De candidato a ídolo a perseguido: Walter sofre com falta de gols e organizada do Atlético-PR
Atacante do Furacão é alvo de ameaças da principal torcida atleticana
Após uma boa temporada em 2015, quando chegou desacreditado do Fluminense ao CT do Caju, Walter está vivendo um 2016 bem diferente. Em jejum de gols no Atlético-PR, o atacante não convence dentro de campo e ainda sofre com a perseguição da torcida fora dos gramados.
Contratado em abril do ano passado, o centroavante não demorou para cair nas graças da torcida. Habilidade, assistências, gols e carisma marcaram a passagem do jogador rubro-negro no Furacão.
O ambiente era tão bom que o departamento de marketing atleticano, desacostumado a aproveitar oportunidades em potencial, lançou a camisa oficial com o número 18 e o nome do atleta na camisa para venda. Filas se acumularam e é normal ver o vestimento em jogos na Arena da Baixada.
O casamento feliz, entretanto, não acontece nesta temporada. Walter, que tinha contrato até o fim da Série A de 2015, chegou a falar como jogador do Sport e foi recepcionado por torcedores no Aeroporto de Recife no início do ano. O atacante, em várias declarações, deixou claro que gostaria de atuar no time de coração.
A negociação não deu certo. O estafe do atleta e seus familiares ficaram preocupados com a possibilidade do centroavante perder o foco do ano anterior e deixar o futebol de lado, desviando o foco da carreira.
O Atlético-PR aproveitou e conseguiu mantê-lo em Curitiba. O clube paranaense fez um contrato de dois anos, conseguindo um percentual para eventual venda. Dentro do acordo, a direção rubro-negra estabeleceu metas para o atleta.
Acima do peso, Walter passou por uma pré-temporada diferenciada dos demais e ganhou uma preparação especial, com toda a estrutura do CT à sua disposição. O atacante, até o momento, já perdeu 15 kg e ganha bonificações por gols. O problema é que está zerado até aqui. O agente alega que ele ainda está se acostumando com o novo estilo.
A paciência da torcida atleticana terminou na derrota para o Coritiba pelo Campeonato Paranaense, em plena Arena, por 2 a 0. O centroavante foi vaiado após a partida e, em um protesto no Aeroporto Afonso Pena dois depois, também acabou alvo de xingamentos e protestos.
No último domingo, no triunfo por 2 a 0 contra o Londrina, que garantiu a classificação à semifinal do Estadual, o camisa 18 era dúvida por uma lesão na coxa e ficou no banco de reservas. Depois do técnico Paulo Autuori optar por Deivid na terceira e última substituição, Walter foi direto para o vestiário aos 30 minutos do segundo tempo.
A atitude, reprovada pelo comandante rubro-negro, não agradou aos torcedores também. A principal organizada do Furacão, Torcida Os Fanáticos (TOF), fez um vídeo ameaçando o jogador por fazer um gesto contra a insituição durante o aquecimento. "Ou joga por amor ou joga por terror", falaram os integrantes.
Nesta segunda-feira, em nota oficial, a organizada novamente tocou no assunto e expôs um agravante fora do contexto atual: a rivalidade com a Torcida Jovem do Sport (TJS). O atacante foi recepcionado por integrantes em Recife e usou o boné da TJS no local.
- Ao que parece, existem jogadores do nosso elenco que estão se sentindo incomodados com essa proximidade (arquibancada do campo) - talvez por nunca terem visto tal paixão a flor da pele em outros times por onde jogou ou por estar com saudades das "viúvas de amarelos - diz o texto, já apagado no Facebook, em alusão à rival.
A TOF e a TJS são inimigas há anos e já protagonizaram cenas de violência em algumas ocasiões. A de maior repercussão foi no dia 1 de julho de 2012, em um jogo entre Coritiba e Sport, pelo Campeonato Brasileiro. Aliada na época da Torcida Fúria Independente (TFI), do Paraná Clube, os torcedores do Rubro-Negro pernambucano estavam em um churrasco na sede da organizada paranista antes da partida.
Durante a confraternização, aproximadamente 12 tiros foram disparados e o torcedor Diego Henrique Raab Gonciero, 16 anos, foi alvo de um deles na cabeça, falecendo a caminho do hospital. Três integrantes dos Fanáticos, entre eles um ex-presidente, vão à júri popular pelo assassinato do torcedor do Tricolor paranaense.
Assim, a perseguição da TOF não é apenas pelo mau desempenho nas partidas. A torcida em geral já demonstrou, sim, o descontentamento com a performance de Walter no ano: nenhum gol e nenhuma assistência. Mas não concorda com a perseguição que ultrapassa o limite entre Atlético-PR e atleta.
Desculpas
No início desta noite, após conversas, Walter e a torcida Os Fanáticos se desculparam pelos fatos ocorridos publicamente. As partes afirmam que conversaram e resolveram os desentendimentos.