Luiz Gomes: Desorientação e os bandeirinhas escravos do VAR
Expulsão de Marcelo Lomba no Gre-Nal 422, domingo, em Porto Alegre, foi a comprovação de que a determinação da Fifa sobre os lances de impedimento é um absurdo completo
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A expulsão de Marcelo Lomba no Gre-Nal 422, domingo, em Porto Alegre, foi a comprovação de que a determinação da Fifa sobre os lances de impedimento é um absurdo completo. Não se discute aqui a entrada atabalhoada, uma surpreendente tesoura voadora do goleiro do Inter sobre o atacante Luciano. A falta, sim, foi merecedora de um cartão vermelho, mas o que importa no lance são as circunstâncias em que tudo aconteceu.
Quem assistia ao jogo não teve dúvidas: Luciano estava impedido quando incidiu contra a meta colorada, sendo atingido pelo goleiro. Não foi preciso sequer esperar o replay da jogada para constatar. O auxiliar certamente também viu mas só levantou a bandeira depois que o goleiro cometeu a falta violenta e sua expulsão foi consumada. Ou seja: Marcelo Lomba acabou expulso em uma jogada que, efetivamente, já não valia nada.
O juiz Flavio Rodrigues de Souza não errou. O bandeirinha também não. Errada está a orientação de deixarem a jogada seguir até que a bola pare ao invés de assinalar o impedimento em tempo real, no momento em que acontece. Ninguém ganha com isso, nem mesmo os profissionais de arbitragem.
Ao longo de todo esse Brasileirão, desde que a medida entrou em vigor, não foram poucas as trapalhadas geradas pelas marcações retardadas de impedimentos. Houve jogador sendo advertido por comemorar gol que não existiu; houve interpretações equivocadas do VAR para um lado e para o outro, gols anulados injustamente e gols confirmados erradamente. Mas nada que se compare à lambança de domingo em Porto Alegre.
Há um único argumento que vem sendo usado pela Fifa – e por tabela pela CBF - para justificar a determinação. O de que uma marcação errada de impedimento, parando a jogada, poderia punir o atacante impedindo-o de prosseguir até o gol e não permitindo a verificação do lance pelo VAR. Pode até fazer sentido, mas as consequências negativas que surgem do outro lado com certeza são muito maiores.
A primeira vítima são os próprios auxiliares de arbitragem. Ao serem obrigados a esperar o desfecho da jogada, os bandeirinhas têm sempre a sua autoridade posta à prova. Tornam-se escravos do VAR e submetem-se à fúria do torcedor. Uma coisa é parar um ataque perigoso, outra bem diferente e mais difícil de explicar é a anulação de um gol. Por mais que a marcação tenha sido correta, o que sempre fica é a sensação de um erro. E quem paga o pato, geralmente, é a mãe dos juízes...
Pior ainda do que isso, contudo, é o estado de tensão que a medida com muita frequência provoca dentro do campo e nas arquibancadas. E essa é uma evidente contradição, inclusive, com o discurso “pacifista” da cartolagem. Constantemente tem sido tolhido o direito de jogadores comemorarem gols correndo para a galera ou fazendo determinados gestos, saudável provocação, sob a alegação de que isso estimularia a rivalidade e a violência. Mas será que alguma coisa esquenta mais o clima no estádio e causa mais irritação no torcedor do que a comemoração frustrada de um gol e, por vezes, a reação de deboche da torcida adversária?
Nunca é tarde para mudar. Se a Fifa quer manter as coisas assim, pior para a Fifa. Os acontecimentos do fim de semana na Arena do Grêmio – uma história anunciada - são um motivo mais do que suficiente para que a CBF reaja e traga de volta o bom senso à arbitragem do Brasileirão. Suspender de vez essa “desorientação” será, sem dúvidas, uma insubordinação do bem.
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