Corinthians x Santos: outro capítulo de um 2019 quente entre alvinegros
Pela terceira vez em 2019, Timão e Peixe se enfrentam nas quatro linhas, no entanto a rivalidade que começou com confraternização neste ano, esquentou até fora de campo
Depois de terminarem o ano de 2018 em baixa e com um 2019 que prometia ser de reformulação, Santos e Corinthians apostaram na mudança de comando como forma de vislumbrarem uma temporada melhor. Sem grandes investimentos como os outros dois rivais do estado, a dupla procurou alternativas no mercado e testaram suas novidades, dentro e fora do campo, em um amistoso de pré-temporada, na Arena do Timão.
Antes da partida em Itaquera, um almoço que juntou as duas delegações parecia marcar uma novidade no futebol, promovendo a paz entre os dois clubes, mas poucos imaginavam que os próximos meses reservariam provocações alheias ao gramado, trocas de indiretas, um dos melhores jogos do ano no país e culminariam em um confronto quente de semifinal de Paulistão, neste domingo, às 16h, outra vez com mando corintiano. Relembre os capítulos dessa temporada intensa do clássico alvinegro.
PRIMEIRO CAPÍTULO: ALMOÇO PELA PAZ NO CT CORINTIANO
As delegações de Corinthians e Santos se reuniram, no dia 13 de janeiro, no CT Joaquim Grava, na capital paulista, antes de amistoso entre as equipes na Arena de Itaquera. Elenco, diretorias e funcionários dos dois clubes participaram de um almoço juntos como parte de iniciativa para promover um clássico da paz. A grande ausência foi Jorge Sampaoli, técnico do Peixe.
Segundo informou a assessoria de imprensa do Santos, o argentino sentiu fortes dores de cabeça pela manhã e precisou ficar em repouso no hotel onde a delegação está hospedada na capital. O clube informou ainda que ele foi medicado antes de participar do jogo na Arena.
Depois de almoçarem, os dois elencos posaram juntos para uma fotografia oficial. Jogadores comeram em um local, enquanto os dirigentes, em outro. Os presidentes Andrés Sanchez, do Corinthians, e José Carlos Peres, do Santos, ficaram todo o tempo lado a lado.
SEGUNDO CAPÍTULO: AMISTOSO DE PRÉ-TEMPORADA NA ARENA
Corinthians e Santos levaram ao placar o clima de paz pretendido no clássico. Em um jogo de muito equilíbrio, apesar dos estilos opostos dos times, os Alvinegros ficaram no 1 a 1. O Timão acabou ficando com o troféu Gylmar dos Santos Neves, feito para simbolizar o clima fraterno entre os rivais, por ter recebido um cartão amarelo a menos: 4 a 3. O centroavante Gustagol marcou para o Corinthians, enquanto Pedro Henrique fez contra para o Santos.
A partida trouxe estilos antagônicos de futebol, representados nas figuras dos dois treinadores. O Corinthians do sereno Fábio Carille, de volta ao clube, se armou em duas linhas de quatro e procurou sair nos contra-ataques, com um futebol mais reativo. Assim fez o gol e assim foi a dinâmica no jogo.
Já o Santos do inquieto Jorge Sampaoli foi o oposto. Com muitos toques desde a saída de bola, o Peixe teve mais posse, procurou rodar todo o campo, estilo preferido de seu comandante. O argentino parecia querer acompanhar seus atletas, pois não parava na beira do gramado. Andava de um lado para o outro, sem parar. Nem parece que havia sofrido com fortes dores de cabeça que o tiraram do almoço entre os clubes mais cedo.
TERCEIRO CAPÍTULO: CARILLE FALA DE SAMPAOLI
O argentino Jorge Sampaoli foi motivo de bastante debate na coletiva de imprensa do técnico Fábio Carille, do Corinthians, no dia 8 de março, no CT Joaquim Grava. O treinador do Timão falou não só de como sua equipe pretende se comportar no clássico do domingo seguinte (10 de março), mas também elogiou o trabalho do estrangeiro - não sem fazer críticas ao que acredita ser um excesso de elogios ao trabalho do argentino.
