Presidente do Fluminense rebate nota do Vasco e abre o jogo sobre disputa pelo Maracanã
Mário Bittencourt revela que dupla Fla-Flu ofereceu 10 jogos por ano no Maraca ao Vasco
A disputa em torno da licitação do Maracanã ferve os bastidores do futebol carioca. Após o Vasco soltar uma nota oficial rebatendo uma entrevista do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, foi a vez do Fluminense se posicionar sobre os conflitos pela gestão do estádio. Em entrevista ao "ge", o presidente tricolor, Mário Bittencourt, abriu o jogo e fez críticas à postura do Cruz-Maltino.
Enquanto o processo de licitação para administração do Maracanã está paralisado, Bittencourt demonstrou preocupação com a forma que a SAF vascaína estaria "tumultuando o ambiente" e "desqualificando o pleito".
- A nota do Vasco revela a incompreensão que a SAF tem de todo o processo, em um texto que embute extrema arrogância. Fica claro o objetivo de tentar tumultuar o ambiente. Como pode alguém afirmar que se o critério for técnico será o vencedor? E dizer isso sem conhecer as outras propostas, que não foram levadas a público? - comentou Mário Bittencourt, antes de completar:
- Desqualificar o pleito só serve a quem quer criar uma narrativa para depois tumultuar e sabe-se lá onde isso pode parar, principalmente em um ambiente emocional como o futebol. As declarações não condizem com o profissionalismo que uma SAF se propõe a adotar.
De acordo com Bittencourt, uma das maiores preocupações da gestão do Maracanã está na manutenção do gramado. Ainda assim, o mandatário tricolor revela que Fluminense e Flamengo não fecham as portas para jogos do Vasco no local.
- Ninguém nunca disse que o Vasco não pode jogar no Maracanã, até porque seria um desrespeito ao clube, a seus torcedores e à sua história, que eu, por sinal, respeito muito. Todos nós respeitamos. As portas do Maracanã sempre estiveram abertas ao Vasco para jogar, e assim permanecerão no caso de uma vitória de Fluminense e Flamengo no pleito, mas repito: tem que respeitar as condições do gramado, dos calendários oficiais e regras de utilização. E isso não pode ser uma imposição do Vasco. Nossa gestão do estádio é séria e respeitosa.
Veja outras respostas de Mário Bittencourt:
Possibilidade de organizar shows no Maracanã
- Veja o seguinte: a quantidade de jogos do calendário Brasileiro é enorme, o que é um problema estrutural que há muito tempo se discute e não é novidade para ninguém. Não é um capricho dos dois clubes. Portanto, Fluminense e Flamengo são mandantes em 38 jogos do campeonato Brasileiro, mais os jogos da Copa do Brasil, do Carioca, Libertadores etc. Falamos aí de quase 70 jogos somente para os dois clubes. Se tivermos um terceiro, fica apertado demais. Ainda assim concordamos em abrir as portas para que o Vasco tivesse alguns jogos lá, até um limite de 10 jogos, o que seria possível acomodar.
- E veja que o gramado não suporta tanto, devido a questões climáticas específicas do local, que é um conhecimento que nós e o Flamengo estamos desenvolvendo e que hoje nos permite ter um gramado de qualidade. Um espetáculo artístico demanda tempo para montar, cobrir o gramado, montar o placo, e depois desmontar tudo. Está claro que, ao pertencer a uma empresa que tem o entretenimento cultural em seu modelo de negócios, planeja-se realizar shows. Flamengo e Fluminense querem um estádio de verdade, jogos de qualidade, para desenvolver ainda mais o futebol do Rio. Essa é a nossa prioridade e a principal diferença para a SAF. O lado comercial obviamente é importante, mas as decisões precisam ser pautadas prioritariamente pelo futebol, o que inviabiliza ter como sócio um terceiro com prioridades distintas.
Ainda há chance de diálogo entre os clubes?
- Os clubes vinham se relacionando de forma muito cordial até que o Vasco resolveu, sem motivo algum, tentar impor sua vontade à força. Em várias conversas com o presidente Jorge Salgado nós afirmamos e reafirmamos que haveria lugar para o Vasco jogar no Maracanã. Tanto eu quanto o Landim dissemos isso a ele, desde que respeitados os critérios técnicos do estádio, aos quais Fluminense e Flamengo também estão submetidos.
- Ou seja, o número de partidas tem que ser condizente com os cuidados técnicos com o gramado. Investimos milhões de reais para que o Rio de Janeiro tenha um gramado de excelência, que beneficia a todos, inclusive o Vasco. Por que colocar isso a perder? Tudo isso foi dito e explicado. Mas a partir de um determinado momento ficou claro que o objetivo era fazer um discurso político, jogando para a torcida. Isso não é condizente com uma boa relação entre os clubes.