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Conheça a primeira mulher a narrar jogo da Liga dos Campeões: ‘Não foi só por mim, foi por cada uma delas’

Vivi Falconi, vencedora de um concurso realizado pelo Esporte Interativo em parceria com Lay's, ganhou a chance de narrar Real Madrid e Bayern de Munique no Santiago Bernabéu

Vivi Falconi - Narradora Lay's
imagem cameraVivi Falconi venceu um concurso e narrou Real Madrid x Bayern de Munique no Santiago Bernabéu (Foto: Divulgação)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 05/05/2018
20:02
Atualizado em 06/05/2018
20:05

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Se aquela famosa e preconceituosa expressão "futebol é coisa de menino" já está em desuso e é cada vez menos aceita, podemos nos preparar para aposentar também a ideia de que narração esportiva é coisa para homem. Na última semana, uma brasileira fez história ao ser a primeira a narrar uma partida de Liga dos Campeões da Europa. Trata-se de Vivi Falconi, vencedora de um programa que nasceu de parceria entre o Esporte Interativo e Lay's, que esteve no Santiago Bernabéu para transmitir as emoções do segundo jogo da semifinal entre Real Madrid e Bayern de Munique - 2 a 2 que classificou os madridistas à final.

- Quando eu entrei no Santiago Bernabéu, entendi que não estava apenas realizando um sonho meu, mas o sonho de milhares de mulheres, que estavam contando com a minha narração para que esse caminho e essa porta continuem abertas. Então, minha ficha da representatividade caiu apenas na terça-feira, quando eu entrei no estádio. Ali eu falei “vou ter que fazer bem feito por cada uma delas” - declarou Vivi, em entrevista ao LANCE!

Colocar uma mulher para narrar um jogo de tamanha importância não é uma tarefa simples, principalmente por se tratar de um meio predominantemente masculino, ainda conservador e preconceituoso. Além de quebrar uma barreira, a ação de Lay's com o Esporte Interativo foi também um marco na luta pela igualdade de gêneros no esporte.

- Essas barreiras que a gente sabe que existem fazem parte da necessidade desse projeto acontecer, a gente acredita como marca que as emoções vêm em forma de voz no futebol, e elas não têm definição de gênero, elas são emoções, tanto para homem quanto para mulher. Quando a gente vê todo o terreno que existia, a gente vê que o nosso papel é muito mais de prover essa emoção em todos os gêneros, em todas as formas possíveis, e também de quebrar um pouco esse paradigma - explica Ana Carolina Teixeira, diretora de marketing de Lay's.

Apaixonada por esportes, principalmente por futebol, a trajetória de Vivi Falconi até chegar ao programa não foi fácil. Por algum tempo, ela teve de abrir mão de seus desejos profissionais no meio esportivo para poder sobreviver e investir na carreira que tanto desejou. Como sempre, porém, o destino tratou de corrigir as rotas e proporcionou o momento épico na vida da mais nova narradora do mercado.

- Antes do programa, eu nunca tinha narrado, porque durante um tempo eu tive que ficar afastada do esporte, por questão de trabalho. Trabalhei com outras coisas, e não conseguia praticar muito. Eu fiquei muito surpresa, porque foi algo que eu fiz na brincadeira, não pensava que daria certo, achava que não tinha talento, mas acabou dando tão certo que eu cheguei até a final e acabei ganhando o programa. Foi algo totalmente despretensioso, que eu nunca tinha imaginado fazer na vida, mas que o programa me ajudou a descobrir - comentou a vencedora.

Para se inscrever no programa era necessário enviar um vídeo contendo uma narração esportiva e aguardar a escolha dos avaliadores para participar entre as finalistas de uma espécie de competição que reuniu mulheres interessadas em quebrar barreiras e colocar emoção em uma função antes inimaginável para o gênero feminino. Para Ana Carolina, diretora de marketing da Lay's, o concurso pode ser o início de uma nova era na narração esportiva do país.

- A gente viu que havia uma carência muito grande de um toque feminino nesse ambiente, foi daí que veio a ideia de fazer essa parceria com o Esporte Interativo.  E a gente ficou muito feliz com o resultado, porque a gente recebeu diversas meninas que mandaram seus vídeos. As seis que ficaram entre as finalistas são muito talentosas, ganharam uma visibilidade enorme, como a Vivi, que foi a vitoriosa e a gente ficou muito feliz, mas as outras ganharam uma visibilidade suficiente para projetar a carreira delas, que poderá trazer mais mulheres para a narração do esporte no Brasil, principalmente do futebol - comemorou.

