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VAR na berlinda! Polêmica prossegue, mesmo com a tecnologia no futebol

Criado com o objetivo de corrigir erros, ‘árbitro de vídeo’ tem início marcado por críticas quanto à agilidade nas decisões e à nova conduta da arbitragem

Arte VAR
imagem cameraDemora dos árbitros, interpretações confusas... VAR rende controvérsias (Arte: Marina Cardoso/Lance!)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 30/07/2019
22:06
Atualizado em 31/07/2019
07:10

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A chegada da tecnologia ao futebol não foi suficiente para acabar com as polêmicas dos torcedores. Lançado com a intenção de diminuir os erros cometidos pelo apito, o uso do "video assistent referee" (VAR) tornou-se o centro da discussão entre torcedores e comentaristas, cerca de um ano após seu uso na Copa do Mundo de 2018.

Além da falta de objetividade causada até uma definição com o VAR e margens de interpretação, a tecnologia evidenciou um sinal preocupante, em especial entre os árbitros do futebol brasileiro:

– Acho que o VAR tem servido de “muleta” para os árbitros esquecerem princípios básicos da arbitragem. Em lances de interpretação, se o árbitro está de frente para a jogada, por que a interpretação da cabine? O árbitro foi treinado para interpretar no campo, na velocidade real no jogo – acredita o jornalista Paulo Vinícius Coelho, comentarista da Fox Sports.

Eduardo Tironi, comentarista da ESPN, também é crítico quanto ao ritmo da partida:

– Com o árbitro esperando as decisões do VAR, atrapalha muito a dinâmica do jogo. A frase de “eficiência máxima, interferência mínima” está subvertida.

Porém, as críticas não se restringem ao país. Diego Macias, repórter do Olé, na Argentina, questiona a conduta da arbitragem:

– É preciso encontrar um equilíbrio. A impressão é que os assistentes se acomodaram e os árbitros não estão mais atentos, por causa da existência do VAR. Com isto, o VAR se torna protagonista. Não digo que isto é bom ou ruim, mas a ideia é que eles trabalhem em conjunto. O árbitro tem de pensar que não está ali para corrigir os seus colegas, mas para que a justiça prevaleça no futebol.

O LANCE! traça um panorama de como o árbitro de vídeo vem causando impacto no futebol brasileiro e pelos gramados do mundo.

Botafogo x Palmeiras
Após autorizar o reinício do jogo, o árbitro, a pedido do VAR, reviu uma jogada e assinalou o pênalti que deu a vitória ao Palmeiras. O caso parou no STJD a pedido do Botafogo, mas o órgão manteve o placar de 1 a 0 para o Verdão  (Osvaldo Lima/Photo Premium/Lancepress!)

Você é a favor do uso do VAR no futebol?

EDUARDO TIRONI - comentarista da ESPN Brasil

Sou, mas com correções. Não concordo em revisar faltas que ocorreram em lances anteriores aos que não foram dados pelo árbitro. Além disto, o tempo até a decisão precisa diminuir, e muito.

PAULO VINÍCIUS COELHO - comentarista da Fox Sports

Sou a favor. Mas acho que o VAR tem que ser usado como corretor, o que era sua função primordial. Tem que acabar com a polêmica. No momento, ele não tem feito isto. A forma como ele é utilizado está gerando ainda mais polêmica no futebol.

TOSTÃO - colunista da Folha de São Paulo

Sou totalmente a favor. A finalidade de corrigir os erros dos árbitros é ótima. Agora, o funcionamento dele tem sido muito ruim no Brasil. Há muita demora, e muitos erros de interpretação, mesmo com a imagem. Isto acontece muito pela incompetência dos juízes, que a imagem não corrige. Espero que estes problemas sejam sanados com o tempo.

MAURO BETING - comentarista do Turner 

Totalmente. Não era tanto antes, porque entendo que a regra é interpretativa e os árbitros podem ver o lance de maneiras diferentes. Mas, mesmo em lances de impedimentos, a gente vê que o VAR vai minimizar os "erros" e "acertos" e, mesmo assim, acabar criando outros, mantendo a polêmica. Por isto, no geral, o saldo do VAR é positivo.

