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‘É preciso ter vontade de reformar o que já deveria ter sido reformado há muito tempo’

Para Luis Filipe Chateaubriand, engendrar calendário racional para o futebol brasileiro não é tarefa tão difícil quanto aparenta. Implantação passa pela adoção de sete ações conjuntas

Torcida Palmeiras na Arena Baixada
Uma das sete ações conjuntas seria que grandes clubes devem jogar menos do que jogam (Foto: Reprodução/Vídeo)

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Conforme assinalado em artigo anterior a este, a implantação de um calendário racional no futebol brasileiro passa pela adoção de sete ações conjuntas, a saber:

- Adequação ao calendário europeu.

- Jogos da principal competição, o Campeonato Brasileiro, apenas aos finais de semanas e ao longo da temporada toda, com outros certames sendo jogados em meios de semanas.

- Clubes mais expressivos não devem jogar em Datas FIFA.

- Grandes clubes devem jogar menos do que jogam.

- Pequenos clubes devem jogar mais do que jogam.

- Todos os clubes, grandes ou pequenos, devem jogar ao longo de toda a temporada anual.

- Competições periféricas, Estaduais e Regionais, devem ocupar menos datas no calendário.

Baseando-se nessas premissas, é mostrada uma metodologia para a construção do calendário ideal, composta dos seguintes passos:
a) Um ano, ou temporada anual, tem 52 semanas.

b) Como, a cada semana, pode haver uma data de meio de semana e uma data de final de semana para comportar jogos de futebol, existem 104 datas em uma temporada anual (52 finais de semanas e 52 meios de semanas).

c) Oito datas não podem ser usadas para jogos, pois são destinadas às férias dos jogadores (um mês). Sobram 96 datas (48 finais de semanas e 48 meios de semanas).

d) Oito datas não podem ser usadas para jogos oficiais, pois são destinadas à pré temporada (um mês). Sobram 88 datas (44 finais de semanas e 44 meios de semanas).

e) Quatro datas não podem ser usadas para jogos, pois devem ser destinadas à parada de Natal e Ano Novo, em um calendário no modelo europeu (duas semanas). Sobram 84 datas (42 finais de semanas e 42 meios de semanas).

f) Doze datas não podem ser usadas para jogos dos clubes principais (quatro de finais de semanas e oito de meios de semanas), pois devem ser destinadas às Datas FIFA. Sobram 72 datas (38 finais de semanas e 34 meios de semanas).

g) As 38 datas de finais de semanas devem ser dedicadas ao Campeonato Brasileiro da Série A e ao Campeonato Brasileiro da Série B.

h) 42 datas de finais de semanas – as 38 citadas e mais as quatro datas de finais de semanas de Datas FIFA – devem ser destinadas ao Campeonato Brasileiro da Série C, envolvendo todos os clubes do país que não estejam nas séries A e B.

i) Das 34 datas de meios de semanas, 16 devem ser dedicadas à Libertadores das Américas (substituta da Libertadores da América) e à Copa Panamericana (substituta da Copa Sulamericana), realizadas simultaneamente.

j) Das 34 datas de meios de semanas, 10 devem ser dedicadas a competições periféricas (Estaduais e Regionais).

k) Das 34 datas de meios de semanas, seis devem ser dedicadas à Copa do Brasil.

l) Das 34 datas de meios de semanas, duas devem ser dedicadas à Recopa Panamericana (substituta da Recopa Sulamericana).

m) Portanto, das 34 datas de meios de semanas, 16 delas devem ser dedicadas à Libertadores / Panamericana, 10 delas devem ser dedicadas às competições periféricas, seis delas devem ser dedicadas à Copa do Brasil e duas delas devem ser dedicadas à Recopa Panamericana – com todos os certames sendo alocados ao longo de toda a temporada.

n) Este é um modelo em que há adequação ao calendário europeu, em que há jogos do Campeonato Brasileiro apenas aos finais de semanas, em que não há jogos dos clubes principais em Datas FIFA, em que clubes grandes jogam menos (máximo de 72 jogos no modelo citado, contra máximo de quase 90 no modelo atual), em que clubes pequenos jogam mais (mínimo de 37 jogos, contra a realidade de centenas de clubes que fazem menos de 20 jogos oficiais por temporada, atualmente), em que 680 clubes têm ocupação ao longo de toda a temporada e em que competições de importância menor, Estaduais e Regionais, são significativamente reduzidas. Isso não pode fazer mal ao futebol brasileiro; ao contrário, só lhe fará bem.

Engendrar um calendário racional para o futebol brasileiro não é uma tarefa tão difícil quanto aparenta. É preciso ter vontade de reformar o que já deveria ter sido reformado há muito tempo!

*Luis Filipe Chateaubriand é estudioso das questões acerca do calendário do futebol brasileiro. Foi consultor do Bom Senso Futebol Clube para o assunto. Escreveu vários livros e artigos a respeito, entre os quais “Um Calendário de Bom Senso para o Futebol Brasileiro”. Foi membro do Grupo de Trabalho de Reformas do Calendário da Confederação Brasileira de Futebol. Email: [email protected].

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