Autêntico e multicampeão, Rubens Minelli deixa a inovação como legado para o futebol brasileiro
Treinador foi parte fundamental da evolução tática do nosso futebol
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O Brasil perdeu na quinta-feira (23) um dos técnicos de futebol mais importantes da sua história: Rubens Minelli. Em um momento no qual os profissionais brasileiros têm a sua capacidade cada vez mais questionada, relembrar a trajetória do treinador é uma oportunidade de ouro para registrar a evolução do nosso futebol.
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Isso porque, além de multicampeão, Minelli foi um inovador, dentro e fora dos gramados. Estudioso e sempre atento às novidades táticas ao redor do mundo, o técnico foi um dos primeiros profissionais do país a entender que o futebol é, acima de tudo, um jogo de ocupação de espaços.
No Internacional, foi responsável por popularizar o volante de infiltração, uma invenção tipicamente brasileira, na conquista do bicampeonato do Brasileirão em 1975 e 1976. Foi nesta função que um dos grandes craques da história do futebol brasileiro, Paulo Roberto Falcão, se consagrou.
A lógica era muito simples: em um jogo pautado por confrontos individuais, Falcão fecharia o meio-campo normalmente em fase defensiva, mas no ataque tinha liberdade total para avançar e jogar às costas do seu marcador, geralmente um meia que não acompanhava até o final na marcação individual.
O Internacional de Minelli, aliás, era a prova de que inovações não precisam necessariamente complexas. Em fase ofensiva, o técnico dava liberdade para que os atletas tomassem as próprias decisões em campo. Na defesa, entretanto, exigia que os jogadores defendessem da sua maneira.
Nos treinamentos, o treinador também demonstrava estar à frente do seu tempo. Jogadores que atuavam sob o seu comando relatam exercícios em treino reduzido, com foco nas mudanças de comportamento, de forma muito parecida com as atividades aplicadas pelos técnicos mais influentes do mundo na atualidade, como José Mourinho e Pep Guardiola - cada um ao seu estilo.
Quando comandou o Palmeiras, em 1969, sugeriu a centralização de todos os processos de trabalho (treino, fisioterapia, departamento médico, etc) em um único local, naquilo que seria o conceito de um Centro de Treinamento, algo inédito até então (veja o relato no vídeo abaixo).
Tamanho conhecimento foi utilizado também na comunicação. Em 1986, O treinador foi contratado pela TV Globo para comentar a Copa de 1986, no México, e inovou mais uma vez ao utilizar uma lousa para explicar os movimentos e padrões táticos das principais equipes do Mundial, inclusive a Seleção Brasileira.
Mesmo com tanta capacidade, Minelli nunca teve uma oportunidade à frente da Seleção Brasileira. Em entrevista ao 'SporTV' em 2017, o treinador afirmou que não sabe responder o motivo de nunca ter sido escolhido para treinar o Brasil, e negou guardar mágoa da situação, mas se disse "frustrado".
Rubens Minelli conquistou quatro Campeonatos Brasileiros, sendo três deles de forma consecutiva, além de uma Copa do Brasil e inúmeros estaduais. O seu maior legado para o futebol brasileiro, no entanto, não está nas conquistas, e sim no seu espírito revolucionário. O futebol brasileiro deve muito ao treinador, que precisa ser mais lembrado pelas suas contribuições ao longo de mais de 30 anos de carreira à beira do campo.
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