E(L!)eições 2018 – João Goulart Filho: ‘É hora de aumentar o papel do governo no esporte’
Candidato pelo PPL critica abandono das instalações da Rio-2016, e tem entre seus planos dar condições para que atletas se desenvolvam e tornar ida a eventos acessível ao público
Um governo que contribua no desenvolvimento do esporte é o desejo de João Goulart Filho. O candidato à presidência pelo PPL tem entre seus planos a reforma de estruturas deixadas como legado dos Jogos Olímpicos, o aumento do valor ao incentivo aos atletas e também a negociação com os clubes para que haja maior presença de público nos estádios.
Na sétima entrevista da série do LANCE! com os presidenciáveis, o escritor e crítico defendeu o aumento do papel do governo do esporte, dando condições mais dignas para sua prática desde as escolas até o alto rendimento.
Foram feitas dez perguntas por e-mail - iguais para todos os 13 presidenciáveis - a respeito de planos de desenvolvimento e futuro do esporte no país. As entrevistas será divulgadas em ordem alfabética. Nesta segunda-feira, o entrevistado será o candidato José Maria Eymael (DC).
LANCE!: Quais são os seus planos para desenvolver o esporte no Brasil, tanto de base quanto de alto rendimento?
João Goulart Filho: Acreditamos que o esporte de base deva estar diretamente ligado à educação. Por isto, defendemos o ensino em tempo integral, com escolas equipadas e preparadas para iniciar os nossos jovens na prática esportiva e preparar desde cedo nossos futuros atletas. Também vamos garantir que os equipamentos construídos para as Olimpíadas e a Copa do Mundo façam parte desse esforço para formação de atletas e estejam à disposição da população.
No que se relaciona ao esporte de alto rendimento, é papel do governo garantir o apoio, especialmente nos esportes que recebem menos da iniciativa privada. O objetivo é que nossos atletas tenham condições de treinar e competir aqui em nosso país, sem precisar buscar essa condição fora. Isso significa investir em centros de treinamento e garantir apoio financeiro para nossos atletas.
Hoje, os clubes cumprem um importante papel no apoio ao esporte de base e também no de alto rendimento e precisam ser reconhecidos por isso. Mas é hora de aumentar o papel do governo nessa frente. Isso vai se dar aumentando o apoio aos atletas e ajudando na formação dos jovens e com espaços e centros para o treinamento de nossos esportistas.
"Vamos conversar com os clubes e tentar condições para que preços do ingresso diminuam"
L!: A edição da Medida Provisória 846 assegurou aumento dos recursos das loterias para o esporte após uma grande mobilização do setor, insatisfeito com os cortes que a MP 841 causaria, devido ao plano do governo federal de priorizar a segurança pública. Se eleito, pretende mexer na distribuição dessas verbas destinadas ao esporte? Se sim, de que formas?
Hoje em dia, falta dinheiro tanto para o esporte quanto para outras áreas. Para nós, a função do governo não é decidir sobre qual área será priorizada enquanto para outra vai faltar dinheiro. O governo precisa garantir que os recursos sejam bem investidos e com um orçamento que melhore a vida dos brasileiros. Para garantir que não falte dinheiro para o esporte, nós devemos diminuir a taxa de juros para patamares internacionais. Só isso vai garantir mais R$ 100 bilhões para investimento público.
L!: Em tempos de recessão econômica, como é possível evitar que o país caia em um declínio esportivo? Pretende manter o padrão brasileiro atual de investimentos no esporte?
Com o aumento do investimento público, ampliação do mercado interno e distribuição de renda, nós vamos reverter a recessão econômica. Os governos do PT, PMDB e PSDB apostaram no corte de investimentos e, por isso, chegamos até essa crise. Para sair dela, nós vamos apostar no caminho contrário, melhorando a distribuição de renda e o investimento.
L!: A CBF esteve envolvida nos últimos anos em uma série de escândalos de gestão. Ex-dirigentes já foram banidos do futebol e até presos. Que avaliação faz da atual diretoria? O governo deve intervir na gestão do futebol e da entidade? Se sim, de que forma?
O governo deve dar à polícia e ao judiciário condições para investigar e punir os corruptos. Quando for comprovada a corrupção, os dirigentes envolvidos devem ser punidos pela lei. Porém, o papel principal do nosso governo vai ser de garantir a formação de base dos nossos atletas e a garantia de condições dignas para aqueles que praticam o esporte em nível profissional.
L!: O que acha da atuação do Ministério do Esporte? Pretende manter o investimento em planos de incentivo direto aos atletas, como o Bolsa Atleta?
