Multicampeão pelo Corinthians, Rincón vestiu camisa de rivais Palmeiras e Santos; relembre!
Morto na última quarta-feira, colombiano teve importante trajetória no futebol paulista
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Ao se pensar na história de Freddy Rincón em gramados brasileiros é natural que a primeira imagem que venha à mente seja a do colombiano levantando o troféu de campeão mundial na condição de capitão do Corinthians, em 2000, no Maracanã. Mas a relação entre o meia e o futebol no Brasil foi muito além, passando por Palmeiras, Santos e Cruzeiro.
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Ainda que muito identificado com o Timão, a primeira camisa que Rincón vestiu no Brasil foi justamente a do arquirrival Palmeiras, em 1994. Na época, o Verdão era o "primo rico" do futebol paulista, por conta da cogestão com a Parmalat, que desembolsou 3 milhões de dólares para tirar o atleta do América de Cali, da Colômbia.
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Naquela circunstância, Freddy, aos 27 anos de idade, já era destaque no seu país, pelo qual havia disputado a Copa do Mundo de 1990 e marcado um gol histórico com a futura campeã Alemanha, na primeira fase. Ele já se encaminhando para jogar o Mundial de 1994 como destaque colombiano, após ser o artilheiro da seleção cafeteira nas Eliminatórias, com cinco gols.
Diferentemente do volante que se tornaria no Corinthians no fim do Século XX, técnico e muito marcador, Rincón chegou ao Palmeiras como meia ofensivo. Pelo Palmeiras, ele marcou dez gols em 32 jogos, conquistando o título paulista de 1994 em sua primeira passagem pelo clube do Palestra Itália.
Mas não houve tempo nem paciência para que Rincón fizesse história com a camisa alviverde. As boas atuações dentro das quarto linhas conflitaram com o gênio forte do jogador e a insatisfação com a equipe palmeirense, e apenas seis meses após chegar ao Verdão, o então meia foi negociado por empréstimo com o Napoli, da Itália.
Antes, o atleta já havia entrado em atrito com torcedores do Palmeiras. Dias antes de ser negociado com a equipe italiana, ele havia dado uma entrevista à imprensa do seu país em que admitiu o desejo de deixar o clube.
Rincón chegou a voltar ao Verdão no segundo semestre de 1996, emprestado pelo Real Madrid, que havia contratado o jogador do Napoli. Na equipe espanhola, a saída do treinador Jorge Valdano, que solicitou a contratação de Freddy, e problemas internos com jogadores e membros da diretoria merengue encurtaram a passagem do ídolo colombiano por um dos mais importantes clubes do mundo.
A segunda passagem de Rincón pelo Palmeiras foi ainda mais discreta que a primeira. Foram 23 jogos, oito gols e nenhum título. O Alviverde não quis comprá-lo, como o Real Madrid desejava, e então o destino de Freddy mudou de cores, alvinegras.
HISTÓRIA NO CORINTHIANS
Em julho de 1997, o Corinthians "deu um chapéu’" no Santos, que já havia anunciado a contratação de Rincón, e pagou 1,3 milhão de dólares ao Real para contratar aquele que viria ser um dos maiores ídolos da Fiel.
A chegada de Freddy ao Timão aconteceu dias antes de o jogador completar 31 anos idade. E em faixa etária que é comumente de declínio para atletas de alto rendimento foi justamente o ápice para Rincón, que logo em sua primeira temporada com a camisa corintiana foi moldado pelo técnico Joel Santana para uma função mais recuada no meio-campo.
Ao lado de Vampeta, Rincón fez uma das maiores duplas de volantes da história do futebol brasileiro, em um meio-campo que ainda tinha Ricardinho e Marcelinho Carioca.
Em campo, o time do Corinthians "jogava por música". Já fora dele, não era tão afinado assim, com desavenças entre os principais jogadores do elenco, entre eles Rincón, que era capitão do time, mas não se dava bem com estrelas daquela equipe, como Marcelinho e Edílson.
Mas a péssima relação pessoal não interferia nas quatro linha e aquele Timão fez história, conquistando o Brasileirão de 1998, sob o comando de Vanderlei Luxemburgo. Em 1999 viria o título Paulista e o bicampeonato Brasileiro, já sob a chefia de Oswaldo de Oliveira, que era auxiliar-técnico de Luxa.
Em 2000, o título do Mundial de Clubes foi o último capítulo de duas temporadas e meia vitoriosa de Rincón pelo Time do Povo. A conquista veio no Maracanã, diante do Vasco, em disputa por pênaltis.
ENFIM, NO PEIXE!
E se em 1997 o Alvinegro do Parque São Jorge precisou driblar o da Vila Belmiro para contratar Freddy, em 2000, 19 dias depois do Timão conquistar o mundo, o capitão corintiano se transferiu para o Peixe, para ganhar 80 mil dólares a mais de salário mensal, rompendo um pré-contrato assinado com o Corinthians horas antes de disputar a final do Mundial, no Maracanã, contra o Vasco.
No Santos, Rincón fez parte do fim do período de ‘vacas magras’ do time praiano. Foi até destaque no vice-campeonato paulista, em 2000, perdendo a final para o São Paulo. Já no Brasileirão e na Copa do Brasil, a temporada santista foi frustrante.
No ano seguinte, o volante teve problemas com a administração do Peixe, que queria reduzir os salários do jogador. Por conta desse imbróglio, o colombiano demorou a estrear na temporada, perdeu a camisa 8 e teve que vestir a 35 (com o sinal de mais entre os números, formando o 3+5, que resultava em oito).
Naquele mesmo ano, Freddy foi negociado com o Cruzeiro, meses antes da ascensão de um dos maiores times da história do Santos, os ‘Meninos da Vila’, de 2022.
No fim do seu contrato com a Raposa, Freddy Rincón anunciou a sua aposentadoria. Ela seria interrompida três anos mais tarde, quando o atleta acertou o seu retorno ao Corinthians, onde fez 18 jogos e marcou o gol.
Rincón deixou o Timão no fim de 2004, quando, enfim, encerrou a sua história nos gramados brasileiros.
Rincón até chegou voltar a jogar em 2013, após oito anos aposentado, para recolocar o América de Cali na primeira divisão do Campeonato Colombiano, tendo sido o último momento do ícone do seu país como jogador, já aos 46 anos de idade.
Na última quarta-feira, a morte de Rincón foi confirmada. Aos 55 anos, o ex-meia se envolveu em um acidente de trânsito na madrugada da última segunda-feira (11), quando o veículo em que estava colidiu com um ônibus, na cidade de Cali, na Colômbia.
Rincón chegou a ser levado ao hospital com vida, onde ficou internado e passou por cirurgias, mas não resistiu e acabou morrendo.
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