão focado em continuar na Europa, que eu não vi dificuldade em nada"

- Querendo ou não, você já saiu de casa, está acostumado, tinha sete anos que eu morava longe, então não tive dificuldades. Claro que o que foi diferente foi o clima, né? Eu morava em Minas, 15 graus era bem frio lá em Belo Horizonte, em Montes Claros 20 graus era como se estivesse nevando. Cheguei na Dinamarca, mas cheguei no verão, foi bom, foi tranquilo, mas conforme o inverno foi chegando, cheguei a jogar com -18 graus.

Embora hoje o jogador encare o clima de forma tranquila, a sensação de atuar em temperaturas tão baixas era um desafio extra para quem estava lá para jogar futebol e disposto a passar por qualquer barreira.

- Às vezes eu saía do treino, tinha que ficar sentado dez minutos para os dedos voltarem a mexer normalmente, a boca descongelar e conseguir falar direito. Em alguns momentos você perde até a coordenação, não consegue nem fechar a mão com força - confessou.

Nada disso, porém, foi entrave para sua longeva permanência na Europa. Determinado e obstinado, Tulio de Melo apostou em seu potencial e seguiu subindo de degrau em degrau até se estabelecer de vez nos principais campeonatos do mundo.

- Eu estava tão focado em continuar na Europa, que eu não vi dificuldade em nada. Tem gente que vai pensando em ficar dois anos e logo voltar, eu não, eu fui pra ficar. Desde o início eu sabia que para ficar eu tinha que ir bem por onde eu passasse e acabei ficando 11 anos.

"Na verdade eu nem pensava em voltar para o Brasil, mas pelo momento pessoal que eu estava vivendo seria bom para mim, eu tinha algumas coisas para resolver", afirmou

Sua passagem pelo Aalborg foi de apenas uma temporada e logo em seguida chamou a atenção do Le Mans, da França, onde ficou por três temporadas, até seguir para o Palermo, da Itália, que o negociou com francês Lille, na mesma janela de transferências. Lá passou seis temporadas e atingiu o ponto mais alto de sua carreira, quando conquistou em 2010/2011 o Campeonato Francês e a Copa da França em uma equipe que, apesar de não ser a favorita, era recheada de jogadores com grande potencial.

- O time campeão jogava junto havia uns dois ou três anos, foi chegando uma peça ou outra e gente já estava bem, ficamos em quinto, em terceiro e depois campeão com duas ou três rodadas de antecedência. Eram jogadores consagrados na França, mais o Hazard que era do próprio Lille, que eu vi começar, que explodiu. O Gervinho também, nosso time todo era muito bom, se for pegar peça por peça hoje, era um time incrível - recordou.

Evian, também da França e Valladolid, da Espanha, foram outros dois clubes pelos quais Tulio passou durante sua experiência europeia antes de retornar ao Brasil no melhor estilo "mineiro", quieto e sem alarde, motivado a ficar mais tempo com seu filho.

- Na verdade eu nem pensava em voltar para o Brasil, mas pelo momento pessoal que eu estava vivendo seria bom para mim, eu tinha algumas coisas para resolver. Aí apareceu a Chapecoense e todo mundo me falou bem do clube, foi a melhor oportunidade para aquela situação em que eu estava - comentou o centroavante.

Para ele, a principal dificuldade na readaptação ao futebol do país não foi dentro de campo, mas sim fora dele, com o velho problema do calendário do futebol brasileiro.

- A grande diferença do Brasil para fora é a jornada de treinos, jogos e viagens. Acaba sendo muito desgastante e aqui, realmente, a gente convive mais com os companheiros de clube do que com a família. Eu já sabia, já imaginava que seria assim, uma coisa muito intensa, muito treino, muita viagem. Na França, do menor ao maior time, todos tinham voos fretados. Terminava de jogar, já ia direto para o aeroporto, não importava o horário - destacou.

Outro ponto que Tulio de Melo toca para diferenciar o futebol brasileiro do europeu é a disciplina, o que ele destaca como o principal aprendizado de sua passagem por lá.

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Túlio festeja com jogadores da Chape (Foto: NELSON ALMEIDA)

- Acho que disciplina é a palavra-chave, porque o pessoal é muito sério, dá liberdade para o jogador, tanto que na França, inclusive jogos em casa, a gente praticamente não concentra, porque dão essa liberdade para o jogador. Eles sabem que cada um vai estar na sua casa, dormindo, vai estar no horário certo, não vai ter problema, então aprendi muito com isso.

Tulio de Melo se destacou pela Chapecoense ao marcar cinco gols em 13 jogos no Brasileirão e fazer história com os catarinenses na Copa Sul-Americana. Todos esses ingredientes fizeram com que o Sport fosse atrás do jogador para a próxima temporada.

- Eu vejo o Sport como um time grande do Brasil, prova disso é o campeonato que fez, foi muito bem, terminou bem colocado. Foi uma equipe que demonstrou muito interesse em mim e eu de imediato gostei do projeto e do clube. É a maior torcida do nordeste e isso só me motiva ainda mais nesse desafio. Vamos fazer um excelente ano - finalizou o centroavante.

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