Primeira fase do Carioca traz uso de jovens por parte dos grandes, mas dilema por necessidade de resultados
Sem Copinha e pré-temporada, clubes utilizaram os times sub-20 nas rodadas iniciais e viram surgir joias valiosas ao longo da competição
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Afinal de contas, o Campeonato Carioca deve ser encarado como um torneio de pré-temporada de grife ou ainda existe um leal caráter competitivo nele? Mesmo que haja um meio termo entre as duas posições, qual o limite dele? Muitas perguntas são feitas em cima dos estaduais há algum tempo, mas, atualmente, elas fortaleceram mais um certo teor de preocupação em torno do calendário devido aos ajustes feitos nas tabelas da competições em 2020, decorrente da pandemia do coronavírus, que influenciaram nas de 2021: entre o término da temporada passada e o início atual passaram-se somente cinco dias.
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A resposta dos clubes grandes para estancar a sangria visando diminuir o desgaste e até mesmo trocar o "chip mental" foi iniciar o Cariocão com times formados genuinamente por jogadores das divisões de base. O regulamento da FERJ prevê, em seu artigo de número 41, multa para quaisquer instituição que não utilizar sua considerada "equipe principal" após a 3ª rodada, mas seria inevitável não haver concessões pela simultaneidade de disputa com outros campeonatos, seja continentais ou nacionais.
Apesar disso, este início de campeonato segue tão atípico quanto o último. Porque diante das dificuldades dos clubes para naturalmente darem férias aos seus elencos e com o cancelamento da Copa São Paulo juniores, que sempre serve como bom termômetro para as promessas subirem de etapas na carreira, foi justamente o Carioca que, entre outros fatores, se ofereceu como um vestibular improvisado para essas joias: dentre todos os atletas aproveitados nos quatro principais times, 70 foram oriundos da base, dos mais aos menos famosos.
Para Vasco e Botafogo, por exemplo, imersos em dívidas que colocam em xeque não só seus presentes mas como seus futuros, é quase como unir o útil ao agradável. Rebaixados para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, ambos calculam perder aproximadamente R$100 milhões em receitas que envolvem principalmente o dinheiro referente à cota de TV. Mais do que reforçar o plantel de modo certeiro, olhar para a base é uma necessidade, até mesmo para Flamengo e Fluminense, na outra ponta em relação ao Cruz-Maltino e o Alvinegro.
Mas esse cenário também impõe armadilhas. Porque se há jogo valendo três pontos, há pressão para conquistá-los. E se há pressão para conquistá-los, muitas vezes é sob a exigência imediata. Não à toa, os quatro treinadores dos grandes do Rio já foram, com menos de dois meses de campanha, questionados pelos torcedores -- uns mais, outros menos. Em um ciclo vicioso, indaga-se: é possível obter resultados a curto-prazo apostando numa espinha-dorsal com jovens sub-17 ou sub-20?
Dentre todos os atletas aproveitados nos quatro principais times do Rio no Carioca de 2021, 70 foram oriundos da base
OS DESTAQUES
Em 11 rodadas, os clubes tiveram notícias positivas e a certeza de que poderão contar com determinadas peças, prematuras ou não, para os desafios que a nova temporada irá impor. Nomes como Matías Gallarza, do Vasco, de 19 anos, e Kayky, a jovem estrela do Fluminense vendida ao Manchester City, de 17, surgiram meteoricamente e foram apostas de Marcelo Cabo e Roger Machado, respectivamente, em compromissos importantes.
Gabriel Teixeira (19) já assume o papel de 12º jogador no Tricolor, aquele elemento capaz de mudar o rumo de uma partida, como o fez contra o Madureira, no domingo, na vitória por 4 a 1. Caminho que poderiam seguir Paulo Victor (20) e Matheus Nascimento (17), a promissora dupla do Botafogo, mas que oscilam mais por preferência de Marcelo Chamusca do que necessariamente pelo desempenho em campo.
Figuras carimbadas como Gabriel Pec (20 anos - Vasco) e Martinelli (19 - Fluminense) ratificaram suas funções de importância. No "galático" Flamengo, Rodrigo Muniz (19), com cinco gols, dá pinta de ser a bola da vez, enquanto Matheuzinho (20) e João Gomes (20) seguem no processo de evolução.
Se planejado ou não, a primeira fase do Campeonato Carioca de 2021 presentou aos técnicos de Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo a oportunidade de avaliar ainda mais de perto as promessas das categorias inferiores. E a maneira sobre como utilizá-las parece traçada por cada um deles.
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