Sassá, Laís, agressor… os benefícios e perigos do ‘Fla-Flu’ das redes sociais
Entre domingo e quarta-feira, diversas polêmicas marcaram o clássico entre Flamengo e Fluminnse nas redes. O LANCE! conversou com especialistas para entender o fenômeno
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O clássico entre Fluminense e Flamengo está marcado para esta quarta-feira, às 21h30, no Maracanã, pela semifinal da Taça Rio. Entretanto, a bola já rolou para um duelo bem longo dos gramados e próximo do mundo digital. O Fla-Flu das redes sociais tomou conta do início de semana e marcou linchamento virtuais, encontros emocionantes e até uma denúncia policial.
Tudo começou ainda no domingo, quando a foto da levantadora Sassá, atleta do vôlei do Fluminense, foi fotografada acompanhando o clássico vestindo o uniforme do Flamengo. A ação gerou revolta nas redes sociais, onde muitos torcedores a acusaram de estar desrespeitando o clube que defende. O LANCE! entrou em contato com o especialista em redes sociais Rodrigo Braga para entender o motivadores.
- Sobre a Sassá, é claro que ela tem um time. Todo jogador tem time. Mas quando ela defende um clube, ninguém quer que ele vista a camisa do adversário. Ela precisa tomar cuidado com isso, uma pessoa pública. Todos são pessoas públicas. Temos que tomar cuidado com o que postamos. Internet não é um lugar onde fazemos o que queremos. Isso mexe com a emoção do torcedor - declarou.
Fla x Flu
— Rádio Brasil (@radiobrasil940) 25 de março de 2019
Atleta tricolor, experiente Sassá (2a da direita pra esquerda, atualmente líbero e campeã olímpica de voley) postou foto na arquibancada na torcida do Fla e gerou insatisfação no Flu. pic.twitter.com/5FoOawNIAG
O Fluminense não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas a reportagem do 'UOL' afirma que o clube pensa em uma punição. Mas, se de um lado há a revolta, do outro existem torcedores que defendem a atleta. Também apareceu o lado dos comentários que citaram o profissionalista que a campeão olímpica desempenha dentro de quadra. Rodrigo falou sobre como o peso das redes sociais podem interferir na decisão.
- A rede social praticamente fez com que o clube tivesse se posicionar. O Fluminense precisa procurar um meio termo. Entender que o clube se sentiu ofendido e ela é uma parceira desse clube. Não pode exagerar, precisa uma chamada de atenção, um pedido de desculpas, explicar porque ela fez aquilo. Acho que uma retratação da Sassá pegaria melhor que qualquer tipo de punição, pois foi uma atitude isolada.
CASO AGRESSOR: ASSUNTO DE POLÍCIA
Mas, o caso de Sassá não foi o único. O caso da levantadora foi uma parte isolada quando comparada com a repercussão que o caso 'Matheus Morbeck' teve. Não tardou para viralizar um vídeo de um torcedor rubro-negro agredindo no rosto um idoso tricolor na saída do clássico. Não demorou também para o próprio ser identificado. Neste caso, as redes sociais se uniram atrás do agressor.
- A violência não pode ficar impune. Ainda que ele tivesse batido em uma pessoa na mesma idade dele. Atingir um idoso deixa ainda mais grave. As redes sociais prestaram um grande serviço na corrente de localizar o agressor. Os próprios torcedores do Flamengo estavam apoiando esse idoso. Não tinha outra saída. São casos interesses: foram casos que viralizaram e ele achou que sairia impune. Você potencializou muito com a rede social.
Os agentes da 31º Distrito Policial (DP), na Barra da Tijuca, detiveram o torcedor do Flamengo. O rapaz foi autuado por lesão corporal. Na delegacia, confirmou a agressão, mas foi liberado pouco depois. Ele estava escondido na casa de parentes, na Zona Oeste do Rio. Tudo certo? Correto? Mas, e se a pessoa não foi a que aparece no frame - em qualidade ruim - do vídeo? Este é o alerta e o perigo das redes sociais.
