Histórica? Ex-atletas de Flamengo e Fluminense lembram Carioca de 1991 e projetam atual final da competição
Destaque do Rubro-Negro na decisão daquele ano pede mais raça ao time de Vítor Pereira. Ex-lateral do Tricolor das Laranjeiras vê equipe de Fernando Diniz em bom momento
Não faltam histórias memoráveis de clássicos entre Flamengo e Fluminense em decisões de Campeonato Carioca. Às vésperas desta edição da competição abrir caminho para um tira-teima histórico, ex-jogadores do Rubro-Negro e do Tricolor das Laranjeiras resgatam ao LANCE! momentos que honram a mística e os desafios que cercam o Fla-Flu.
Nesta sexta-feira (31), entra em campo a magia em torno da decisão do Campeonato Carioca de 1991, vencida pelos rubro-negros por 4 a 2.
CAMINHADAS ATÉ A DECISÃO
A dedicação marcou o Fluminense na sua luta para encerrar um jejum no Carioca que durava desde 1985. Coube a Bobô ser a referência de um Tricolor das Laranjeiras que contava com o poderio ofensivo de Ézio e que, com um elenco bem montado por Edinho, trazendo nomes como Ricardo Pinto, Pires, Carlinhos Itaberá, Marcelo Barreto, Renato, Dago e Ribamar, se aprumou até conquistar a Taça Guanabara.
- Os clássicos entre Fluminense e Flamengo são sempre muito disputados, muito desafiadores, independentemente do momento no qual cada equipe esteja ao entrar em campo - disse ao L! o ex-lateral-direito tricolor Carlinhos Itaberá.
Após um início instável na competição, o Flamengo deslanchou na Taça Rio e travou uma disputa acirrada pela primeira colocação com o Botafogo. No jogo extra para definir quem iria à decisão, Gaúcho, de cabeça, marcou o gol da vitória por 1 a 0, resultado que deu o troféu aos rubro-negros. A equipe de Carlinhos via no veterano Júnior o nome principal de um elenco que tinha desde atletas rodados como Charles Guerreiro, Uidemar e Gaúcho, aos jovens Júnior Baiano, Marcelinho e Paulo Nunes.
- Disputar um Fla-Flu, com toda a tradição que cerca este clássico, é sempre emocionante - garantiu o ex-meio-campista rubro-negro Uidemar.
O equilíbrio tomou conta da decisão do Estadual. No jogo de ida, Ézio colocou o Fluminense na frente. Porém, o Flamengo logo reagiu: Paulo Nunes definiu o empate em 1 a 1 e manteve a disputa do título em aberto. Os rubro-negros venceram por 4 a 2 o jogo decisivo, com gols de Uidemar, Zinho, Gaúcho e Júnior, enquanto Ézio marcou os dois gols tricolores.
'ESTÁVAMOS ILUMINADOS NAQUELA NOITE', DIZ RUBRO-NEGRO UIDEMAR
UIDEMAR
Meio-campista do Flamengo no Carioca de 1991
LANCE!: O que foi essencial para o Flamengo manter o fôlego na partida e garantir a vitória por 4 a 2 sobre o Fluminense na decisão?
Sabíamos que o Flamengo era superior na partida e estávamos jogando bem quando sofremos o gol do Ézio no primeiro tempo. Sabíamos que éramos superiores ao time do Fluminense e que, a qualquer momento, conseguiríamos a virada. Na verdade, o time estava muito confiante e comprovou que podia vencer.
L!: E você iniciou o caminho para esta virada rubro-negra...
Naquele jogo, consegui fazer o gol de empate e dei passes para dois gols. É sempre bom fazer isso em um grande clássico. Mas todos nós estávamos iluminados. Conseguimos uma grande atuação em um jogo de seis gols. Foi uma noite para a história em uma apresentação brilhante nossa.
L!: Acredita que a mescla do elenco foi importante para o Flamengo se tornar campeão?
Sim. A gente tinha uma das gerações mais marcantes do Flamengo. Vinha uma garotada com Piá, Marcelinho, Júnior Baiano, mas tínhamos também jogadores como o Gaúcho... O Gilmar, que vinha com toda a experiência do São Paulo e nos trouxe muitos ensinamentos, o Zinho, um cara de chute muito forte, o Charles...
