Luiz Gomes: ‘Como Flamengo, Palmeiras e Atlético mudaram de patamar’
Com elencos qualificados, trio chega com força na reta final da Copa Libertadores e pode deixar o título continental novamente em solo brasileiro
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O tamanho da superioridade brasileira no futebol sul-americano é inédito. Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG classificados para as semifinais da Libertadores, Athletico e Bragantino na briga pelo título da Sul-Americana. É muito pouco provável que as taças dos dois torneios continentais não venham para cá, certo?
Mas o que explica esse "fenômeno"?
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Há um elemento importante, que começa fora de campo. Não é por acaso que foram esses os clubes brasileiros - à exceção do Galo – que mais se empenharam ao longo dos últimos anos em buscar o equilíbrio econômico, equacionar e quitar dívidas, vincular as despesas às receitas, profissionalizar, enfim, sua gestão, adotando conceitos e práticas empresariais. Com modelos diferentes, é verdade, mas todos pautados por um trabalho consistente e com foco no longo prazo.
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Por que o Atlético-MG ainda é uma exceção? O poderio econômico do alvinegro das Gerais, que tem resultado em contratações do porte de Hulk e, agora, Diego Costa, é suportado não por um modelo estrutural, mas pela paixão de quatro mecenas, o grupo conhecido como 4 R's, formado pelos empresários Rafael e Rubens Menin, da construtora MRV e do Banco Inter, Renato Salvado, do Hospital Mater Dei na capital mineira, e Ricardo Guimarães, o principal acionista do Banco BMG e ex-presidente do clube. Juntos eles investiram algo como R$ 500 milhões, em empréstimos pessoais e a juros baixos ou mesmo sem juros.
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Se isso gera os resultados de curto prazo que se tem visto, com a ascensão técnica do Atlético e seu super elenco, nada garante que o futuro seja assim. Mesmo porque, situações como essa não são raras no futebol brasileiro, e o preço pode ser alto demais. O Santos pós Marcelo Teixeira, o Cruzeiro depois dos irmãos Perrela são exemplos acabados dos riscos do mecenato. De um dia seguinte que pode ser tenebroso. E vale lembrar que o Galo ainda tem a maior dívida entre os clubes brasileiros, algo superior a R$ 1 bilhão.
Mas vamos voltar aos outros finalistas da Liberta e da Sula.
Flamengo, Palmeiras e Athletico – o Rubro-Negro carioca com mais intensidade -, além de buscar o equilíbrio das contas, trabalharam na reformulação de seus estatutos internos de forma a proteger o clube de aventureiros amadores e rompantes gastadores de um ou outro dirigente. Responsabilidade fiscal, mecanismos mais eficientes de auditagem e controle, instâncias de punição por abusos e democratização do processo eleitoral são algumas medidas que foram adotadas. Já o Bragantino encontrou com a RedBull não um mero patrocinador, mas um modelo de gestão consagrado internacionalmente em países como Alemanha, Áustria e EUA pela marca de energéticos e que ainda está muito longe de ser explorado em todo o seu potencial por aqui.
Sim, há no futebol tupiniquim algo mais no ar do que aviões de carreira. E quem não embarcar nesse voo corre o risco de ficar perdido no tempo. Mesmo fora dos grandes centros percebe-se um movimento rumo à profissionalização da gestão e a aposta no longo prazo. São trabalhos sólidos como o do Atlético-GO, do Fortaleza e do Ceará, e do Cuiabá que claramente começam a dar resultados e a elevar o patamar e a competitividade desses clubes.
Não é temerário afirmar que Flamengo e Palmeiras pavimentam uma era de firme liderança no futebol do Brasil e até do continente. Juntos, conquistaram as duas últimas Libertadores, os três últimos Brasileirões e a última Copa do Brasil. A eles pode se juntar o Atlético-MG se souber e conseguir usar o mecenato mais do que para contratar jogadores para colocar em dia as finanças e sua administração.
Dias melhores estão por vir.
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