Um dos clubes que ainda não se posicionou sobre a criação da Liga, o Internacional esteve presente na reunião nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro. O clube não se juntou aos 10 que já estão fechados com a Libra e mantém o diálogo com as duas partes para tomar uma decisão. O presidente Alessandro Barcellos afirmou, em entrevista, que é importante buscar a redução das diferenças nas receitas, principal ponto de discordância entre as partes.
- Como princípio, queremos reduzir essas diferenças e buscar um produto atrativo. Não abrimos mão e temos certeza que nenhum clube vai abrir. Agora, não existe nenhuma posição inegociável no momento. Há a necessidade de buscar essa negociação, nos faz abrir essa mesa mais forte e com critérios, números e dados para que possamos ter avanços significativos. E que a gente possa, inclusive, saber do ponto de vista da formatação do negócio da Liga, como se dará a distribuição de receitas e os termos de participação no bolo todo. Se os clubes vão vender, ou não, os seus direitos de forma igualitária. Isso vai passar por um debate - explicou.
- Acreditamos em uma Liga que todos os clubes. Nessa reunião demos um passo importante, saímos daqui com um conjunto de elementos técnicos, que embasam o princípio geral de buscar o equilíbrio de buscar essa nova Liga e uma distribuição diferente da que é feita. Mas evidentemente que essas diferenças podem ser cada vez mais reduzidas. O que importa para que esse produto tenha valor e agregue aos clubes mais receita, é de fato uma Liga forte e tenha produtos, que atraiam o público não só do Brasil, como fora dele, para que a gente tenha o futebol brasileiro ainda mais forte. Esse é o objetivo principal. É sobre isso, que nós vamos a partir de agora com uma comissão constituída, com um assessoramento técnico buscar o entendimento, que na nossa opinião está próximo de acontecer.
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Os mandatários presentes preferiram não entrar em detalhes, mas a divisão acordada foi de 45% igualitários, 30% de performance e outros 25% por engajamento. Esse último critério causa bastante debate pois é considerado por todos como subjetivo. Na Libra, ele engloba critérios como média de público no estádio, base de assinantes de pay-per-view, número de seguidores e engajamento em redes sociais, audiência na televisão aberta e tamanho da torcida.
- Merece atenção especial. Porque existem critérios que são colocados na mesa e precisam ser avaliados por todos os clubes, do ponto de vista da sua distribuição. Se é equilibrada e responde a critérios objetivos de aferição, medição que possam trazer ganhos para a Liga. É importante que os clubes, ao serem analisados e remunerados por um critério de engajamento, também possam ter condições de aumentar o seu engajamento e suas receitas, que vão contribuir para as receitas da Liga. Essa discussão precisa ser aprofundada. Não tivemos em nenhum momento o aprofundamento desses detalhes. E necessariamente precisam acontecer para termos uma Liga forte, que possa melhorar o futebol brasileiro - explicou.
Alessandro reforçou que não há um lado contra o outro e falou sobre a divisão das receitas. Depois, ainda citou o repasse para a Série B. A Libra definiu em seu estatuto o repasse de 15% das receitas para a competição, podendo chegar a 20% caso os grandes caiam. Mas os clubes querem mais. A proposta dos integrantes da Série B é de repasse de 25%. A proposta teve o apoio do Futebol Forte, que com isso angariou a adesão de 12 participantes da Segundona.
- Para podermos estabelecer esse processo como único, é importante dizer que não pode existir lado de lá e lado de cá. Existe um lado só e esse lado precisa avançar. Já existe, porque já publicou suas informações, um entendimento e uma busca de mudança. Se existe por um lado a mudança, também tem esse compromisso de buscar o entendimento. Vamos sentar para trabalhar isso, buscar o princípio do equilíbrio e aproximação. Se vai ser 50, 45 ou se vai permanecer os 40, pode ser que tenhamos outros mecanismos, que diminuam mesmo mantendo os percentuais de hoje, a diferença. É um assunto que precisa de aprofundamento. Se não aprofundarmos, vamos ficar na retórica. E na retórica nenhum clube vai assinar documento. Isso envolve o futuro do futebol brasileiro - afirmou.
- São coisas que precisam ser perseguidas neste processo de agora. A redução da diferença, um repasse maior para a Série B. São princípios que saíram daqui e precisam ser trabalhados num entendimento geral dos clubes, para que possa ter uma Liga realmente forte. Não existe Liga com oito ou 10 clubes. Existe venda de direitos de televisão. Estamos falando aqui de uma Liga diferente, que precisa estar com todos os clubes envolvidos. Precisa ter uma interlocução forte com a CBF, que é hoje o órgão responsável pelo futebol. Para isso, vamos buscar esse entendimento - completou.