Não me venham queixar-se de que a imagem da TV deveria ter sido usada pelos árbitros para anular o gol que eliminou o Brasil da Copa América. Não, definitivamente não deveria. Ao contrário do que comumente temos visto no Brasil a regra foi cumprida. E isso é que é certo.
Basta puxar um pouco pela memória para ver o quanto o jeitinho brasileiro de ver TV tem mudado resultados por aqui.
- Em outubro de 2013, no Paulistão, Alan Kardec caiu ao tentar driblar o goleiro Rafael Santos do São Caetano. Wilson Luiz Seneme deu pênalti. Formou-se o tumulto de sempre e ele voltou atrás, devidamente alertado pelo quarto árbitro.
- Dois anos depois, em outubro de 2015, outro lance envolvendo Verdão. Jailson Macedo Freitas mostrou cartão vermelho a Egídio depois de uma disputa de bola com William Barbio, da Chapecoense num jogo do Brasileirão. Cinco minutos e várias repetições do lance pela TV depois, o juiz voltou atrás e mandou buscar o lateral palmeirense no vestiário.
- Em 2014, Francisco Carlos do Nascimento marcou um pênalti para o Coritiba, em jogo contra o Bahia, também pelo Brasileirão, numa falta cometida claramente fora da área. Demorou dois minutos para que, depois de consultar o auxiliar, voltasse atrás.
- Já em 2015, Anderson Daronco confirmou e anulou gol de Gabriel. que de fato estava em impedimento, depois mesmo que o Figueirense já havia saído com a bola e reiniciado a partida válida pela Copa do Brasil. Embora o quarto árbitro negasse, uma informação externa foi o motivo do recuo.
- Por fim, em setembro do ano passado, com apenas dois minutos de jogo, Romário, do Avaí, caiu na área do São Paulo e Jaílson Macedo Freitas, outra vez ele, marcou pênalti para a equipe catarinense. Após alguns instantes de bastante reclamação, o árbitro foi avisado pelo assistente que o lance havia sido normal e acabou voltando atrás em sua decisão.
Essa discussão em torno da tecnologia já perdeu o sentido. Exceto uns poucos puristas românticos de plantão e os velhinhos do conselho da Fifa - que afinal é quem tem o poder de decidir - o mundo todo defende a medida. Como já acontece no tênis, no vôlei e em outras modalidades, as imagens de TV ajudam a impedir os erros e evitar injustiças. O uso do chip para definir a passagem da bola na linha do gol já foi um avanço, mas ainda é pouco.
O fato é que, enquanto isso não muda, regras são regras e têm de ser cumpridas. A cena dos árbitros discutindo por cinco minutos depois do gol peruano foi patética. Havia quase que um desespero dos quatro senhores de azul à espera das imagens de TV que o diretor - instruído ou não pela organização da Copa - recusava-se a mostrar.
Por Luiz Fernando Gomes, editor-Chefe do LANCE!