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Protocolos, aglomerações, festas e vaias; como foi a primeira semana após a volta da torcida em São Paulo

Reportagem do LANCE! esteve presente nos retornos da torcida dos quatro grandes times do estado de São Paulo. Veja os detalhes da volta dos torcedores de cada time

Corinthians x Bahia - torcida
imagem cameraTorcida voltou aos estádios em São Paulo (FOTO: Rodrigo Coca / Ag. Corinthians)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 10/10/2021
22:39
Atualizado em 11/10/2021
07:00

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Desde o dia 4 de outubro, a torcida pode retornar aos estádios de futebol do Estado de São Paulo. A medida autoriza, em primeira fase, 30% do público total, parcela que aumentá para 50% no dia 15 de outubro e 100% em novembro. Assim, a última semana foi marcada pelo retorno dos torcedores aos jogos realizados no estádio.

O LANCE! esteve presente na volta das torcidas do Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos. Confira como foi o retorno para cada clube e quais foram os protocolos seguidos.


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O primeiro dos quatro grandes de São Paulo a jogar com sua torcida no estádio foi o Corinthians. Na última terça-feira (5), o time recebeu o Bahia, na Neo Química Arena e contou com 10.470 torcedores. A renda gerada foi de R$ 520.529,90, que deve trazer lucro de cerca de R$ 170.000,00.

As novidades foram iniciadas desde antes da partida, com os setores da Arena renomeados com nomes de medicamentos, em parceria com a Neo Química, dona dos naming rights do estádio.

Antes do jogo, as ruas que estavam vazias há mais de um ano e sete meses voltaram a ficar agitadas, com a presença da torcida corintiana. O comércio nos arredores da partida se beneficiou muito com o retorno. O fluxo na praça próxima ao estádio foi intenso, com as barracas de comidas acumulando longas filas.

Na Arena, os protocolos exigidos foram simples. Ao apresentar o ingresso para entrar no estádio, o torcedor deveria mostrar documento de identidade e sua carteira de vacinação. Caso não tivesse esquema vacinal completo, um exame negativo era necessário, podendo ser de PCR (feito até 48 horas antes do jogo) ou de antígeno (feito até 24 horas antes do jogo).

Durante a partida, recomendações para o uso de máscara e distanciamento social não foram seguidas por toda a torcida, que se aglomerou em diversos momentos.

O entusiasmo com o momento do clube foi fator determinante para o comparecimento da torcida, além da saudade de ir ao estádio. Enzo Maneira, torcedor de 20 anos, contou ao LANCE! sobre a ansiedade para voltar à Neo Química Arena.  

- Toda a atmosfera, acordar já pensando no jogo. O assunto do dia é só isso. Passar o dia inteiro com os programas de esporte ligados falando do Corinthians. Ansioso desde que comprei o ingresso. Muito feliz, muito emocionado de poder voltar - contou o torcedor.

Com o retorno dos torcedores, a Neo Química Arena voltou a pulsar e o Corinthians venceu o Bahia por 3 a 1, com gols de Roger Guedes, Cantillo e Jô. O gol do Bahia foi marcado por Gilberto.

Corinthians x Bahia - torcida
Torcida do Corinhtians (FOTO: Rodrigo Coca / Ag. Corinthians)

Dois dias depois, no dia 7 de outubro, foi a vez do São Paulo voltar a receber seu torcedor no Morumbi. Diante do Santos, em um clássico, a torcida voltou à casa do Tricolor, mas enfrentou problemas dias antes da bola rolar.

Dos quatro grandes do estado, o São Paulo foi o clube com os protocolos mais complexos exigidos. Além do rigor, problemas de logística e dificuldades em atender aos torcedores marcaram o retorno.

Com 5.529 torcedores presentes, o clube exigiu um check-in, que deveria ser feito antes do jogo. Após a compra do voucher, o torcedor precisaria de dirigir a um dos postos disponibilizados pelo clube para realizar o check-in e pegar sua pulseira. Além disso, os documentos (carteira de vacinação, identidade e exame negativo para a Covid-19) que deveriam ser entregues junto do voucher foram requisitados em cópias impressas, gerando insatisfação. O pequeno número de locais e as dificuldades do processo afastaram alguns torcedores e aborreceram outros que compareceram.  