JUCA KFOURI - colunista do UOL e da Folha de São Paulo

Sou a favor. Desde que bem usado e não como está sendo pela CBF e pela Conmebol, que dão a impressão de querer desmoralizá-lo a qualquer custo.

CASAGRANDE - comentarista da Rede Globo

Olha, eu ainda não consegui me acostumar ao VAR. Mas acho que é pela maneira como alguns árbitros se comportam em campo. A sensação é de que os juízes agora tiveram uma perda de convicção ao apitar faltas. Toda hora, eles usam o VAR como escudo. Parece que apitam primeiro o lance e, depois, esperam que o árbitro de vídeo dê seu veredicto.

KAI SCHILLER - jornalista do HH Abendblatt (Alemanha)

Por mais que o VAR torne o futebol mais justo na teoria, a prática tem mostrado outra coisa com a tecnologia. Infelizmente, não tem funcionado na Alemanha. A sensação é que os erros ficaram ainda maiores. Falta maior profissionalismo na arbitragem, ao menos aqui em território alemão.

VALTER MARQUES - jornalista do Record (Portugal)

O VAR ainda não é uma unanimidade em Portugal, mas, neste momento, a maioria já está convencida dos seus méritos. Por mais que haja erros, estou a favor dos que acham que é uma boa aposta. É inegável a expectativa em torno do árbitro de vídeo, mas temos de pensar que ele está sujeito também a cometer algum deslize.

ANTONIO VITIELLO - jornalista do Corriere dello Sport (Itália)

O VAR é um instrumento fundamental. Finalmente, a tecnologia se aplica ao também ao futebol. Daria um poder de decisão maior ao árbitro de vídeo. Mas não é isto que vemos. Em campo, o árbitro segue com a última palavra.

DIEGO MACIAS - editor do Olé (Argentina)

Sou a favor do uso do VAR. Como todos os avanços tecnológicos, o problema não é o VAR em si, mas as dúvidas que nascem com respeito à utilização dada para ele.

GABRIEL SANS - jornalista do Mundo Deportivo (ESP)

Sim, o futebol com o VAR é mais justo e reduz os erros, acabando com polêmicas desnecessárias. Reduziu uma alta porcentagens de incorreções e tem se mostrado uma ferramente indispensável para a arbitragem nos dias atuais.

Grêmio x Vasco - Árbitro e Luxemburgo
O Vasco também entrou no STJD para impugnar a derrota por 2 a 1 para o Grêmio (e não teve sucesso). O motivo foi a anulação de um gol de Pikachu, que faria o Cruz-Maltino abrir dois gols de vantagem (Marcelo Oliveira/AM Press/Lancepress!)

Em que o uso do árbitro de vídeo pode ser benéfico?

EDUARDO TIRONI - comentarista da ESPN Brasil

Em lances objetivos, como saber se a bola entrou ou não e também ao marcar impedimentos.

PAULO VINÍCIUS COELHO - comentarista da Fox Sports

Para corrigir erros evidentes. Neste caso, ele pode aumentar a sua credibilidade. Mas o VAR tem sido usado para as jogadas interpretativas, o que aumenta a descrença em relação ao seu uso.

TOSTÃO - colunista da Folha de São Paulo

Em corrigir erros claros de arbitragem, como impedimentos, ou indicar lances que árbitro não vê, como um soco de um jogador em seu adversário fora de uma jogada. Agora, não cabe ao VAR ficar interpretando lances para o árbitro que está em campo.

MAURO BETING - comentarista do Turner 

Primeiro, a gente tem que colocar menos pressão em cima da cabine de VAR. Fazer menos pênaltis tolos, como puxões claros. Nós, jornalistas, temos de nos policiar para evitar comentários sem saber o protocolo do VAR e não combater o VAR. Não pode pedir para diminuir o tempo, por exemplo. Por mais que demore, o importante é o acerto.

