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Luiz Gomes: ‘Estaduais valem pouco, mas custam caro para quem perde’

Se ganhar um estadual representa quase nada, perdê-lo pode ter um custo alto. Por vezes comprometer todo o restante da temporada, por mais contraditório que isso possa parecer

Troféu e Bola - Paulistão
imagem cameraTroféu do Campeonato Paulista, disputado por 16 clubes (Foto: Marcelo D. Sants/Framephoto)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 19/01/2019
18:10
Atualizado em 20/01/2019
07:30

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E a bola voltou a rolar. Os estaduais, com a mesma cara de sempre, dão o pontapé inicial no calendário 2019. Ano em que a Copa América vai consumir quase um mês da programação, complicando ainda mais a vida dos clubes brasileiros. Especialmente dos oito classificados para a Libertadores e dos que vão disputar a Sul-Americana. É muito jogo para pouca data.

É quase uma unanimidade - das poucas que existem no futebol por aqui - que os campeonatos estaduais, no formato em que são disputados, não são mais sustentáveis. E há algum tempo, diga-se de passagem. Entra ano, sai ano, a discussão é retomada. A imprensa grita, um clube chia aqui outro ali, mas nada de concreto acontece. A politicagem dos cartolas das federações, o toma lá dá cá da CBF com essa gente e a falta de atitude dos dirigentes dos grandes clubes mantêm o status quo.

Para os principais clubes, especialmente em São Paulo, Rio, Minas, Rio Grande do Sul e Paraná, esses torneios não valem nada. Não valem nem uma estrela dourada na camisa ou um lugar nobre para a taça em suas galerias de troféus. O Athetico, com sua postura sempre arrojada e desafiadora - para o bem e para o mal, vale lembrar - foi o primeiro a perceber isso. E a decidir disputar o paranaense com um time sub-23.

Mas, se ganhar um estadual representa muito pouco, perdê-lo pode ter um custo alto. Por vezes comprometer todo o restante da temporada, por mais contraditório que isso possa parecer. Sofrer una goleada para um rival, perder de um time pequeno, ficar fora de uma semifinal - e daí? - podem acabar provocando a desconfiança (e o afastamento) do torcedor, abalar o moral dos jogadores e, isso é Brasil, levar à queda treinadores recém contratados antes que possam mostrar, de fato, a que vieram.

Na sua passagem pelo São Paulo, estreando na carreira de técnico, Rogério Ceni começou a cair em desgraça em 2017 quando o Tricolor foi eliminado pelo Corinthians no Paulistão. No ano passado, o estrago foi ainda maior: Roger Machado também não resistiu ao título do Corinthians e saiu do Palmeiras três meses depois. Dorival Júnior perdeu o cargo no Santos em pleno campeonato, Felipe Conceição caiu quando o Botafogo foi eliminado pelo Flamengo e Carpegiani teve o mesmo destino quando o Rubro-Negro perdeu para o rival alvinegro. Uma verdadeira matança.

Neste 2019, os holofotes estão voltados para dois clubes em especial. O Flamengo, no Carioca, o Palmeiras, no Paulistão. E estar sob holofotes não tem nada de bom, significa, ao contrário, viver uma situação de risco. Paira no ar, entre os torcedores dos dois times - antes mesmo de a bola girar - um sentimento indisfarçável de que ambos têm a obrigação de ganhar os estaduais. E é aí que mora o perigo.

No caso dos palestrinos, a superioridade demonstrada no ano passado, com a conquista por antecipação do título brasileiro, a permanência de Felipão e Dudu e a chegada de reforços pontuais dão corda à animação. Nem as contratações de peso do São Paulo, nem a volta do campeoníssimo Fábio Carille ao Corinthians diminuem a confiança. Entre os rubro-negros, a chegada de Gabigol, Arrascaeta e, agora, Bruno Henrique, o discurso ufanista da nova diretoria anunciando o fim do cheirinho e a fragilidade dos rivais alimentam a euforia.

Flamengo e Palmeiras, é fato, vivem hoje uma situação diferenciada, com as contas em dia, receitas elevadas para os padrões brasileiros, gestões consequentes e capacidade para investir. Têm bons patrocínios e as maiores médias de público do país o que lhes dá tranquilidade para obter retorno. O time da Gávea, sozinho, tem um orçamento para este ano maior do que o de Botafogo, Vasco e Fluminense somados. Mas é daí? Se o estadual não vale nada, será mesmo que eles têm obrigação de ganhar?

É claro que não, reza o bom senso. Ano passado, Boca e River, que chegarem a final da Libertadores, fizeram cada um menos de 50 jogos oficiais. Palmeiras e Flamengo, exatamente por conta desses estaduais, entraram em campo 74 e 68 vezes respectivamente. Não há quem aguente, não há tempo para treinar direito, para manter a forma. O que os dois clubes deveriam fazer - e outros grandes também - é deixar esses "torneilequinhos" de lado, poupando o elenco para o que realmente interessa na temporada. Por um time misto-quente em campo já estaria de bom tamanho.

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