- O que tem que se feito é uma denuncia, temos instituições que atendem isso. Você denunciar para policia é um grande serviço que a rede social presta, mas isso não deve ser feito por nós mesmos. Tem órgãos especializados para isso. A colaboração é feita, é fantástico, mas tem que tomar cuidado para não condenar a pessoa errada.
CASO LAÍS: O SUCESSO DAS REDES SOCIAIS
Mas, não apenas de polêmicas viveram as redes sociais. O caso Laís é um grande sucesso a ser seguido. A torcedora de apenas sete anos viralizou em uma foto nos ombros do avô, sendo a única torcedora do Fluminense em meio ao mar de rubro-negros. A história ganhou proporções tão grandes que o próprio clube tratou de levá-la para conhecer as Laranjeiras e acompanhar o treino no CT.
- A Laís é a esperança. Foi uma demonstração de amor. Foi tocante, exemplo de tolerância. Rede social mostrou um exemplo do que queremos compartilhar daqui pra frente. Isso é o que tem que ser postado. Temos que dar valor para as boas ideias. Fluminense pode não ganhar mais torcedor por isso, mas ganha a fidelidade da torcida.
A parte legal com o uso das redes sociais foi a atitude do perfil oficial do Fluminense, no Facebook, Twitter e Instagram, que divulgou a foto para ter informações da torcedora - naquele momento, ainda desconhecida. A velocidade foi tanta que, na manhã seguinte, diversas matérias, inclusive a do LANCE!, estavam prontas contando a história da menina. O especialista explica esse fenômeno.
- Está todo mundo no mesmo ambiente, é muito democrático. É natural que o Fluminense usasse isso. O Fluminense está atento para isso, é um ganho para a marca. É um ganho para o futebol. O 'caso' da Laís é um ganho para todos. É isso que temos que divulgar. Isso vale a pena. É natural, assim como acho que o Flamengo deveria fazer com o pai.
CASO INGRESSOS: PROBLEMAS E PROVOCAÇÕES
Uma indefinição com relação à venda de ingressos marcou a véspera do clássico. Mandante da partida, o clube tricolor inicialmente divulgou que os rubro-negros poderiam comprar entradas apenas no Maracanã e na Gávea, mas uma série de informações desencontradas gerou confusão nos torcedores. A operação não chegou a acontecer.
O Flu concordou em expandir os locais de venda apenas para os próximos jogos, mas, por um erro de comunicação, o Fla entendeu que valeria já para esta quarta. As redes sociais viraram um campo de guerra: Rubro-Negros atacando Tricolores, que respondiam lembrando de tratamentos passados. Episódio que corre risco de ser levado para o contato nas arquibancadas.
- Por que não usar o exemplo da Lais para que sejamos mais solidários? Eles botaram fogo na pólvora. A chance disso se transformar em um problema é muito grande. Os dois clubes deveriam ter aberto mão da vaidade e ter aberto mais pontos de venda. Acabaram colocando mais fogo na pólvora. A rede social começa a reverberar isso. As pessoas são movidas pela emoção. É um risco muito grande.
No final da confusão, até a reportagem do LANCE!, que explicou o erro de comunicação que levou ao problema nos ingressos, acabou agredida nas redes sociais. O ataque aos veículos de imprensa tem sido cada vez mais contatos e os motivos, mesmo quando não tem ligação direta com o fato, são explicados por Rodrigo Braga.
- Sim. Isso é notícia. As pessoas não querem ouvir. Elas vão descontar em seja quem for, seja no porteiro do prédio ou no jornalista que está explicando o caso. Elas ficam cegas e surdas, agem por impulso. Isso ganha uma potencialidade muito grande na rede social. Se você ver que alguém compactua com aquilo com você, você vai se sentir mais livre. Esse é o risco.
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