Em maioria, dirigentes do Forte Futebol sobem o tom contra Libra às vésperas de reunião
Presidentes de alguns dos 23 integrantes de grupo contrário às condições definidas pela Liga explicaram pontos que querem ver revistos para aderirem a movimento
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Prestes a se reunirem na próxima segunda-feira (16), no Rio de Janeiro (RJ), os 23 presidentes dos clubes das séries A e B que integram o grupo Forte Futebol decidiram elevar o tom nas críticas à Libra (Liga Brasileira de Clubes), por enquanto formada pelos cinco paulistas que disputam a elite do Campeonato Brasileiro, Flamengo, Vasco, Cruzeiro e Ponte Preta.
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Em diversas entrevistas concedidas nesta sexta-feira (13), dirigentes do pelotão formado inicialmente pelos emergentes da primeira divisão nacional, mas que ganhou o reforço do Fluminense e de 12 equipes da Segundona, foram diretos em suas explicações sobre os motivos que os fazem, por hora, não assinarem a filiação.
- Só existe liga com os 40 presentes. Não existe liga nem só com 20 - disse Marcus Salum, coordenador do América-MG, em entrevista ao site Superesportes.
Segundo ele, a ideia de formação do bloco surgiu com a introdução da Lei do Mandante, ainda no ano passado.
- Tinha que ter um grupo alternativo organizado, porque a Lei do Mandante nos protege hoje. Hoje, se eu juntar um grupo de 12, 10 clubes, eu tenho dez jogos de todos os times do Brasil. Tenho dez jogos do Atlético, dez jogos do Corinthians, dez jogos do Palmeiras. Entendeu? Então, a força de um grupo começou com a Lei do Mandante. Nós percebemos isso e começamos a nos organizar, mas sem nenhum teor de confronto.
Salum revelou que o encontro de segunda definirá os porta-vozes do Forte Futebol para as negociações com a Libra. Ele admite que a força do grupo está no número de clubes que o integra.
- Se a Liga for organizada, ela tem que ser organizada em prol do futebol brasileiro, e não só em prol dos clubes. A reflexão tem que ser: ou nós olhamos para o futebol brasileiro ou vamos ficar sempre reféns de um poder maior que não tem competência de nos representar. e pegar a formação da LIBRA, ela só vai se realizar se fizer 12 clubes (hoje, tem nove). Se nós temos esse tanto de clube (23 + cinco neutros atualmente), como é que ela vai chegar a 12 clubes? Não tem como fazer. Mas não queremos isso, nós somos parceiros, temos negócios com esses clubes.
Ao portal Feras do Esporte, o presidente do Goiás, Paulo Rogério Pinheiro, também manteve o tom contestador contra os 'ricos' da Libra.
- Os 40 clubes estão com a faca e o queijo na mão para tirar o Brasil do ostracismo e do abismo financeiro que estamos hoje em relação ao resto do mundo. No entanto, infelizmente, no futebol brasileiro, as pessoas olham somente para o próprio umbigo. Estou muito pessimista para a criação da liga. Acredito que, se não houver unanimidade, não haverá liga. Infelizmente, os dirigentes brasileiros pensam somente no próprio umbigo deles. Eles não querem ganhar o campeonato por mérito, mas, sim, por tirar vantagem do adversário de alguma forma.
- Reconhecemos a grandeza do Corinthians, do Flamengo... Quanto à Liga, queremos apenas copiar o que tem dado certo ao redor do mundo. Assim, é inadmissível clubes da Série A terem uma receita 11 vezes menor do que as receitas de Corinthians e Flamengo, por exemplo. A saber, tendo a liga, com uma receita justa, com o Goiás recebendo anualmente entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões, nosso clube poderia contratar qualquer jogador no mundo - completou o mandatário do Esmeraldino.
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Conforme o LANCE! apurou, o Forte Futebol deverá bater o pé com os integrantes da Libra sobre o modelo que consideram ideal para a divisão de receitas.