- Estrangeiro ou não, sempre protegi o profissional quando chega um técnico novo. Não é nacionalidade. Sampaoli fez um trabalho excelente na Universidad de Chile, na seleção do Chile e foi para uma Copa do Mundo com a Argentina. Se foi bem ou mal, não importa. O peso é grande. Não deve ter 5% que faça o que ele faz - disse Carille, e seguiu:
- Algumas coisas que incomodam é que boa parte da imprensa trata como inovação. É um trabalho de início brilhante, mas é falta de respeito com o Fernando Diniz tratar como inovação. Fez uma final brilhante (contra o Santos, em 2016), jogando melhor (que o Santos). As ideias são semelhantes. Diniz é meu amigo, não sei se é referência para ele, mas se assemelha muito. É um trabalho para ser exaltado.
QUARTO CAPÍTULO: CLÁSSICO PELA PRIMEIRA FASE DO PAULISTÃO
Apesar do 0 a 0 no placar, o clássico disputado pela primeira fase do Paulistão foi um dos mais agradáveis jogos da temporada no Brasil. Sendo que, mais uma vez, os personagens principais da partida foram aqueles que estavam foram do campo: Carille e Sampaoli. Assim como no primeiro jogo, travaram um duelo de estilos que marcou o equilíbrio da partida.
No primeiro tempo o Timão conseguiu neutralizar as melhores jogadas do Santos, que não conseguia criar e ainda dava espaços para investidas do adversário, obrigando o goleiro Vanderlei a fazer intervenções para não ter sua meta vazada. No segundo tempo, porém, o cenário mudou. O treinador argentino colocou Rodrygo e Cueva em campo, algo que deu ao Peixe mais dinâmica no ataque.
O time santista chegou, pelo menos, quatro vezes com chances de abrir o placar, sempre com respostas corintianas que foram igualmente ineficientes para evitar o 0 a 0. O jogo franco, que não teve gols, porém deu emoção de sobra a quem assistiu, colocou em campo uma batalha de duas equipes com as caras de seus comandantes.
QUINTO CAPÍTULO: ANDRÉS CHAMA PERES DE LOUCO
O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, reclamou do comportamento de José Carlos Peres, principal mandatário do Santos. Ao programa 'Grande Círculo', do Canal SporTV, o dirigente do Timão o chamou de 'meio louco'.
- Palmeiras e São Paulo é excelente, o Peres é meio louco, ninguém sabe aonde ele foca. O Corinthians se dá bem com todo mundo - disse o presidente do Corinthians.
Em um dos exemplos, Sánchez relembrou do momento em que Peres afirmou que o Corinthians queria contratar o meia Léo Cittadini, que atualmente está no Athletico-PR. Além disso, o dirigente do Timão relatou que não é tão fácil entrar em contato com o presidente do Peixe.
- O Peres hoje está meio, sei lá em que planeta que ele vive, ninguém consegue falar com ele. É inacreditável. Ele falou que o Corinthians queria contratar o Cittadini, ele falou isso, não falou? O Cittadini não está no Corinthians - finalizou o mandatário corintiano.
SEXTO CAPÍTULO: PERES MINIMIZA PALAVRAS DO PRESIDENTE RIVAL
Durante o conselho técnico da Federação Paulista de Futebol, Peres desconversou ao comentar sobre a declaração do presidente do Corinthians, Andrés Sánchez. ao programa 'Grande Círculo', do Canal SporTV, dizendo que o mandatário 'é meio louco'.
- Andrés é um grande amigo, respeito muito. Ele é um brincalhão, não dá para discutir com o Andrés. Ele vive tirando uma e diz que sou louco. Isso é bom, né? Louco todo mundo respeita. Ele é boa gente. Ele é gozador o tempo todo e faz as provocações dele. Não quero nenhuma briga com ele. Nunca tive nenhum problema e não vai ser agora - afirmou o mandatário santista.