O Bolsa Atleta hoje é a única renda para muitos esportistas. Por isso, em nosso governo será mantido. Mas é preciso melhorar o programa, e nós vamos fazer isso. Vamos ampliar o número de atletas atendidos por ele e, principalmente, aumentar o valor da bolsa. Hoje, o programa atinge menos de 6 mil atletas em todas suas categorias e paga muito pouco, especialmente para quem está começando sua carreira e ainda não atingiu nível olímpico. Vamos garantir que aqueles que defendem nossa bandeira na prática esportiva tenham condições de se manter e melhorar cada vez mais o seu desempenho.
L!: Em um eventual governo seu, o Ministério do Esporte ficará a cargo de uma pessoa com forte conhecimento sobre o assunto ou utilizada em barganha?
Não vamos praticar as mesmas atitudes de barganha e corrupção que nos levaram até aqui. Foram essas negociatas para garantir votos no Congresso e roubar dinheiro público que criaram casos como a Lava-Jato e outros escândalos. Vamos governar com as melhores pessoas, comprometidas com o Brasil e que tenham conhecimento sobre suas áreas.
L!: O governo federal é responsável pela gestão de boa parte das instalações utilizadas nos Jogos Rio-2016, por meio da Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO). Como pretende administrá-las e que medidas tomará para que a população e os atletas do país usufruam do legado do megaevento? A AGLO será mantida caso seja eleito?
Hoje, a maior parte das instalações utilizadas nos Jogos Olímpicos está abandonada, apenas dois anos depois do evento. Isso é um absurdo e mostra como nossos governantes abandonaram a população. Vamos olhar com muito carinho esse legado, reformar aquelas que ficaram abandonadas e abrir para o público.
"A maior parte das instalações olímpicas está abandonada. Vamos reformar este legado e reabri-lo"
Nessas instalações, vamos formar jovens no esporte e receber os atletas que precisam treinar e se especializar, garantindo os equipamentos e profissionais necessários para isso. Estes equipamentos também devem ser usados praa receber mais eventos de grande porte. Isto vai ajudar a manutenção e a sustentabilidade deles.
Para poder realizar estas ações, a AGLO será mantida. Porém, vamos reformular sua estrutura, para incluir maior participação dos atletas e da população em suas decisões.
L!: Quais são seus planos para evitar que o legado da Copa do Mundo de 2014 seja abandonado?
Os centros de treinamento precisam ser integrados às categorias de base e abertos para a formação dos futuros atletas. Precisamos ajudar nisso e juntar o esforço educacional com o esportivo.
Já os estádios precisam receber jogos e ter a casa cheia. Somente assim serão espaços com condições para se manter. Para isto, precisamos rever a política atual de altos preços dos ingressos.
Queremos discutir isso com os clubes para pensarmos uma alternativa. Por último, nós sabemos que existem hoje várias denúncias e provas sobre casos de corrupção e superfaturamento na construção dos estádios. Isto deve ser investigado e nos estádios construídos com verba pública a união deve ser ressarcida.
"Vamos aumentar o número de atendidos pelo Bolsa Atleta e aumentar o valor do incentivo"
L!: O governo brasileiro vem "socorrendo" clubes financeiramente em medidas como o Profut. O que acha do programa? O seu governo dará suporte aos clubes do pais? De que formas?
Não achamos correto que o governo use dinheiro público para socorrer os clubes, principalmente através do perdão de impostos. No entanto, achamos que é necessário pensar uma forma sustentável dos clubes se manterem.
Para nós, isso passa por aumentar o público dos estádios, o que só é possível com ingressos mais baixos e tendo um planejamento que consiga manter nossos craques aqui. Vamos chamar os clubes para conversar sobre isso e criar ações para dar ao nosso futebol essa condição.
L!: A partir de 2019, clubes que não tiverem um plantel de futebol feminino não poderão disputar a Libertadores. Acha que essa medida é um incentivo eficaz para o desenvolvimento da modalidade no país? Em um eventual governo seu, os esportes olímpicos e o futebol feminino terão alguma atenção?
Não tenha dúvida de que incentivos como esses são muito importantes para fortalecer o futebol feminino. Temos a melhor jogadora do mundo e muitas outras excelentes jogadoras. Nós vamos incentivar o futebol feminino desde as categorias de base e vamos buscar as condições para fortalecer um campeonato nacional de alto nível.
Isso deve ser feito em todas as categorias do esporte feminino, na última Olimpíada quase metade da delegação brasileira era composta por mulheres. Estas atletas receberam durante toda sua vida menos investimento e apoio. Nós vamos mudar isso e garantir investimento e condições iguais para homens e mulheres na prática esportiva.
QUEM É
Nome completo: João Vicente Fontella Goulart
Nascimento: 22/11/1956 - Rio de Janeiro (RJ)
Vice: Léo da Silva Alves (PPL)
Partido: Partido Pátria Livre (PPL)
Ocupação declarada: Escritor e crítico
Bens declarados: R$ 8.591.035,79
NO ESPORTE
Time de coração: Internacional
Ídolo: João Goulart (o ex-presidente da República atuou como zagueiro no juvenil do Internacional)