Alguns clubes já pensam na próxima temporada, e o comando técnico é o primeiro a ser debatido. No entanto, na reta final do Brasileiro, houve uma série de demissões: Abel Braga, Argel Fucks e Mano Menezes foram últimos a deixarem suas funções. A longevidade dos treinadores é quase sempre questionada nesses casos. E um técnico que teve três clubes em um ano deu sua opinião sobre o assunto. Em entrevista ao LANCE!, Eduardo Barroca, que conquistou o acesso com o Atlético-GO, ressaltou que a CBF precisa colocar filtros e regras para que isso deixe de acontecer. Além disso, ele relembrou sua trajetória em 2019.
– Entendo que enquanto não houver uma regra clara sobre os padrões de quantidade de treinadores, a forma em que cada treinador vai atuar em cada divisão, quantidade, o futebol fica cada vez mais suscetível a resultados. As escolhas ficam cada vez mais a opiniões externas e não há critérios para se escolher. Isso, só vai acabar no dia em a organizadora da principal competição (CBF), colocar os filtros e as regras da quantidade de treinadores por clubes, da quantidade de clube para os treinadores por divisão. Com isso, ficaria tudo mais correto. Os clubes teriam mais critérios para fazer a escolha dos técnicos e vice-versa – afirmou.
Fora isso, Eduardo Barroca pode soltar o sorriso. Em 2019, o treinador explanou grande conhecimento no futebol. Nesta temporada, assumiu o comando das categorias de base do Corinthians, retornou ao Botafogo, já que tinha dirigido o Alvinegro no Sub-20. Ele não conseguiu ter uma sequência e foi chamado para o Atlético-GO, onde teve o objetivo de garantir o clube na elite.
– Fico muito feliz, porque meu ano foi muito especial. Comecei no Corinthians, disputando uma Copa São Paulo e saindo invicto na competição. Ela tem grande importância para o clube paulista, jogos com 35, 40 mil pessoas. Logo depois, recebi o convite do Botafogo, muito especial, porque eu trabalharia a terceira vez no Botafogo. Além de toda relação profissional, eu tenho um carinho muito especial. A gente fez um primeiro turno do Brasileiro excelente. Depois, por questão de resultados, meu trabalho não teve sequência, mas vou sempre exaltar a oportunidade que tive no Botafogo. Em sequência, ter a chance de levar um clube à Primeira Divisão, que é algo tão importante para o Atlético-GO. Este ano é só agradecer por isso tudo – disse.
No ano, Eduardo Barroca não teve grandes resultados, porém conseguiu impor seu pensamento de jogo dentro das quatro linhas. Em 41 jogos, conquistou 16 vitórias, 9 empates e amargou 16 derrotas. A maior sequência invicta foi de quatro partidas sem perder. Coincidentemente, este feito aconteceu duas vezes enquanto comandou o Atlético-GO.
Apesar da conquista, o treinador comentou que precisa estar com a família, indicou os planejamentos para 2020 e relembrou momentos durante o jogo, que culminou na classificação à elite do futebol brasileiro. Confira abaixo o bate-bola com Eduardo Barroca:
LANCE!: No momento em que foi demitido do Botafogo, pensou em treinar uma equipe ainda na temporada?
Barroca: Quando sai do Botafogo, no primeiro momento, não era trabalhar mais em nenhum clube de 2019. Tinha algumas pendentes da vida pessoal. Só seis dias depois da minha saída, o presidente do Atlético-GO, Adson Batista, me ligou, fez o convite e entendi que valeria concluir meu ano com uma experiência como essa. Era uma oportunidade de nove jogos para consolidar o acesso à Série A do Dragão.
LANCE!: O acerto para comandar o Atlético-GO foi rápido?
Barroca: O contato foi bem rápido. Sai do Botafogo em um domingo e no outro domingo, o Adson me ligou e fechamos. Na segunda-feira, eu já me apresentei ao clube e na quinta-feira eu já estava dirigindo a equipe diante do Botafogo-SP. Foi um contato muito rápido, muito direto e fácil de acerto.
LANCE!: Como foi sua recepção da torcida e dentro do clube?
Barroca: Minha recepção foi muito boa. Eu também já conhecia muitos profissionais que estavam lá, pois tinha trabalhado com eles. O Atlético-GO tem uma estrutura muito boa, corpo funcional fixo do clube com muita capacidade, bastante organizado, então, fica fácil para quem chega. Foi uma recepção muito boa e rapidamente me integrei. Nesses 45 dias que estive lá, eu morei dentro do clube, facilitou o entendimento do que o clube precisava.
"Nesses 45 dias que estive no Atlético-GO, morei dentro do clube, o que facilitou o entendimento do que o clube precisava".
LANCE!: Ficou preocupado com resultado dos jogos de América-MG e Coritiba durante o jogo?
Barroca: Pedi para que ninguém me avisasse no primeiro tempo, quando estava o resultado dos outros jogos, para que soubesse somente no intervalo. Mas acaba que você fica sabendo, porque o pessoal da arquibancada se manifesta. Então, soube no intervalo que os resultados estavam favorecendo a gente. O jogo foi bem difícil na tomada de decisões, porque a gente não podia se abrir muito, pois se a gente tomasse o gol, ficaríamos fora. Porém, ao mesmo tempo, não podíamos deixar de atacar, porque se o América-MG empatasse, também ficaríamos fora. Naquele momento procuramos ter equilíbrio nas tomadas de decisões. Eu cheguei a falar para meus atletas que deveríamos trabalhar mais a razão do que a emoção.
LANCE!: Por que não permaneceu no Atlético-GO para próxima temporada?
Barroca: O presidente do Atlético-GO queria que eu ficasse em Goiânia para adiantar todo o planejamento, mas optei por não ficar. Precisei dar uma atenção à minha família. Tinha uma demanda e me organizei bem para isso. Fiquei 45 dias longe dos meus filhos e precisava neste tempo exercer a função de pai, de marido. Ajeitar algumas coisas familiares para voltar em 2020 com foco total.
LANCE!: Como fica o seu planejamento para 2020?
Barroca: Meu planejamento para 2020 começa em dezembro. Vou concluir o curso da licença PRO, maior licenciamento para os treinadores do Brasil. Depois, me preparar para um próximo desafio, oportunidade. Espero que na próxima temporada seja igual ou melhor que 2019.