O impacto da presença de uma mulher no meio de tantos homens não poderia passar despercebido durante a partida da última terça-feira. Não foram poucos os jornalistas estrangeiros que se mostraram surpresos com a brasileira narrando uma partida daquele tamanho em um dos estádios mais importantes do mundo.

- A gente chega cedo no estádio, e teve uma hora que eu reparei, principalmente na hora que eu entrei ao vivo com o Mauro Beting, alguns caras que iriam fazer transmissão ficaram olhando, porque eu acho que que eles se perguntavam “Será que ela vai comentar? Será que é ela que vai narrar?” Na hora da narração também, quando eu narrei os gols, alguns olhavam para trás com aquele olhar de “Nossa, é ela que está narrando”, e você ser a única mulher no meio daquilo tudo você fica “Meu Deus do céu, o que eu estou fazendo aqui?” Aí eu que eu te falo que por isso a ficha cai, fui a primeira naquele lugar, muita gente que queria estar ali, mesmo homens que nunca estiveram, e eu tive essa honra, então é muito legal você olhar para o lado e ver homens de todos os lugares do mundo e você, uma mulher, com a sua voz, narrando um jogo de tamanha importância, então só posso ser grata por tudo isso - afirmou Vivi.

Mas como nem tudo são flores, houve quem conseguisse fazer picuinha em meio a um acontecimento dessa magnitude. Isso porque o Esporte Interativo transmitiu a partida com narração de Vivi Falconi em seu segundo canal, deixando o primeiro sob o comando de André Henning, narrador titular da emissora. Essa estrutura trouxe algumas reclamações sobre um possível menosprezo ao trabalho de uma mulher, no entanto não foi o sentimento que a narradora teve.

- Eu não me senti incomodada porque, mesmo sendo no dois, tem uma baita audiência e de qualquer forma a gente já está fazendo história, ir do dois para o um é só um passo, e eu acho que a gente tinha que começar de alguma forma, o Esporte Interativo permitiu que a gente começasse de alguma forma, o que muitos nem permitem. Para mim, pelo menos, eu fiquei feliz do mesmo jeito, pelo feedback que eu estou tendo, pela receptividade das pessoas, foi muito legal, muita gente assistiu, e a mim não incomodou - avaliou Vivi Falconi.

Por parte de Lay's também não houve qualquer tipo de insatisfação. O combinado era esse desde o início da criação do programa. Para Ana Carolina, isso não afetou o impacto da ação.

- Já estava combinado desde o começo. O canal um do Esporte Interativo já tem vários patrocinadores comprometidos, o próprio público deles já está acostumado a escutar o André Henning, então fazia todo sentido que ela narrasse no Esporte Interativo dois. Isso de forma alguma diminui o impacto de ter a primeira mulher narrando um jogo de Liga dos Campões no estádio e isso é bem maior do que ser veiculado no um ou no dois. Claro que as críticas sempre vão existir, mas acho que elas não estão conseguindo entender a relevância dessa história - explicou a responsável pelo marketing da empresa de batata frita.

A importância de todo esse processo é tão grande que a emissora tem planos para continuar com Vivi Falconi em sua grade de programação e também pensa em projetos para outras meninas que se destacaram no programa. Além disso, Lay's já conversa para manter a parceria e desenvolver uma possível segunda edição do concurso. Novos tempos, novas ideias, enquanto gastamos tempo com detalhes, perdemos a história passando diante de nossos olhos.

Confira a entrevista completa com Vivi Falconi:

Qual era a sua relação com a narração esportiva antes do programa?
Eu cursei Rádio e TV, mas nunca havia narrado. Eu cheguei a ter uma WebRádio, então sempre gostei muito dessa área de locução, comunicação, só que narrar nunca tinha feito e nunca havia pensado nisso. A única vez que eu narrei foi para um concurso no Facebook, que era para pegar um trecho de um jogo de futebol feminino, de no máximo um minuto, e narrar aquele lance e fiz o vídeo para participar. O engraçado foi que eu fiz o vídeo e no dia eu estava muito ruim da sinusite, estava com o nariz muito congestionado, mas eu peguei e decidi participar com um trecho bem pequeno de um gol olímpico da Maurine no Pan de 2015. A repercussão do vídeo foi bem legal, o pessoal comentando que tinha ficado bom, mas deixei para lá, só participei, não ganhei.

O que você acha que foi o diferencial para vencer o programa?
Eu procurava me divertir, então eu estava imersa naquela imagem para colocar emoção, o que eu sentia, aquele esporte que tinha uma história de superação de um atleta, o que era aquele momento, então eu procurava colocar essas coisas, não só a técnica, mas a técnica com essa emoção, com o significado daquela partida, conseguir cadenciar as coisas, o tom de voz, a hora que sobe essa emoção, então isso acabou sendo o diferencial, é estar imersa naquela imagem, como se estivesse participando daquele jogo.