SÉTIMO CAPÍTULO: CARILLE FALA DO SANTOS/CARLOS SÁNCHEZ REBATE
Após a classificação para a semifinal do Paulistão, na última quarta-feira, contra a Ferroviária, o técnico Fábio Carille voltou a incomodar os santistas com uma frase na coletiva de imprensa pós-jogo quando comentou as partidas dos rivais. Para ele, o Peixe não conseguiu criar tantas oportunidades diante do Red Bull.
- Você pega o jogo do Red Bull o Santos fez dois gols no Pacaembu em duas falhas, não foi uma coisa tão criada do adversário - declarou o técnico corintiano.
As palavras de Carille não chegaram bem aos ouvidos dos alvinegros da Baixada. Tanto é que Carlos Sánchez, em entrevista coletiva na última quinta-feira, viu a fala do rival como tentativa de desestabilizar a equipe de Jorge Sampaoli.
- Cada um comenta sobre sua equipe ou o rival para tirar proveito. Nós sabemos o que podemos fazer na análise que fazemos de cada vez que vamos enfrentar um clube, sempre concentrados. Temos que tentar não errar muito para que o rival não se sinta cômodo e possa nos causar danos - comentou o uruguaio.
OITAVO CAPÍTULO: PERES PROVOCA CORINTIANOS EM VÍDEO
O presidente do Santos, José Carlos Peres, criou uma polêmica na última quinta-feira ao dizer em vídeo que o Peixe vai 'matar os gambás' na semifinal do Campeonato Paulista.
- Segunda-feira, todo mundo aqui no Pacaembu. Vamos lotar, esgotar esses ingressos imediatamente. Vamos fazer um grande jogo contra o Corinthians já no primeiro jogo, e no segundo a gente mata os gambás de vez – falou o presidente do Santos.
Peres fez menção ao jogo de volta, que será realizado no Pacaembu, às 20h do próximo dia 8 de abril, uma segunda-feira.
NONO CAPÍTULO: CORINTIANOS RESPONDEM PRESIDENTE SANTISTA
O vídeo do presidente do Santos, José Carlos Peres, dizendo que vai "matar os gambás" no Paulistão foi assunto no Corinthians na última sexta-feira, dois dias antes de as equipes se enfrentarem pelo duelo de ida da semifinal. Os volantes Ralf e Júnior Urso criticaram a atitude do dirigente santista.
- Chegou no celular de todos, pegou de surpresa, ainda mais véspera de um clássico tão importante. Mas são coisas que acontecem internamente, mas vamos focar no nosso objetivo e dar a resposta em campo. Fora de campo não adianta, é melhor focar nas quatro linhas. Somos adversários, não somos inimigos. Claro que sobrecarrega num clássico desse, numa semifinal, mas temos que focar em jogar, nosso objetivo maior é vencer esse jogo - disse Ralf.
- Acho que já aconteceu muito no futebol, antigamente era normal presidente ou jogadores provocando, era normal no passado. Mas o futebol mudou dentro e fora do campo, tem que ter respeito. É uma opinião dele se expressar desta forma. Temos que nos permanecer calmos, de repente é para tentar nos desestabilizar. Temos que ser maduros para não absorver coisas ruins - endossou Júnior Urso.
DÉCIMO CAPÍTULO: JOGO DE IDA DA SEMINAL DO PAULISTÃO
Neste domingo, às 16h, pela terceira vez na Arena em 2019, Corinthians e Santos terão mais um capítulo dessa rivalidade que pegou fogo nesses primeiros três meses do ano e começarão a decidir quem estará na final desta edição do estadual paulista.
Depois de trocas de farpas dos dois lados e de dois duelos muito equilibrados, os times de mais sucesso no Paulistão na última década terão a chance, dentro de campo, de mostrar quem está em melhor momento e quem levará vantagem para a partida de volta, no Pacaembu.