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Cássio x Diego Souza: Majestoso revive encontro que mudou o mundo e consagrou goleiro no Pacaembu

Protagonistas de lance histórico na Libertadores, goleiro do Corinthians e o agora atacante do São Paulo reeditam duelo cujo retrospecto é amplamente favorável ao corintiano

Cássio defendendo Diego Souza
Momento da defesa de Cássio no chute de Diego Souza: lance eternizado na história do Corinthians e do goleiro (Foto: Ari Ferreira/Lancepress!)

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Dia 23 de maio de 2012, estádio do Pacaembu. Na luta por uma vaga na semifinal da Libertadores, Corinthians e Vasco empatam por 0 a 0 quando, aos 17 minutos do segundo tempo, o mundo congela. Capitão da equipe paulista, o lateral-direito Alessandro concede a Diego Souza, camisa 10 dos cariocas, a chance do jogo. Na tentativa de um lançamento, o corintiano chuta em cima do vascaíno, que parte livre para o gol de Cássio. Ele leva a bola de seu campo à área do Timão e, na cara do goleiro, bate rasteiro no canto esquerdo. Cássio defende. O empate persiste até os 42 minutos, resultado que levaria para os pênaltis, quando o volante Paulinho marca de cabeça: Corinthians classificado. De lá para cá, o mundo nunca mais foi o mesmo.

Dia 27 de janeiro de 2018, estádio do Pacaembu. Quase seis anos se passaram e os protagonistas de um lance que alterou o destino de muita gente voltam a se cruzar pela primeira vez no mesmo palco. Neste sábado, Cássio segue defendendo o gol do Corinthians, enquanto Diego Souza encara seu primeiro clássico pelo São Paulo, pela quarta rodada do Campeonato Paulista. Para o corintiano, é a chance de manter o estigma de carrasco do são-paulino, que por sua vez pode começar a pagar uma espécie de dívida com seus torcedores.

Para Cássio, o lance foi tão importante que ele considera a maior defesa da sua carreira. Não é para menos. Virou símbolo do inédito e tão aguardo título da Libertadores para o Corinthians. Foram cem anos de espera. Motivo pelo qual os corintianos sempre foram alvo de gozações dos rivais. E que explica as queixas dos torcedores de São Paulo, e também de Santos e Palmeiras por Diego Souza. Na visão desses, o atacante foi responsável direto pelo fim das piadas. Fez de Cássio um herói.

- Aquela defesa desencadeou um monte de situações. Hoje estou aqui. Talvez não estaria aqui hoje se não fosse campeão. Ajudou o Corinthians a ganhar um título tão desejado, se não ganhasse não ia ter a condição de buscar o Mundial. Não só aquela defesa, muitas coisas daquele campeonato me fizeram crescer no Corinthians. Mas aquela defesa foi muito importante por tudo que está acontecendo - relembra Cássio, em entrevista exclusiva ao LANCE! na véspera do clássico.

A relação entre Cássio e Diego Souza vem de antes do lance histórico, pois o goleiro subiu para o profissional do Grêmio, seu primeiro clube, em 2007, ano em que Diego era titular do time vice-campeão da Libertadores. Por conta disso, os dois trocaram camisa após o embate de 2012. O corintiano guarda até hoje a camisa 10 do Vasco usada pelo amigo. Está na sua coleção pessoal.

Ao longo dos anos, a relação se estendeu de forma vantajosa para Cássio. Ele nunca sofreu um gol do rival desta tarde. Desde o confronto histórico, os dois se enfrentaram seis vezes, com quatro vitórias do goleiro e duas derrotas. Diego passou três anos sem vencer o amigo até a última rodada do Brasileiro do ano passado, quando o Sport bateu o Corinthians por 1 a 0 na Ilha do Retiro. Detalhe: a equipe de Fábio Carille só tinha Cássio de titular, já que os demais tinham sido dispensados após garantirem o título brasileiro. Mas o camisa 12 alvinegro minimiza o retrospecto.

- A gente (Corinthians) vem bem, não só contra ele (Diego Souza), nessas temporadas estamos vindo num nível bem legal. Espero sair vitorioso, é um clássico, um grande jogo. Então independentemente de ser ele, esse retrospecto favorável, que a gente possa ganhar e dar continuidade a essa sequência. Lá dentro a gente não vê quem está chutando a bola, a gente só tenta ajudar o Corinthians, e é isso que vou fazer - afirma Cássio.

As lembranças não são saborosas para Diego Souza. O atacante nem quis falar sobre o reencontro. A reportagem do LANCE! solicitou entrevista com ele à assessoria de imprensa do São Paulo, mas Diego não quis se pronunciar. Depois daquele lance na Libertadores, passou por Al Ittihad (Arábia Saudita), Cruzeiro, Metalist (Ucrânia) e Fluminense, mas se encontrou mesmo no Sport, onde retomou uma postura de protagonista que pode ter no São Paulo. E é exatamente com um pensamento de retomada na carreira, de olho na Seleção Brasileira, que ele assumiu a camisa 9 tricolor.

Aos 32 anos de idade, Diego desembarcou no Morumbi com a intenção de se confirmar como um dos principais nomes do futebol brasileiro e até abre mão da posição de origem, como meio-campista, para sonhar com a vaga de reserva de Gabriel Jesus na Copa do Mundo na Rússia, como centroavante.

O jogador impressionou membros da comissão técnica tricolor com seu desempenho nos primeiros treinos da pré-temporada, já assumiu um papel de liderança, como Raí esperava ao contratá-lo, e balançou as redes em sua primeira chance como titular, na quarta-feira. Fazer gol em seu primeiro clássico no clube, em um Majestoso apenas com torcedores adversários no Pacaembu, e logo em cima de Cássio, seu algoz em 2012, ratificaria sua condição.

Na quarta-feira, contra o Mirassol, Diego Souza fez o primeiro gol do São Paulo na temporada, abrindo a primeira vitória do clube em 2018. Foi vibrar com a torcida presente no estádio do interior e foi intensamente abraçado por todos os jogadores que conseguiram alcançá-lo. Logo depois, fez um discurso deixando claro como sonha em se firmar como estrela, deixando para trás qualquer passado de dúvida envolvendo ele ou o Tricolor.

- Se Deus quiser, foi o primeiro gol de muitos. Foi importante. Foi meu primeiro jogo inteiro, foi um pouco difícil, ainda estou ganhando ritmo. Mas a entrega foi importante, o time é aguerrido. Dessa maneira, vamos formar um time forte - projetou.

Neste sábado, a partir das 17h, Cássio e Diego Souza escrevem mais um capítulo dessa relação, que volta ao Pacaembu. Resta saber se o estádio será novamente palco de um divisor de águas na história dos envolvidos. Alessandro, por exemplo, pendurou as chuteiras e hoje é gerente de futebol do Corinthians. Ele dificilmente estaria no cargo se não fosse aquela defesa naquele 23 de maio...

CÁSSIO X DIEGO SOUZA 

Duelo com Vasco
16/5/2012 - Vasco 0x0 Corinthians - São Januário - Libertadores
23/5/2012 - Corinthians 1x0 Vasco - Pacaembu - Libertadores

2017
Sport 1x0 Corinthians - Ilha do Retiro - Brasileiro
Corinthians 3x1 - Arena Corinthians - Brasileiro

2016

Corinthians 3x0 - Arena Corinthians - Brasileiro

2015
Corinthians 4x3 - Arena Corinthians - Brasileiro

2014
Corinthians 3x0 - Arena Corinthians - Brasileiro

2013
Cruzeiro 1x0 Corinthians - Arena do Jacaré - Brasileiro



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