JUCA KFOURI - colunista do UOL e da Folha de São Paulo

Em poder fazer justiça na arbitragem.

CASAGRANDE - comentarista da Rede Globo

Em pênaltis duvidosos, em agressões que o juiz não viu, em impedimentos difíceis. Mas não o tempo todo. O juiz, que está no gramado, é que tem de conduzir a partida.

KAI SCHILLER - jornalista do HH Abendblatt (Alemanha)

Claro que pode ser benéfico, mas há coisas mais difíceis para o árbitro decidir. Ainda falta muito a aprimorar.

VALTER MARQUES - jornalista do Record (Portugal)

O VAR é recente, mas a impressão é que os resultados tornaram-se bem mais justos. E, por mais que os clubes usem a arbitragem como "muleta" para derrotas, sem dúvida, nenhum deles defende um retrocesso ou a extinção do árbitro de vídeo.

ANTONIO VITIELLO - jornalista do Corriere dello Sport (Itália)

Ajudar a tomar as decisões mais corretas possíveis. Na Itália, o VAR corrigiu muitos erros óbvios, em especial quanto a marcação de pênaltis e em impedimentos. Ele traz justiça, sem dúvida.

DIEGO MACIAS - editor do Olé (Argentina)

Tem de usar o esquema visto no Mundial de 2018 e aplicá-lo. Não pode o juiz ficar escutando o tempo todo o VAR. Nem demorar a cada resolução, ficar tanto tempo ouvindo o que o árbitro de vídeo diz. É um minuto escutando o VAR, outro minuto vendo a tela... Falta agilidade!

GABRIEL SANS - jornalista do Mundo Deportivo (ESP)

O VAR é benéfico, mas não deve ser lento. Exige parar o jogo para a decisão definitiva do árbitro e, logicamente, isto gera um nervosismo. O campo de atuação não deve ser amplo e incluir os gols em toda sua variedade (impedimento, faltas prévias), pênaltis, cartões vermelhos diretos ou confusões de identidade.

Leandro Vuaden
Em Corinthians e Flamengo, o árbitro demorou cinco minutos até confirmar que Gabigol marcara o gol de empate rubro-negro (Fotoarena / Richard Callis / Agência Lancepress!)

Quais mudanças você proporia para a forma como o VAR é utilizado atualmente no futebol?

EDUARDO TIRONI - comentarista ESPN Brasil

Seu uso primordial tem de ser em lances objetivos (caso a bola entrou ou não e para ajudar a assinalar impedimentos). Sua utilização em lances de falta tem de ocorrer apenas para jogadas muito claras, nas quais o árbitro não tenha visto porque foi em outra jogada. Outra coisa: a ida à "casinha" só em último caso. Tentar resolver o lance sem ir lá.


PAULO VINÍCIUS COELHO - comentarista da Fox Sports

Ser usado apenas para lances que sejam claros, bastante evidentes. Ou seja, o VAR tem de voltar à origem da proposta. A de mínima interferência, com máximo benefício.

TOSTÃO - colunista da Folha de São Paulo

A regra do VAR não dá margem para dúvidas. O que se precisa, de fato, é um aprimoramento da arbitragem, melhorar a competência dos juízes brasileiros. Vemos situações nas quais os árbitros estão demorando demais para chegar a uma decisão sobre uma jogada específica.

MAURO BETING - comentarista do Turner 

A princípio, temos de dar um tempo para a entrada do VAR na partida. Foi como aconteceu em outros testes de tecnologia anteriormente. Agora, sou favorável que os árbitros mostrem mais personalidade. Caso não concordam com a marcação do árbitro de vídeo, chamem a responsabilidade.

JUCA KFOURI - colunista do UOL e da Folha de São Paulo

O VAR tem de ser o menos intervencionista e o mais rápido possível.

CASAGRANDE - comentarista da Rede Globo

Alguns árbitros precisam mudar suas condutas. Deixar de ouvir o VAR o tempo todo. Além disto, o árbitro de vídeo não pode se intrometer a toda hora no que acontece em campo, o que causa lentidão nas partidas.