Um torcedor, Juan, de 28 anos, reclamou do procedimento adotado pelo clube, o qual chamou de arcaico. 

- Achei um pouco arcaico o sistema. Poderia ter sido muito mais simples, ter ligado o sistema do Sócio, por exemplo, com o sistema da vacinação, ao invés de ter que imprimir, tirar xerox e tudo mais - afirmou o torcedor.

Os pontos de check-in foram disponibilizados no próprio estádio até as 18h do dia do jogo, trinta minutos antes da bola rolar. Porém, conforme o horário do jogo se aproximou, as tendas ficaram com enormes filas e a organização teve problemas para atender todo o público.

Dentro do estádio, assim como no jogo do Corinthians e assim como na maioria das partidas que contam com a volta dos torcedores, os protocolos não foram respeitados. A torcida se aglomerou nas arquibancadas e o uso de máscara não foi unanimidade entre o público presente.

Com a torcida no Morumbi, o São Paulo melhorou de rendimento, fez uma boa atuação, mas saiu com o empate em 1 a 1 no clássico. O gol do Tricolor foi marcado por Calleri, enquanto o gol santista foi feito por Carlos Sánchez. Ao fim do jogo, um misto de vaias e aplausos vieram das arquibancadas, uma vez que o resultado foi ruim, mas a postura da equipe foi boa.

São Paulo x Santos - torcida
Torcida do São Paulo (Foto: Paulo Pinto / saopaulofc.net)

No dia 9 de outubro, foi a vez do Palmeiras receber sua torcida no Allianz Parque após mais de 500 dias jogando com portões fechados. Em um resultado nada positivo para o torcedor, o Palmeiras foi derrotado pelo Red Bull Bragantino pelo placar de 4 a 2.

Os arredores do estádio estavam mais tranquilos do que na Neo Química Arena. Com o cerco feito pela polícia, apenas os torcedores com ingresso poderiam ficar na rua do Allianz Parque, tendo, assim, um fluxo mais controlado no ambiente.

Os protocolos exigidos pelo Palmeiras foram os mais simples e mais eficientes. No momento da compra do ingresso, o torcedor já teve que anexar uma foto de seu comprovante de vacinação, o que foi ainda mais fácil através de aplicativos como o Conecte SUS. Dessa maneira, filas em triagens, check-in ou demora para checagem de documentos não foram problemas para a torcida alviverde no retorno ao estádio. Os torcedores que não tinham esquema vacinal completo tiveram que anexar a carteira de vacinação incompleta e apresentar exame negativo, nos mesmos moldes dos outros estádios.

A positividade dos trâmites pré-jogo não se refletiram em campo. Mesmo com a torcida no estádio, o Palmeiras saiu perdendo por 3 a 0 ainda no primeiro tempo e, apesar de mostrar boas jogadas no ataque, as falhas individuais atrapalharam demais o jogo da equipe.

Entretanto, durante os noventa minutos, as arquibancadas cantaram e apoiaram a equipe, comportamento que mudou logo após o apito final. Assim que a partida terminou, a torcida que cantou o nome do treinador Abel Ferreira antes da partida passou a ofendê-lo e vaiar o time. A frase 'time sem vergonha' foi entoada pelos torcedores.

Uma cena peculiar que marcou a volta da torcida do Palmeiras foi uma discussão entre o atacante Luiz Adriano e um grupo de torcedores. O camisa 10, que estava no banco, bateu boca com torcedores e revidou reclamações.

Assim como nos outros estádios, os torcedores se aglomeraram e não usaram máscara durante a partida. As recomendações do estádio foram enfáticas sobre o distanciamento social e outros procedimentos sanitários.

Marcados pelo relacionamento 'do céu ao inferno' entre a torcida e o time, a volta da torcida palmeirense ao estádio ficou marcada pelos bons protocolos exigidos pelo clube e o bom funcionamento dos procedimentos, mas pelo resultado insatisfatório e as vaias dos torcedores.

