‘Do jeito que as coisas caminham na CBF, teremos uma “reforminha”, ao invés de uma reformulação’
Consultor explica motivo pelo qual deixou o Grupo de Trabalho sobre o Calendário da CBF
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* Por Luis Filipe Chateaubriand
Tenho sido indagado sobre minha saída do Grupo de Trabalho sobre o Calendário da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Assim, gostaria de apontar o que motivou minha decisão de sair do grupo.
Devo deixar claro que fui muito bem tratado por todos os profissionais da entidade, bem como por todos os membros do Grupo de Trabalho. Os debates deram-se, sempre, de forma respeitosa e cordial.
Sucede que não posso concordar com o rumo de solução que está sendo envidada pelo grupo. A tendência é que se opte por um calendário muito parecido com o atual.
Acredito que não é desse tipo de calendário que o futebol brasileiro precisa. Precisamos, sim, de profundas reformas no calendário de nosso futebol.
A maioria do grupo rejeita a adequação de nosso calendário ao europeu. Uma pena: a dita adequação reduziria os conflitos de datas entre competições de clubes e seleções, tornaria menos nocivos os efeitos das janelas de transferências de jogadores e propiciaria aos grandes clubes brasileiros a possibilidade de se confrontarem com os grandes clubes europeus.
A maioria do grupo mostra-se contrária ao Campeonato Brasileiro ser jogado ao longo de toda a temporada anual, com jogos somente aos finais de semanas. Lamentável: ter-se a principal competição do calendário nas datas mais nobres, os finais de semanas, propiciaria a valorização do evento que reúne todos os pré-requisitos para ser o mais importante do futebol de todas as Américas.
A maioria do grupo refuta a possibilidade de se reduzir o número de datas para as competições regionais e estaduais, no agregado. Com efeito, continuar-se-á tendo um excessivo número de jogos encavalado em datas insuficientes, desvalorizando o produto futebol.
A maioria do grupo não acredita que todos os clubes do futebol brasileiro devem ter ocupação em pelo menos nove meses da temporada. Destarte, continuaremos tendo centenas de clubes que ficarão mais de seis meses por temporada anual sem jogar, gerando desemprego em massa de jogadores de futebol.
A maioria do grupo acredita que a parada das competições mais importantes em Datas Fifa é prescindível. Com isso, continuaremos a ter o confronto de datas entre jogos de clubes e jogos de seleções nessas datas, o que prejudica a ambos.
Necessário constatar que existem medidas positivas sendo ventiladas no grupo de trabalho, como a criação da Copa dos Campeões, a redução de datas para competições estaduais para aumento de datas para a Primeira Liga e a possibilidade de jogos da Copa do Brasil serem únicos, ao invés de serem em ida e volta. Contudo, são mudanças tópicas, tímidas e pontuais. Quando são precisas mudanças consistentes, amplas e estruturais.
Do jeito que as coisas vão caminhando, teremos uma “reforminha”, ao invés de uma reformulação. Daí, daqui a alguns anos, precisaremos pensar em reformar novamente, e precisaremos partir em busca do tempo perdido.
Luis Filipe Chateaubriand é membro do Bom Senso Futebol Clube e autor da obra "Um Calendário de Bom Senso para o Futebol Brasileiro"
E-mail: [email protected]
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