O estatuto da Liga assinado pelos paulistas e o Flamengo prevê que 40% da receita seja dividida igualmente entre todos os participantes da competição, 30% de acordo com performance e outros 30% por engajamento. Esse último item é definido por critérios como média de público no estádio, base de assinantes de pay-per-view, número de seguidores e engajamento em redes sociais, audiência na televisão aberta e tamanho da torcida.
O Forte Futebol é contra alguns desses critérios de engajamento. E quer que seja reproduzida a divisão adotada na Premier League, da Inglaterra: 50% igualmente, 25% por performance e 25% da receita nos critérios de engajamento, que poderia ser rediscutida adiante.
O objetivo do Forte Futebol é reduzir a distância de receitas entre o último colocado e o campeão em no máximo 3,5 vezes. Pelo estatuto da Libra, essa diferença pode chegar a seis vezes.
Há discordância também em relação à Série B. No estatuto dos fundadores, há cláusulas que repassam de 15% a 20% do total arrecadado para a competição, isso em caso de queda de grandes. Os clubes da segunda divisão, contudo, querem 25% do bolo e parte do total ganho com direitos de TV.
- O que a gente tem visto é o seguinte: com a proposta deles, o rico continua mais rico. Eles fazem uma proposta que já existe hoje. Não falam no aporte do investidor na Liga. Isso terá de ser discutido depois se vier o investidor. Ainda não há o investidor. Lá na frente, não sabemos quanto o investidor trará. O que está em discussão agora, é que apresentaram um modelo de divisões de receita de TV futuro que já existe hoje e já criou um abismo financeiro gigante entre os clubes - disse o presidente do Fluminense, Mario Bittencourt, ao Sportv.
- O grupo (Libra) fez um modelo e constituição de uma liga por uma empresa contratada por eles. Essa mesma empresa, a Codajas, trouxe possibilidade de trazer um investidor ao Brasil. Todos, inclusive o Fluminense, assinaram a carta para trazer o investidor. Não se falava em divisão de cotas, nada, só em trazer um investidor estrangeiro. A carta de exclusividade expirou no fim do ano, o investidor não chegou. Depois, os clubes falaram sobre a possibilidade de seguir. Nada contra a empresa. Agora, em 2022, as discussões aceleraram sobre a questão da montagem da liga. Esse grupo entendeu ter a assessoria da empresa para montar um projeto de liga. O anexo coloca esse grupo maior em quantidade de clubes (do qual o Fluminense faz parte) que discorda. É uma discussão técnica. Um grupo quer que seja mais justo de divisão, que critérios devem ser diferentes. Gostaríamos de discutir esses critérios antes de criar liga. Eles entenderam diferente, assinaram um documento. Mas não existe liga assim, com nove. Tem que ter os 40. Esse grupo de cá está trabalhando tecnicamente para montar uma proposta que considera mais justa - completou o mandatário do Tricolor carioca.
- O que eles colocam como engajamento, nós discutimos algumas coisas. Falam em redes sociais. As próprias pesquisas de torcida. Às vezes tem torcidas que têm seis, sete vezes o tamanho da do Fluminense em tamanho, mas que não vendem isso a mais de camisas e não colocam isso a mais em estádios. Só queremos que nossa proposta também seja ouvida. Estamos discutindo tecnicamente para que haja discussão. Os clubes têm de debater. Esse 30% tem cinco critérios de engajamento que eles pré-definiram e nós (os outros clubes) discordamos de pelo menos dois. Discutimos que seja 50% igualitário e que sentemos à mesa para discutir a questão do engajamento. E se fala em seguir o modelo de futebol europeu. Por que não permitir igual ao modelo europeu que o clube que mais ganha não receba mais que 3,5 vezes a mais que o último? Vamos estudar uma divisão com proposta mais sólida para ser discutida - finalizou Bittencourt.
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