Torcida - Palmeiras x Bragantino
Torcida do Palmeiras (FOTO: Divulgação/Palmeiras)

O Santos foi o último dos quatro grandes a receber sua torcida de volta em seu estádio. Em um jogo decisivo na luta contra o rebaixamento, o Peixe recebeu o Grêmio no último domingo (10), e contou com muito apoio e muita festa.

Dos times que a reportagem acompanhou, o Santos foi o que teve o ambiente mais festivo antes do jogo, mas isso significou muita aglomeração nos arredores da Vila Belmiro. 

Desde cerca de duas horas antes da partida, a torcida santista se reuniu fora do estádio em grande número e, enquanto os bares da região recebiam muitos torcedores, cantaram e fizeram muita festa esperando a chegada da equipe. 

Com a chegada do ônibus com os atletas do Peixe, euforia total. Com sinalizadores, bandeirões e batuque, os arredores do estádio se lotaram de pessoas em uma enorme aglomeração, em um ambiente pulsante em volta da Vila Belmiro. Mesmo com o menor número de torcedores presentes entre os quatro grandes (devido à capacidade do estádio), o Santos foi o que teve o pré-jogo mais agitado.

Cenas curiosas foram vistas antes da bola rolar. Torcedores escreveram a frase 'sai zica' com sal grosso antes da partida e inclusive distribuíram sal grosso para que mais torcedores jogassem nas ruas em volta do estádio. Dentro da Vila, um torcedor colocou sal grosso em cima da cabine do VAR, justamente o instrumento que autorizou o gol marcado pelo Peixe nos minutos finais.

Os protocolos foram realizados de maneira simples. Com ingressos vendidos apenas para sócios, o Santos realizou um esquema de check-in, mas bem menos complexo do que o elaborado pelo São Paulo. Com quatro postos de triagem em volta do estádio, os torcedores precisaram, antes da partida, apresentar o ingresso ou carteirinha de sócio, documento original de identidade, comprovante de vacinação e, assim como nos outros estádios, exame negativo para Covid-19 caso o esquema vacinal estivesse incompleto.

Em um processo rápido, realizado nos arredores da Vila, antes do jogo, tudo ocorreu bem, com filas rápidas. Entretanto, projetando a liberação de uma parcela maior de torcedores, talvez seja necessária a abertura de mais pontos de triagem, pois apenas quatro para atender mais de oito mil torcedores pode gerar problemas.

Sem a carteira de vacinação, a entrada seria negada. Foi o caso do Presidente da República, Jair Bolsonaro, que não pôde entrar no estádio para assistir ao jogo pois ainda não se vacinou.
 
Com a torcida empurrando o time, o Santos conquistou uma vitória importante contra o Grêmio, pelo placar de 1 a 0. Os três pontos tiraram o Peixe da zona de rebaixamento e, com um gol nos acréscimos, a Vila Belmiro balançou com a presença dos torcedores.

Torcida do Santos antes do início da partida
Torcida do Santos (Foto: Pedro Alvarez)

Ao final da primeira semana após o retorno da torcida aos estádios paulistas, a projeção é positiva, embora ajustes ainda precisem ser feitos. Na maioria dos casos, os clubes ainda têm algumas questões a resolver nos protocolos antes das partidas, principalmente o São Paulo, que teve procedimentos mais confusos para a checagem de documentos.

Os outros clubes precisarão pensar em preparações para o aumento do contingente dos estádios e como adequar os protocolos a um número maior de torcedores. 

O maior problema, porém, é como impedir que os torcedores aglomerem-se e como fazer com que o distanciamento social seja respeitado antes e depois da partida. Mesmo com demarcações e orientações, os estádios não conseguiram impedir que a torcida se aglomerasse, mostrando que este deve ser o maior desafio dos clubes.

No âmbito esportivo, êxito. Com a presença dos torcedores, mesmo que em números reduzidos, foi possível ver diferenças no comportamento dos jogadores. Com a presença da torcida, o futebol vira outro esporte, volta a ser o futebol que o público perdeu desde o começo da pandemia, esfriado pela ausência do público nos estádios.

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