KAI SCHILLER - jornalista do HH Abendblatt (Alemanha)

Não sei. Mas, ao menos na Alemanha, a arbitragem não se adaptou ainda da forma como se esperava. Tenho dúvidas se vai funcionar. Muitos erros são cometidos e vemos torcedores bastante furiosos.

VALTER MARQUES - jornalista do Record (Portugal)

Ter mais ângulos para tomar a decisão. Creio que, em algumas vezes ,há lances que geram dúvidas por causa das imagens fornecidas. Além disto, acredito que os assistentes poderiam ser chamados para ver as imagens e ajudar a tomar a decisão correta.

ANTONIO VITIELLO - jornalista do Corriere dello Sport (Itália)

Gostaria que os árbitros de vídeo tivessem mais poder de decisão. Em alguns momentos, o árbitro em campo não vai sequer à cabine para rever o lance. Era preciso que tivessem mais espaço.

DIEGO MACIAS - editor do Olé (Argentina)

A equipe poder solicitar o VAR. Não indiscriminadamente, mas com um número restrito por tempo. Outra é que as conversas entre o árbitro principal e o VAR sejam públicas. Que se há um erro, se entenda como um erro e não fique a dúvida se há alguma trapaça. Reduziria o tempo. Além disto, se há uma dúvida, que o árbitro vá para a tela direto, e não haja tanta conversa no campo.

GABRIEL SANS - jornalista do Mundo Deportivo (ESP)

O árbitro deve aproximar-se sempre das telas do gramado a cada ação polêmica. Que as jogadas prévias ao gol também sejam arbitradas. O olho do falcão. Estou de acordo com a incorporação de ex-jogadores que conheçam as regras também.

PERSPECTIVA NA PREMIER LEAGUE POR INSERÇÃO DA NOVA TECNOLOGIA

Manchester City x Watford
Competição terá pela primeira vez auxílio do VAR (Foto: AFP)

A temporada 2019/2020 trará um marco para a arbitragem na Premier League: será a primeira edição com a presença do VAR. Editor da “World Soccer Magazine”, Keir Ragnedge disse ao LANCE! que a tecnologia vai requerer outras mudanças: 

– Eu sou totalmente a favor do uso do VAR, mas penso que tem sido necessário trabalho maior tanto para educar jogadores quanto para que árbitros se apressem a entender o uso no decorrer dos jogos. Acredito que vem em tempo a tecnologia, mas continuarão a acontecer vários problemas.

Em seguida, Radnedge reconheceu que o primeiro ano pode exigir algumas adaptações significativas nas partidas:

– Neste início, o uso do árbitro de vídeo pode soar estranho até que juízes, jogadores, torcedores e a própria imprensa inglesa se acostumem de fato.

O jornalista disse que o recurso tende a fazer com que os jogadores e técnicos tenham muita cautela:

– Ele está fazendo com que treinadores pensem muito sobre as formas de atacar e defender. É muito mais difícil de esconder recursos faltosos de uma câmera do que de um árbitro. Promete ser bem desafiador também para os defensores. Eles terão de pensar duas vezes na forma como contêm os avanços dos adversários. Além disto, o VAR, aliado às regras novas, tornou mais fácil a “forçação” de um handebol.

OS RUMOS DO VAR

Roberto Tobar - VAR
'É necessário aprender a esperar e valorizar o acerto' (AFP)

'Preço que compensa'

ANDRÉ KFOURI

Colunista do LANCE!

Embora seja obrigatório lembrar que o árbitro de vídeo está em ação pela primeira vez, por exemplo, no Campeonato Brasileiro, deve-se observar que a demora para checar lances que parecem simples no primeiro replay (ver gol de Gabriel em Corinthians e Flamengo) certamente incomoda, mas é um preço que compensa pagar pela decisão correta e pela proteção do jogo. Por enquanto, é necessário aprender a esperar e valorizar o acerto.

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