Era ‘apenas’ um jogo, mas virou história: Batalha dos Aflitos completa 10 anos nesta quinta
Grêmio suportou pressão adversária, inferioridade numérica em campo e confirmou seu retorno à Série A do Campeonato Brasileiro em duelo épico diante do Naútico em Recife
Era para ter sido um jogo, apenas mais um da Série B do Campeonato Brasileiro de 2005. Jogo que deveria marcar o retorno do Grêmio à elite do futebol. Mas tal jogo ficaria eternizado como uma Batalha: a "Batalha dos Aflitos". Exatos dez anos atrás, o Grêmio, mesmo após quatro expulsões, venceria o Náutico, por 1 a 0, e confirmaria o título da Segundona em um jogo repleto de confusões, expulsões e pênaltis perdidos. Jogo que entrou para a história gremista.
O Grêmio iniciou a temporada seguinte ao rebaixamento tendo com Paulo Odone como presidente, com apenas sete jogadores no plantel, repleto de dívidas e com muita dificuldade para formar o grupo que teria a missão de devolver o clube à Série A do ano seguinte. Dois ex-atletas campeões do mundo pelo Tricolor em 1983, diante do Hamburgo, foram contratados: Mário Sérgio para ser o diretor de futebol, e Hugo De León, capitão da conquista em Tóquio, para ser o técnico.
O desempenho no Gauchão mostrou que a temporada seria de dificuldades: eliminação para o Caxias na semifinal. Caxias comandado por Mano Menezes. Hugo De León perderia o emprego após a derrota, por 3 a 0 para o Fluminense, no jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil. Mano Menezes, apenas dois dias antes da estreia tricolor na Série B, foi contratado.
A campanha do Grêmio na primeira fase da Série B foi oscilante, com o time se classificando com a quarta melhor campanha. O desempenho na segunda fase foi superior, com a classificação sendo assegurada com uma rodada de antecedência. Eis que veio o quadrangular final, tendo Náutico, Portuguesa e Santa Cruz como adversário.
Único invicto, o Grêmio chegou à rodada decisiva, diante do Náutico e nos Aflitos, podendo até ser derrotado para assegurar o acesso caso a Portuguesa derrotasse, no Arruda, o Santa Cruz. O Tricolor encontraria um ambiente hostil nos Aflitos, mas também precisaria se superar para não ser derrotado e depender da Lusa.
O Náutico foi pura pressão desde o início do jogo. Pressão que resultaria em pênalti, aos 32 minutos do primeiro tempo. Pênalti que Bruno Carvalho perderia. Veio a etapa final, ainda com o zero no placar. Resultado que interessava ao Grêmio, mas mantinha o Timbu na Série B. Logo no início da etapa final, o lateral-esquerdo gremista Escalona foi expulso. Minutos depois, a bola que iria em direção ao gol de Galatto ficou nas mãos do volante Nunes. Novo pênalti para o Náutico, revolta gremista, árbitro Djalma Beltrami no chão após ser derrubado. Nunes e Patrício, os responsáveis pela agressão, são expulsos. A Polícia Militar precisou ganhar o gramado para evitar algo pior entre os jogadores.
Antes de o pênalti ser cobrado, o zagueiro Domingos foi expulso ao tentar retardar a cobrança do pênalti. O Grêmio ficou com apenas seis jogadores na linha e o goleiro Galatto. Galatto que faria história. Foram 25 minutos de paralisação. Coube a Ademar cobrar o pênalti que deixaria o Náutico muito próximo do acesso e o Grêmio próximo da permanência na Série B, já que o Santa Cruz fazia a sua parte. Quis o destino que Galatto defendesse o pênalti.
O Grêmio partia para a missão de suportar a pressão rival com quatro a menos em campo. Pressão que seria resistida. E o valente Grêmio ainda venceria o jogo, logo após Batata, do Náutico, ser expulso. Anderson, então com 17 anos e apontado como grande revelação do clube, se livrou da marcação adversária e marcou um gol histórico. Gol que só ampliou o feito tricolor naquele 26 de novembro de 2005.
FICHA TÉCNICA
NÁUTICO 0 X 1 GRÊMIO
Local: Aflitos, Recife (PE)
Data: 25/11/2005
Árbitro: Djalma José Beltrami (RJ)
Cartões amarelos: Bruno Carvalho, Miltinho, Batata, Paulo Matos e Tozo (NAU); Domingos, Pereira, Lipatin e Escalona (GRE)
Cartões vermelhos: Batata (NAU); Escalona, Patrício, Nunes e Domingos (GRE)
Gol: Anderson, 61'/2ºT (0-1).
NÁUTICO: Rodolpho, Bruno Carvalho (Miltinho), Batata, Tuca e
Ademar; Tozo (Betinho), Cleisson, Danilo e David (Romualdo) – Técnico: Roberto Cavalo.
GRÊMIO: Galatto, Patrício, Domingos, Pereira e Escalona; Nunes,
Sandro Goiano, Marcelo Costa e Marcel (Anderson); Lipatin
(Marcelo Oliveira) e Ricardinho (Lucas) – Técnico: Mano Menezes.
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