A sua inscrição despretensiosa acabou te dando mais leveza para competir?
Com certeza, eu até falei que isso acabou me ajudando, é claro que a gente entra em uma competição para ganhar, eu ficava nervosa, porque a gente está se apresentando para um público externo, então não dá para fazer besteira, porque mesmo sem fazer, o público já critica, imagina fazendo. Era engraçado que na hora em que entrava na cabine ou no ao vivo, eu tinha uma tranquilidade fora do normal. Eu encontrei um pessoal agora que eu voltei de viagem, que falou que eu passava uma tranquilidade e eu realmente me sentia assim, porque eu pensava “preciso fazer algo para me divertir”, porque independentemente se eu for ficar, como cada sexta saía uma, poderia ser a última narração, então eu precisava fazer a melhor da minha vida. Com esse pensamento eu não ia com tanta pressão, eu ia tranquila, eu ia para me divertir em cada narração.

Como foi a parceria com o Mauro Beting?
Foi incrível, eu já havia gostado muito quando a gente transmitiu Liverpool e Roma, quando eu narrei um tempo. Ele te dá uma enorme segurança, rolou uma química tão grande, que a gente sabia o tempo que precisava chamar, ou nem chamava, a entrada dele ocorria naturalmente, aí eu cortava, porque o lance era importante e eu tinha que entrar, foi muito bom, tanto nesse jogo do Liverpool, quanto lá no Santiago Bernabéu. A todo momento, nos bastidores também, ele conversava muito comigo, a gente falava muito sobre o jogo, as pronúncias, sobre os assuntos que a gente abordaria. Antes de entrar no ar ele sempre falava “Vivi, você está aqui porque a gente confia em você, então vai em frente”, e isso deu uma segurança total, por isso que eu falo, isso é estar se divertindo, porque você ter um cara como o Mauro Beting ao seu lado e você vê que está rolando, você vai no fluxo, você nem percebe que está no ar, o tempo vai passando, e no fim você acha que passou muito rápido.

Sentiu a ação dos haters durante todo esse processo?
Eu acho que as críticas válidas são aquelas que a gente pode olhar e falar “é verdade, posso melhorar nisso ou arrumar isso”. Mas aquelas pessoas que só aparecem para agredir falando que mulher não pode narrar, que é horrível, que só fica gritando, o dia que for lá e fizer melhor, aí a gente tenta dar atenção, por enquanto a gente só retém o que for bom e trabalha em cima disso. O que for descartável, a gente amassa e joga no lixo.

Você pretende investir nessa carreira de narração?
Eu quero aprimorar, quero continuar estudando, vou ver se vou atrás de cursos relacionados ao jornalismo esportivo, para continuar nessa área e nesse crescimento. Era algo que até antes do programa eu já estava me programando para fazer cursos nessa área, acho que agora só abriram as portas e a oportunidade para eu continuar, estudar nunca é demais e eu sou apaixonada por estudar, e é uma área que eu quero seguir sim, vou continuar estudando para isso, para melhorar a cada dia.

Confira a entrevista completa com Ana Carolina Teixeira, diretora de marketing de Lay's

Você vê isso como um marco na luta das mulheres por mais espaço num ambiente predominantemente masculino?
Com certeza, é a primeira mulher a narrar um jogo da Liga dos Campeões, principalmente in loco, foi muito importante ter visto ela ali na bancada dos jornalistas, não só do Brasil, mas do mundo inteiro, eu estava lá e acompanhei, pude ver que realmente é um marco por ter sido a primeira e foi muito importante para ter conseguido estar junto com o time do Esporte Interativo nessa jornada toda e para a Lay’s é muito importante, porque acredita nessas emoções, então isso reforça o nosso posicionamento também.

Você acha que esse tipo de ação da Lay’s no futebol abre caminho para outras grandes empresas fazerem o mesmo?
O futebol é um esporte de muita visibilidade, acho que para as marcas é muito importante como tem sido para Lay’s, é uma plataforma que a gente vai continuar apostando, a Lay’s é uma marca global, então é uma plataforma que tem o poder de alcançar as pessoas globalmente, e a gente continua com a parceira com a Uefa até 2021, então imagino que isso possa sim incentivar outras marcas.

Vai haver uma segunda edição?
A gente não fechou nada ainda, mas a gente deve sim continuar essa jornada, não tem nada certo, mas a gente quer sim continuar promovendo essa visibilidade que o programa teve.

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