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‘Os clubes terão de se modernizar digitalmente’, afirma Amir Somoggi

Em live nesta segunda-feira, CEO da Sports Value diz que novo coronavírus exigirá que futebol nacional evolua seu marketing nas redes sociais e produção de conteúdo

Maracanã
'Temos de repensar o futebol', afirmou Amir Somoggi (Rafael Arantes / Lancepress!)

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O desafio dos clubes brasileiros para driblar a pandemia do novo coronavírus passará por uma transformação digital. Em live nesta segunda-feira promovida pela empresa Patrocínio Brasil, o consultor de gestão e marketing esportivo Amir Somoggi apontou que caberá a a cada time mostrar que tem condições de melhorar suas ações de marketing e engajamento nas redes sociais.

- O legado da COVID-19 é a digitalização, que é uma forma de tentar sobreviver a crise. Já vemos as estratégias de conteúdo em diversas áreas, mas a tendência é que, a partir de agora, passe a ser cobrada dos clubes brasileiros uma "digitalização" - e, em seguida, detalhou:

- Para convencer o patrocinador, não bastará oferecer uma omoplata ou outro espaço na camisa. A marca vai perguntar sobre os conteúdos no site oficial do clube. Caso ofereça só um banner, o candidato a patrocinador vai notar que os clubes estão parados no tempo. É isto que está acontecendo atualmente no futebol nacional: há um universo digital, mas com clubes geridos por pessoas com mentalidade das décadas de 1970, 1980... - completou.

O CEO da Sports Value apontou que este cenário já é visto no exterior.

- O marketing de conteúdo está em qualquer reunião de patrocinadores. Há a busca por tornar o Real Madrid, o Barcelona cada vez mais relevantes. Atualmente, o garoto escolhe entre o Cristiano Ronaldo e Marvel, por exemplo. Os clubes perceberam a necessidade de ofertar uma experiência de consumo - disse.

Amir destacou que a visão em torno do futebol também trouxe mudanças.

- O dia do jogo passa a ser como ir a um show, é uma experiência, independentemente do clube ganhar ou perder. Os times brasileiros perderam uma grande oportunidade neste período do novo coronavírus. Por que não abriram espaço em suas redes sociais para que fisioterapeutas sugerissem uma série de exercícios, não criaram algum tipo de engajamento mais forte ou até um seriado sobre um momento histórico? - declarou.

O consultor de gestão e marketing esportivo também vê na "digitalização" a possibilidade dos clubes expandirem ainda mais seu mercado. E cita a visão europeia para evitar o contraste.

- Há uma necessidade de romper fronteiras. O Barcelona sabe de sua importância local, só se fala catalão no Camp Nou, ela aborda temas polêmicos como a independência da Catalunha, mas ao colocar o John Malkovich para narrar seu documentário, mostra o desejo de internacionalizar sua marca. O Real Madrid também tem sua força local e se volta para o exterior da mesma forma, com pré-temporadas em outros países - afirmou.

Aos seus olhos, os clubes brasileiros deixam exemplos de como não conseguiram construir um legado para expandir suas respectivas marcas.

- O Corinthians foi disputar o Mundial de Clubes em uma "invasão" repleta de torcedores e o clube não construiu nada relevante em cima disso. Não é uma questão de conteúdo, é visão de negócio. O São Paulo é tricampeão mundial, ganhou três Brasileiros consecutivos e faturou R$ 21 milhões em patrocínios em 2019. Muito menos que o Manchester City, clube que nunca venceu a Liga dos Campeões e que até pouco tempo não tinha nenhuma projeção! - disse.

Amir Somoggi apontou que há ainda desafios que cercam as negociações dos clubes com potenciais patrocinadores.

- Muitas vezes, as marcas têm receio de ser associadas a um dirigente que seja exemplo de má gestão ou que fale um monte de besteiras. Um caso recente foi o desafio do papel higiênico entre jogadores,que aconteceu numa época na qual as pessoas estavam estocando papel. Porém, os patrocinadores gostam de valores positivos. É uma negociação delicada - declarou.

Segundo ele, há outros caminhos para serem negociados.

- Tão relevante quanto o patrocínio máster da camisa tem de ser um acordo bem feito que traga bons negócios. A companhia aérea oficial, por exemplo, ou outra marca que faça parte do cotidiano do clube - declarou. 

O consultor de gestão e marketing esportivo disse que o futebol brasileiro tem um longo caminho a percorrer.

- Temos de repensar o futebol. A CBF é responsável também nisto, assim como a Vivo, a Ambev, e demais patrocinadoras dela poderiam ser vetores de uma melhora no futebol brasileiro. Cabe às lideranças de cada clube, e nisto incluo até mesmo o Flamengo, que é referência em termos de gestão, ficarem cientes de que não é mais uma entidade pública, e sim que não pode mais parar no tempo - afirmou.

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