Luiz Gomes: ‘Flamengo e Palmeiras em comportamento antagônico’
Flamengo e Palmeiras têm hoje uma situação privilegiada entre os grandes cubes. Mas há uma diferença fundamental no modus operandi dos dois clubes no mercado da bola
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Flamengo e Palmeiras têm hoje uma situação privilegiada entre os grandes cubes. Altas receitas pra os nossos padrões, contas em dia, dívidas equacionadas. Campeão e vice do Brasileirão de 2018, começam a temporada despertando alta expectativa entre seus torcedores. Em um ano em que têm pela frente os estaduais, o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Libertadores, com um calendário que promete ser estafante, ambos foram com apetite ao mercado nesta entressafra do futebol.
Mas há uma diferença fundamental no modus operandi dos dois clubes na condução dessas negociações. O Palmeiras trabalha em silêncio e colhe resultados. O Flamengo faz estardalhaço e sofre para conseguir reforços. Basta uma olhadela no Super Vaivém publicado impresso por este LANCE! e atualizado diariamente na sua versão digital para perceber-se o tamanho da discrepância gerada pelo comportamento antagônico das duas diretorias.
No Flamengo, quem chegou até agora foi só Rodrigo Caio. No Palmeiras, a lista inclui Matheus Fernandes (ex-Botafogo), Raphael Veiga (que estava emprestado ao Athlético-PR), Zé Rafael (ex-Bahia), Arthur Cabral (ex-Ceará), Carlos Eduardo (ex-Pyramids-EGI), Felipe Pires (ex-Hoffenheim-ALE) e Erik (que volta de empréstimo do Botafogo). Uma goleada de 7 a 1 – triste lembrança – a favor do Verdão paulistano.
Já na categoria dos que podem chegar, a situação se inverte. O atacante Ricardo Goulart, que atua no futebol chinês, é o único desejo palmeirense ainda não concretizado. Já os rubro-negros, foram atrás em conversas que até aqui não deram em nada ou que ainda se arrastam sem solução de jogadores como Vanderlei e Bruno Henrique, do Santos; Gatito Fernandes, do Botafogo; do lateral Mariano que está no futebol turco, Miranda e Gabigol, da Inter de Milão; Dedé e Arrascaeta, do Cruzeiro; o meia Vargas, do Vélez Sarsfield e agora Rafinha, do Bayern de Munique. Quase um time completo, e que ainda poderia incluir o ex-athleticano Pablo, pretendido pelos cariocas, que acabou no São Paulo.
Capitaneado por Alexandre Mattos, uma velha e competente raposa na compra e venda de jogadores, o Palmeiras começou a agir bem antes da janela de negociações se abrir. Foi buscar jogadores, como o atacante Arthur Cabral e o meia Zé Rafael, quando a bola ainda rolava no Brasileirão do ano passado. Uma antecipação que evitou a concorrência de outros clubes e, consequentemente, possibilitou o acerto por valores mais em conta. Nomes que se não chegam a ser de ponta, são fundamentais para reforçar o elenco para as competições em paralelo que estão por vir.
A eleição no Flamengo, que a atual diretoria usa como pretexto para justificar o atraso nas negociações, não é uma explicação convincente. Afinal, o acerto com o técnico Abel Braga se deu antes mesmo do resultado do pleito, e o mesmo poderia ter ocorrido em relação a alguns jogadores. Além disso, vale registrar como comparação, o Palmeiras também foi às urnas no final do ano passado, o que não o impediu de ir às compras – teve a vantagem, é verdade, de o presidente Maurício Galiotte desfrutar de forte favoritismo, desde o início da campanha.
O ponto crucial dessa história é outro. A palavra-chave é planejamento, o engajamento de todos por um objetivo comum em prol do clube. Pela perda de tempo, por se vangloriar de sua situação financeira e pelo amadorismo dos velhos e dos novos cartolas, o Flamengo está pagando caro. Basta o simples anúncio do interesse do clube por um jogador, ainda que mediano, para que seu preço dispare. Agentes e intermediários desses negócios se aproveitam para aumentar suas fatias no bolo, o que, na grande maioria das vezes, tem inviabilizado as transações.
O vaivém está quente. A força do São Paulo, até aqui o clube com as contratações mais ousadas, a surpreendente atuação do Corinthians, do Vasco e de outros clubes, mesmo em crise financeira, têm agitado o mercado como pouco se viu nas últimas temporadas. O que toda essa movimentação tem demonstrado, contudo, é que não basta ter dinheiro em caixa, é preciso principalmente ter inteligência e agir com habilidade para se dar bem.
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