A Arena da Amazônia é bem localizada. Numa comparação com o Rio, o estádio ficaria na Av. Presidente Vargas. Em São Paulo, na 23 de Maio. O estádio é bonito demais. A população local é simpática, cordial e gosta de festa.
O problema é que no Amazonas não tem futebol.
O problema é que todos sabem disso há décadas.
Mas ainda assim gastou-se fortuna para colocar o antigo Vivaldão abaixo e reconstruí-lo para que o estado, por mera decisão política, pudesse ser uma sede da Copa. Não valia gastar R$ 600 milhões para sediar três jogos.
– Nossa Arena não é apenas futebol. Teremos outros eventos e ela será viável – disse o prefeito Arthur Virgílio, encantado com o sucesso de Manaus no Mundial, cheio de americanos, colombianos, venezuelanos e ingleses.
– A Fifa nos garante amistosos de grandes seleções e um novo Itália x Inglaterra não está descartado – disse o governador José Mello, em alusão ao clássico que rolou lá – E teremos jogos do Brasileirão aqui – concluiu.
Acabou a Copa e parecia que a Arena seria multiuso. Show de axé, Gospel, jogos de cariocas. A meta de arrecadação para 2014 foi alcançada. Mas o custo (R$ 600 mil/mês) precisava diminuir, pois afugentava as poucas empresas que poderiam gerir o estádio. Sim, o governo estava bancando e não iria aguentar.
Veio 2015. Os gastos caíram para R$ 400 mil e o Torneio de Verão (Fla, Vasco, São Paulo) salvou o período pré-carnavalesco. Mas veio a crise do país e com ela quase deixou de existir evento por lá, exceto joguinhos do Nacional para 5 mil (teve jogo que o campeão estadual mandou no estádio para menos de 300 pessoas). Mal pagava a luz. Sabe aquela ajudinha da Fifa com amistoso europeu? Faz-me rir. Nem se a entidade não vivesse crise. Jogos da Série A? Nenhum. Manaus é longe dos grande centros, viagens desgastantes ( melhor as Arenas de Cuiabá ou Brasília).
A CBF tentou dar um apoio com jogos da Seleção Olímpica. Band-aid para a fratura exposta. Balanço do ano: a Arena arrecadou R$ 800 mil com todos os seus eventos. Para comparação, somente a renda de Corinthians x Avaí na rodada final da Série A (R$ 2,4 mi) ultrapassou em 200% a soma dos eventos amazonenses. Ah, custo de manutenção/ano é de R$ 4,8 mi. A grana não cobriu 20% disso. Paga, governador!
Começa 2016. Não bastasse todos os problemas, os clubes definiram que o Amazonense será no segundo semestre. Tirando eventual jogo de Copa do Brasil ou Verde, Arena às moscas. Grana só em agosto, com as três rodadas do futebol olímpico. O Amazonas não podia ter queimado dinheiro assim. Se o administrador do Maraca rebola para equilibrar contas, imagine o que esperar do mamute branco manauara.