O Flamengo fez a sua parte. Aliás, muito bem feita. Nesta quarta-feira, diante de mais de 60 mil torcedores no Maracanã, o time de Jorge Jesus superou o clima de tensão e a sólida defesa colorada e venceu por 2 a 0, com gols de Bruno Henrique, pela ida das quartas de final da Libertadores.
O placar foi justo, mas os gols só saíram na reta final da partida, depois de um Inter disposto a picotar as jogadas. O LANCE! recortou cinco fatores que marcaram a eletrizante peleja de ida - a volta, cabe destacar, será quarta-feira que vem (28), no Beira-Rio. Teve espaço para blefe, rei e curinga... Confira:
DE BLEFE À ESPERANÇA
A lista de relacionados de Jorge Jesus, divulgada na tarde da última terça-feira, não contava com Gabigol, o que, como não poderia ser diferente, causou uma tremenda preocupação na torcida. O clube havia informado que ele sequer iria para o banco por conta de um desconforto na coxa esquerda. Era "blefe".
Gabigol foi ao jogo, sem contratempos, e ficou como a principal referência no ataque rubro-negro. Muito acionado por dentro, principalmente por Éverton Ribeiro, que também caíra pelo setor, recuado, o camisa 9 demonstrou a sua capacidade de armar jogadas e de arrematar. Teve a melhor chance na etapa inicial, já no fim, porém foi travado por Cuesta, no limite.
JOGO DE XADREZ
O blefe existiu, porém o cenário da partida foi roteirizado como um típico jogo de xadrez. O Inter soube mexer cada peça em prol de uma marcação consistente e a fechar espaços, pelos lados, com ótimas coberturas de Patrick e Edenílson, e por dentro, evitando que Éverton girasse e pensasse as ações.
O Flamengo não conseguia transformar a sua alternância no ataque em pressão no último terço de campo. Tanto que a torcida do Flamengo não chegava a emendar vibrações eufóricas. O clima de tensão era evidente: vinha sendo ponto para o sistema defensivo e a estratégia do Colorado.
PROVOCAÇÕES A GUERRERO
Depois de uma saída conturbada, Paolo Guerrero enfrentou o Flamengo no Maracanã pela primeira vez, como jogador do Internacional. A torcida rubro-negra não perdoou e o vaiou, e xingou, a cada toque na bola e dividida.
As provocações marcaram a partida, ainda mais quando o peruano levou cartão amarelo após dura entrada em Rafinha. Ao seu estilo, esbravejou e reclamou a todo instante com a arbitragem. O gol, contudo, não rolou.
O CURINGA FOI IMPORTANTE
Pegou de surpresa a escalação inicial. E não foi a escolha por Gabigol, já que a comissão técnica sempre trabalhou com a hipótese de sua escalação. Mesmo em ótima fase, Gerson foi opção no banco de reservas e só foi acionado depois do intervalo, após Arrascaeta, que estava em outra sintonia por conta de uma gastroenterite, sair de campo.
Gerson passou a atuar mais pelo corredor direito - o que mais funcionou na etapa inicial. O camisa 15 cumpriu bem a função defensiva e, como válvula de escape em saídas em velocidade, foi essencial para a transição. Aliás, foi com a sua assistência que Bruno Henrique completou para a rede, pela primeira vez. Ele ainda encaixou bons lançamentos. Entrou para fazer a diferença.
REI TAMBÉM DOS CLÁSSICOS NACIONAIS
Já aclamado como "Rei dos Clássicos", já que marcou oito com gols em dez jogos diante de rivais cariocas, Bruno Henrique estava fazendo uma partida discreta até a segunda metade da etapa final. Mas a coroa foi mantida - já que o camisa 27 vinha de protagonismo contra o Vasco.
Sob os olhares de Tite, presente no Maracanã, Bruno Henrique marcou dois gols em um intervalo de quatro minutos (aos 29' e 33') e voltou a decidir, ratificando o merecimento de sua convocação. Vitória merecida da equipe que mais buscou o gol e não abriu mão de suas características para triunfar.