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Luiz Fernando Gomes: ‘Não jogar é fazer história’

Colunista do LANCE! considera a decisão da Taça Guanabara com torcida única um crime contra a cultura, um desrespeito ao direito de ir e vir do cidadão de bem que vai ao estádio

Reunião no TJ-RJ entre clubes, Ferj e juiz sobre torcida única (Foto: Igor Siqueira)
 (Foto: Igor Siqueira)

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Ganhar ou perder a Taça Guanabara não faz a menor diferença. Em nada isso vai mudar a história do Flamengo ou Fluminense. O que está em jogo neste fim de semana é muito mais do que isso. É a própria essência do futebol, é o futuro dos clubes, é a relação com suas torcidas, muito além dos problemas – reais e insuportáveis – criados pelas chamadas organizadas.

A hora é de ter coragem. O que a dupla Fla x Flu deve fazer, se a decisão esdruxula não for derrubada numa instância superior, é simples: NÃO ENTRAR EM CAMPO NO DOMINGO. Se vai haver WO duplo, se o título vai ser declarado vago, se o jogo vai ser remarcado, não importa. O que não podem, como atores de um dos mais importantes clássicos do futebol do planeta, é compactuarem com tamanho absurdo.

Não se trata de descumprir uma decisão judicial. Mesmo porque, o que foi estabelecido pela Justiça é que o jogo não terá torcida mista. Não que os clubes têm obrigação de jogar com torcida única.

Atlético-PR e Coritiba, como se sabe, rebelaram-se contra uma ordem da Federação Paranaense e se recusaram a jogar se não pudessem transmitir o jogo em seus canais de internet. Tiveram a dimensão de que, não era mais um Atletiba, mas o futuro de todos os Atletibas, a garantia de sua autonomia, o que estava ameaçado. Foi uma decisão histórica e que deve se seguida agora no Rio.

Fazer uma decisão de Taça GB com torcida única é um disparate. Não há outra palavra a definir isso. É um crime contra a cultura, um desrespeito ao direito de ir e vir do cidadão de bem, do torcedor apaixonado, daqueles que querem decidir onde e quando ver o seu time, por conta própria e não sob a tutela de um promotor público ou uma decisão judicial.

Faz tanto mal quanto a violência causada pelas organizadas, a ação do senhor Rodrigo Terra. É algo que vai contra, além dos clubes, à própria posição do Gepe – responsável pela segurança dos estádios – e que já se posicionou a favor da derrubada da liminar. Trata-se, portanto, de mera judicialização do que não precisava ser judicialiazado.

Fla e Flu têm de decidir-se. Ou vão escrever uma nota de pé de página de mais um jogo, um título como tantos outros, ou vão, de fato, agir para entrar na história. Os presidentes Bandeira de Mello e Pedro Abad estão com a caneta na mão e as páginas do livro em aberto.

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