Em melhor exibição, Atlético-PR recua no final e Católica-CHI aproveita erros da zaga

O Atlético-PR voltou a vacilar e cedeu o empate por 2 a 2 para a Universidad Católica-CHI na terça-feira, na Arena da Baixada, pela estreia na fase de grupos da Copa Libertadores. O Furacão fazia uma boa exibição, mas erros defensivos nos minutos finais novamente complicaram a vida atleticana.

Estudando o time brasileiro, a equipe chilena tratou de subir a marcação e dificultar a saída de bola logo nos minutos iniciais. A estratégia quase deu certo aos 4, em erro de Lucho González em seu campo de defesa e "morreu" no minuto seguinte. Em um lançamento de 82 metros, Thiago Heleno achou Jonathan entrando pela direita, gerando profundidade, para levantar a cabeça e tocar para González escorar de dentro da área e abrir o marcador. 1x0.

O gol logo no início fez bem ao Furacão, que teve mais tranquilidade e fazia a melhor atuação na temporada. Felipe Gedoz, aberto pela esquerda em sua posição de origem, dava trabalho ao sistema defensivo. Carlos Alberto, centralizado, também conseguia fluir na criação. Os dois, Nikão e Jonathan - um monstro em campo - tentavam se aproximar para gerar superioridade e levar perigo.

Pablo, atuando como centroavante, até iniciou bem ajudando nessas triangulações, mas não conseguiu manter o ritmo. Mesmo assim, as chances apareciam. Carlos Alberto, em jogada individual e Felipe Gedoz, da entrada da área, assustaram o goleiro. Logo depois, Thiago Heleno cabeceou e quase ampliou. Na saída para o intervalo, a torcida estava eufórica e aplaudiu o bom desempenho.

Tudo mudou na segunda etapa. Mesmo que timidamente, o Atlético-PR começou a recuar logo no começo e não tinha mais o controle da partida. Fuenzalida, Silva e Kalinski chegaram assustando a meta do arqueiro rubro-negro. Com 18, Weverton fez uma grande defesa em cabeçada de Santiago Silva, mostrando que o caminho era a bola aérea.

O time brasileiro, mesmo com enorme espaço para o contra-ataque, aparecia à frente com poucos jogadores e sofria com a transição ofensiva. Só que, em um raro momento de aproximação e troca de passes, Paulo André tocou para Matheus Rossetto dar de letra e encontrar Nikão, que ajeitou e mandou uma bomba colocada de fora da área, no ângulo de Toselli. Um golaço. 2x0.

O tento parecia decretar o resultado para coroar, no geral, uma boa exibição. Mas não. O técnico Paulo Autuori, mais uma vez, colocou o zagueiro Wanderson para formar a trinca com Paulo André e Thiago Heleno. O volante Otávio, com câimbra, foi o substituído. Vale destacar que não tinha ninguém da posição no banco de reservas.

Uma estratégia que deu certo em Capiatá, na fase anterior, quando a equipe segurou o resultado de 1 a 0 sem sustos na segunda etapa após levar pressão no final do primeiro tempo. Na ocasião, Carlos Alberto foi quem saiu, mas esse já havia se lesionado na noite para a inexplicável entrada de Douglas Coutinho, que nem pegou na bola após pisar em campo.

Essa alternativa de utilizar três zagueiros vem da confiança da comissão técnica nas bolas aéreas da zaga - o time reserva, que atua no Estadual, fez o mesmo no Atletiba vencido na Arena. O repertório básico é adiantar os laterais, subir o time e jogar no campo adversário, forçando com que o rival apenas utilize bolas na área de longe para que o sistema não seja pego desprevenido e veja a bola vindo de frente, principalmente.

O que aconteceu foi o time errando na saída de jogo pela direita e a Católica lançando no tumulto. Thiago Heleno até tira na primeira vez, mas após passe de calcanhar de Gutierrez e cruzamento dentro da área, Llanos aparece sozinho atrás de Wanderson para cabecear na pequena área e descontar. 2x1. Dois minutos depois, aos 42, Noir foi quem surgiu por trás do mesmo marcador, após cruzamento da intermediária, para completar com os pés e empatar. 2x2. Nikão e Pablo ainda tiveram duas chances no final, mas não conseguiram o gol redentor.

- O jogo estava ganho. Precisamos ter mais atenção e erramos duas vezes na saída de bola. Já fizemos e treinamos isso (de utilizar três zagueiros). Erramos nessa análise que viemos a fazer, pois são gols que normalmente não acontecem. Foram erros de posicionamento, é uma pena, um vacilo, porque (vencer) seria um ótimo início - lamentou Paulo Autuori.

Dos seis gols levados na Libertadores até aqui, cinco foram dentro da Arena da Baixada (três para Deportivo Capiatá-PAR e dois para Universidad Católica-CHI) e todos em jogadas aéreas. O outro também foi dentro da área, mas em chute cruzado, frente ao Millonarios-COL. Quatro tentos foram feitos nos minutos finais da segunda etapa.

Ponto forte em 2016, com a defesa menos vazada da Série A, o Atlético-PR entra em 2017 com visíveis problemas em falhas defensivas. Outra baixa é no controle de jogo. Os dois aspectos eram grandes virtudes atleticanas dentro de sua casa, que precisam ser corrigidos e foram admitidos por Autuori.

Por outro lado, a exibição atleticana no geral é digna de elogios e esperanças ao torcedor atleticano. Mesmo que ainda tenha Crysan e Douglas Coutinho como opções no banco, Grafite e Eduardo da Silva aparecerão como alternativas nos próximos jogos e tendem a dar mais qualidade na titularidade ou reposição. Algo que faltou na noite de terça-feira após a vitória parcial no placar. Assim como falta um lateral-esquerdo titular e mais um volante, seja para vestir a camisa ou para o elenco. Mas aí é pensando no futuro.

O Furacão volta a campo pelo grupo 4 da Libertadores na próxima quarta-feira, às 19h30, no Nuevo Gasómetro, diante do San Lorenzo-ARG, pela segunda rodada.