Quase centenário, Central ‘renasce’, vai a final inédita e pode quebrar hegemonia de trio pernambucano
Após enfrentar dívidas, clube chega à decisão estadual pela primeira vez tentando ser primeiro do interior a levantar taça e encerrar sequência dos três grandes
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O tradicional Central de Caruaru fará cem anos em 2019 (foi fundado em 15 de junho de 1919) e está pela primeira vez na final do Campeonato Pernambucano. No próximo domingo, a equipe do Agreste do estado inicia a decisão contra o Náutico podendo quebrar uma hegemonia de incríveis 73 anos do trio Timbu, Sport e Santa Cruz, que se reveza no topo desde 1945 - em 44, o América, de Recife, levou o título. De quebra, tenta se o primeiro time do interior a sagrar-se campeão.
O sonho de levar o Central ao maior feito de sua histórica vem após anos difíceis, com dívidas e reestruturação. Às vésperas do jogo de ida, domingo no Estádio Lacerdão, a força de Caruaru surge como um trunfo para o embate:
- A cidade está em êxtase. Todo mundo já está feliz com o ressurgimento que todos conseguiram para o clube. Mas o Mauro (Fernandes, técnico) vem alertando a gente para ter pés no chão, de que não ganhamos nada ainda - afirma Leandro Costa, artilheiro da equipe no Estadual com seis gols, ao LANCE!.
A cautela reflete a certeza de que a Patativa teve de driblar adversidades dentro e fora de campo até chegar à final do Pernambucano de 2018.
SANEAMENTO DE DÍVIDAS
Antes de chegar à decisão com o Náutico, o Central teve o desafio de superar duas temporadas de gestões malsucedidas. O clube lidou com boicote de jogadores por atrasos salariais e, em 2017, foi alvo de uma grave acusação: um atleta afirmou que o elenco não recebeu alimentação e água antes de uma partida.
No entanto, o panorama mudou. Mandatário do clube desde setembro de 2017, Clóvis Lucena conta como reestruturou o Central:
- Assumimos o clube com um déficit muito grande. Em seis meses, fizemos acordos de dívidas trabalhistas, sanamos nossas dívidas, montamos um time competitivo e agora estamos prestes a buscar um sonho. Nos 99 anos de fundação, vamos brigar pelo título, para chegar ao centenário com um presente para a torcida.
O número de sócios também saltou de 31 para 700, segundo o dirigente. O Central ainda foi ousado quanto à fabricação de seu material esportivo: após romper com a antiga fornecedora, decidiu criar a Patativa, que vem rendendo.
Para formar o elenco, a confiança foi depositada em Mauro Fernandes. O treinador, que tem títulos estaduais por vários clubes do Nordeste e passagens por outros tradicionais, como Portuguesa e Botafogo, ainda contou com forte investimento da diretoria:
- A gente acreditou muito no trabalho dele (Mauro Fernandes). Com a ajuda do gerente Adriano Coelho, investimos muito, e fizemos um grupo muito unido.
PEDIDO DE CAUTELA DIANTE DO NÁUTICO
O desejo de ver o Central no topo do Campeonato Pernambucano contagia até quem está acostumado a decisões. Prestes a disputar sua terceira final do Pernambucano (já foi campeão em 1998 com o Sport, e vice em 1995 pelo Náutico), Mauro Fernandes afirma que esta decisão tem um "gostinho especial":
- Uma final assim é marcante para mim. O Central é um clube que vai fazer cem anos no ano que vem. E, pela primeira vez na sua história, tem chances de ser campeão estadual. É uma responsabilidade.
O treinador exigiu que a Patativa não se deixe levar pela ansiedade nos dois jogos diante do Náutico:
- A gente sabe que é um momento muito difícil, um momento especial do qual temos de tirar proveito. Mas, mesmo sabendo da euforia e da importância para o torcedor, estamos cientes que não ganhamos nada. O Náutico fez uma campanha bem parelha com a gente, vem de um jejum grande e é muito forte.
O atacante Leandro Costa também recomendou cuidado com o Timbu:
- O Náutico é um time aguerrido, vem de 14 anos de jejum no Pernambucano. Sem dúvida, vai dar a vida dentro de campo. A gente vai ter de dar nosso melhor para vencer.
CAMINHADA PARA O TÍTULO GERA MOBILIZAÇÃO EM CARUARU
O presidente do Central, Clóvis Lucena, destacou que o apoio está forte em Caruaru. De acordo com o mandatário, os presentes no Estádio Lacerdão neste domingo refletirão o sonho de uma cidade:
- Caruaru inteiro está apoiando a gente. Para uma cidade em torno de 350 mil habitantes (segundo dados do IBGE de 2017, a população estimada é de 356.128 pessoas), ter um representante na briga pelo título gera muita expectativa e muito orgulho.
A euforia da cidade do Agreste pernambucano (localizada a 135km de Recife) também chamou a atenção de Mauro Fernandes. O técnico destacou:
- A cidade está uma alegria só. O povo de Caruaru já é de admirar por toda sua cultura, mas a gente vê os habitantes muito felizes, gratificados pelo nosso trabalho. A gente espera colher os frutos que plantou desde o início do Pernambucano.
Leandro Costa ainda apontou outro fator que mobiliza o elenco:
- A gente sonha em deixar o nome na história, ainda mais de um clube que é quase centenário como o Central.
Diante da sua primeira final (quando a equipe foi vice em 2007, a competição foi disputada nos pontos corridos), o Central de Caruaru garante:
- Agora é o momento da Patativa voar brilhante no céu! - disse Clóvis Lucena.
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