Neste sábado, no Morumbi, Palmeiras e Santos fazem clássico pelo Paulistão-2023. Marcado para começar às 18h30, o duelo traz clubes que são reverenciados pelo trabalho que fazem em suas bases, que são duas das melhores do Brasil. No entanto, quando o assunto é a política de utilização dos jovens no profissional, as semelhanças acabam. Enquanto o Verdão consegue colocar suas joias aos poucos no elenco principal, o Peixe promove suas promessas como uma necessidade.
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Para o clássico da sexta rodada da fase de grupos do estadual, é o time da Baixada que deve contar com mais jogadores da base no time titular: João Paulo, Sandry, Ângelo e Marcos Leonardo tendem a estar entre os 11 escolhidos por Odair Hellmann. Enquanto isso, Abel Ferreira deverá ter somente Gabriel Menino e Endrick na formação de início do Alviverde, além de nomes no banco de reservas.
Palmeiras trabalha jovens para reforçar elenco e não para serem solução de problemas
O Verdão "varreu" os títulos da base no ano de 2022 e começou 2023 levando a Copinha. O trabalho e o investimento nas categorias inferiores traz resultados esportivos e financeiros, bem como peças que foram responsáveis diretas pela conquista dos últimos títulos no profissional. Podemos citar Danilo, Patrick de Paula, Gabriel Veron, Wesley, Gabriel Menino e Endrick. O único que ainda não foi negociado é Menino, que por sua vez decidiu uma taça no último sábado, contra o Flamengo.
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Tais jovens, quando promovidos ao profissional, tiveram a missão de reforçar o elenco, ou seja, eram parte do grupo, mas sem a necessidade de cobrir buracos. Com tantos resultados e investimentos na base, nada mais justo do que introduzi-los aos poucos e dar as devidas oportunidades. Mas os talentos eram tão grandes, que eles passaram a protagonizar as conquistas, especialmente com a chegada de Abel Ferreira, depois da competente visão de Luxemburgo.
E outras gerações foram surgindo, como a de agora, capitaneada por Endrick, mas que ainda conta com Giovani, Jhon Jhon, Garcia, Vanderlan, Naves e Fabinho, todos parte do grupo principal. Vanderlan, por exemplo, é o reserva imediato da posição e ganhou o status ainda em 2022, quando era a terceira opção e superou Jorge, que acabou negociado com o Fluminense para 2023.
Neste ano, tanto o técnico Abel Ferreira quanto a presidente Leila Pereira trataram esses jovens como reforços para a temporada, somando forças aos principais jogadores que formam a espinha dorsal do time. Ou seja, sem a responsabilidade de resolverem qualquer problema, mas sim de agregar valor a um consistente grupo, que já conquistou seu primeiro troféu em 2023.
Santos segue com DNA revelador, mas situação financeira obriga a queimar etapas
Conhecida por revelar craques do futebol mundial — vide Pelé, Coutinho, Pepe, Neymar, Rodrygo e outros — a base do Santos tem sido utilizada no time profissional para ‘tapar buracos’. Com arrecadação reduzida, crise financeira no clube e punições administrativas, os Meninos da Vila preenchem lacunas em um elenco com dificuldades de ser reforçado com contratações.
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Os exemplos mais recentes são os atacantes Marcos Leonardo (19) e Ângelo (18). Destaques na base, ambos foram lançados na equipe de cima muito jovens para suprir carências do plantel: o centroavante estreou no profissional aos 17 anos, enquanto o ponta fez sua primeira partida com apenas 15 anos.
Além de preencherem as carências do time muito cedo, o Peixe conta com a venda de jovens para compor seu orçamento. Em 2022, o Conselho Deliberativo previu um superávit de R$ 20 milhões, que só seria alcançado se o clube arrecadasse R$ 76 milhões em negociações. O Peixe se aproximou da meta, impulsionado pela saída do zagueiro Kaiky — de 19 anos e formado no Alvinegro — para o Almería (ESP), por R$ 37,5 milhões.
O Santos foi o clube brasileiro que mais lucrou com vendas de jogadores na última década, de acordo com levantamento do site Transfermarkt, e grande parte foram atletas da base. Entre os 30 integrantes do atual elenco santista, 15 são formados no clube, exatamente metade.