L!: Qual era a relevância de ter como companheiro de time um ídolo do Flamengo como o Júnior?
O que mais impressiona no Júnior é a humildade dele. Desde o início, sempre foi muito receptivo comigo e com todos. Por mais que tivesse sua história no Flamengo até aquele momento, sempre foi um cara que chegou para nos ajudar na luta pelo título e foi fundamental para nós. Até hoje é muito querido por todos.
L!: O quanto ter o Carlinhos como técnico ajudou vocês nessa rota do título?
Em muita coisa. Carlinhos sempre foi um cara muito amigo, contribuiu para que a gente ficasse bastante unidos até o final.
'MINHA EXPULSÃO NOS COMPLICOU', RECORDA TRICOLOR CARLINHOS ITABERÁ
CARLINHOS ITABERÁ
Lateral-direito do Fluminense em 1991
LANCE!: Como foi a vivência de fazer parte da equipe que disputou o Carioca de 1991?
Tínhamos um time bem ajeitado, com o Bobô, Ézio, além de jogadores como o Renato, Pires, Marcelo Barreto, Ribamar... Aos poucos, fomos nos consolidando e conseguimos chegar à final depois de conquistarmos a Taça Guanabara.
L!: Você teve como treinador o Edinho. O quanto foi importante para sua carreira?
Foi maravilhoso. Lembro dele me ajudando a aprimorar cruzamentos e como ensaiava muito as jogadas...
L!: Vocês foram para a final do Carioca com o Flamengo. Quais são as lembranças em torno desta decisão?
Jogar com o Flamengo sempre foi uma dificuldade grande. Envolve muita coisa. Tínhamos empatado em 1 a 1 na ida da decisão. Aí a gente foi com tudo para a segunda partida...
L!: Você recebeu o vermelho durante o jogo. Como foi o lance que culminou na sua expulsão?
Tinha recebido amarelo no primeiro tempo, por uma falta no Nélio. Veio o segundo tempo, teve um lance no qual o Júnior tentou um drible para o meio e eu estiquei a perna... Recebi o segundo amarelo e, infelizmente, a expulsão nos complicou.
L!: Naquela altura, o Fluminense ainda tinha perdido o Bobô...
Sim, ele se machucou num lance de jogo. Logo depois, o Pires também foi expulso. Aí ficou complicado de vez. O Flamengo tinha um time muito bom, com jogadores de qualidade... Tentamos reagir, mas era tarde.
O QUE ESPERAR DA DECISÃO DESTE ANO?
A expectativa por mais uma decisão do Campeonato Carioca ronda os ex-jogadores da dupla Fla-Flu. Campeão da Copa do Brasil, do Estadual e do Brasileiro pelo Rubro-Negro, Uidemar exige que o atual elenco rubro-negro recorra a um velho companheiro da equipe.
- O Flamengo teve algumas dificuldades neste início com o Vítor Pereira, mas é um time muito forte. Acredito que a partida será muito equilibrada e venho reparando que o Fluminense tem colocado muita alma em campo, como o Fernando Diniz tem feito isso no time tricolor. Se o Flamengo colocar sua mística, a sua raça em campo, tem condições de lutar com tudo - e destacou:
- O Flamengo é um time muito técnico. Mas falta demonstrar mais raça, vontade de ganhar, de partir para cima. Mostrar que quer ganhar todas as divididas, pois aí a torcida vai junto com eles - completou o atual treinador de futebol.
Carlinhos Itaberá exalta o trabalho do técnico Fernando Diniz no Fluminense. Porém, deixa um alerta.
- Trata-se de um clássico, que vai ser decidido em detalhes. O Fluminense está com um trabalho muito bem feito pelo Fernando Diniz. Desde a época na qual ele ainda era jogador, se mostrava um cara que jogava para o grupo e era muito veloz. Suas ideias vêm rendendo, mas ele precisa ficar atento a um adversário muito forte como o Flamengo - disse.
