Justiça veta organizadas por cinco anos e decreta prisão de chefes de torcidas de Flamengo, Fluminense e Vasco
Presidentes da Raça Rubro-Negra, Torcida Jovem, Young Flu e Força Jovem têm prisão temporária decretada por 30 dias e responderão por organização criminosa
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro tomou duas medidas nesta segunda-feira (13) em relação a episódios de violência do futebol. De acordo com informações do "G1", quatro torcidas organizadas de três clubes tradicionais da capital (Flamengo, Fluminense e Vasco) estão proibidas de frequentar estádios por cinco anos. Seus respectivos chefes tiveram prisões preventivas de 30 dias decretadas.
A Raça Rubro-Negra, a Jovem Fla, a Força Jovem do Vasco e a Young Flu estavam proibidas de frequentar eventos esportivos por 90 dias. Porém, devido aos conflitos ocorridos antes da partida entre Flamengo e Vasco, no dia 5 de março, o juiz Bruno Vaccari Manfrenatti, do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos, decidiu ampliar o prazo. Também houve outras medidas determinadas.
Manfrenatti estipulou os seguintes pontos para investigação:
- bloqueio de todas as contas
- busca e apreensão de documentos e aparelhos eletrônicos ou outros que se mostrem pertinentes à investigação
- suspensão das atividades e interdição das sedes por cinco anos
- quebra de sigilo de dados de "WhatsApp, Telegram ou equivalente, fotografias, chamadas efetuadas e recebidas, agenda de contatos, e-mails e etc".
"Os atos de violência noticiados, mormente os do dia 05/03/2023, trazem os dados que revelam a prática dos crimes investigados, bem como o envolvimento das torcidas organizadas. E nesse ponto reside o elemento concreto que fundamenta o cabimento da medida de busca e apreensão. Ressaltem-se os vídeos de barbárie e violência desenfreada, autenticadas pela PM como ações de torcidas organizadas, que foram veiculados em redes sociais e na mídia", destacou o juiz.
PRISÃO PREVENTIVA DE CHEFES DE ORGANIZADAS
A prisão temporária foi decretada a pedido da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). Os líderes de organizadas que são alvos da investigação são Anderson Azevedo Dias, presidente da Young Flu, Fabiano de Sousa Marques, que preside a Força Jovem Vasco, Bruno da Silva Paulino, da Torcida Jovem do Flamengo e Anderson Clemente da Silva, atual presidente da Raça Rubro-Negra.
A juíza Ana Beatriz Mendes Estrella afirma que o pedido de prisão é "imprescindível para as investigações criminais e para a garantia da ordem pública".
"Os indícios da autoria participação dos representados, presidentes de torcidas organizadas, é evidente, devendo ser destacado que estes já foram autuados no passado, no Juizado do Torcedor, como membros de torcida organizada, não sendo suficientes, por hora, a aplicação de medidas cautelares substitutivas da prisão, diante da sua posição de comando dentro das instituições que presidem, pois detentores do poder decisório sobre as ações de seus comandados, a maioria deles responsáveis diretos pela prática dos atos investigados", afirma em um trecho da decisão.
Os chefes de organizadas respondem pelos crimes de organização criminosa, lesão corporal grave e tentativa de homicídio. Antes da partida entre Flamengo e Vasco, no último dia 5, sete torcedores ficaram feridos em uma briga no entorno do Maracanã. O torcedor Bruno Macedo dos Santos, de 34 anos, foi morto na Rua São Januário, mas a Polícia investiga se a morte tem relação com o tráfico.
MP CONTESTA PEDIDOS DE PRISÃO
O Ministério Público do Rio de Janeiro se opôs ao pedido de prisão e solicitou indeferimento. Em sua interpretação, são frágeis as provas contra os quatro torcedores.
"Trata-se de representação pela decretação da prisão temporária para apurar os delitos do Estatuto do Torcedor, organização criminosa, lesão corporal grave e tentativa de homicídio. Compulsando os autos, não consta qualquer elemento indiciário acerca da autoria delitiva, mas tão somente a representação formulada pela autoridade policial. Dessa forma, oficia o MP pelo indeferimento do pleito em razão da fragilidade dos elementos informativos", diz o texto.
MAIS 16 INVESTIGADOS
O juiz Bruno Vaccari Manfrenatti determinou que 16 integrantes de organizadas se mantenham afastados dos estádios em dias de jogos por seis meses. Todos terão de cumprir medidas cautelares para monitoramento, como forma de que fiquem pelo menos a cinco quilômetros dos locais das partidas. Eles têm até 72 horas para que sejam instaladas as tornozeleiras eletrônicas na Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).