Ele foi da cegueira na guerra ao topo dos pódios da natação paralímpica

Bradley Snyder tem 'resiliência' como lema e está criando a própria coleção de medalhas

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A explosão de uma bomba, a perda da visão e o fim da carreira militar pareciam significar um ponto final na vida do tenente Bradley Snyder. Mas a natação trouxe um novo sentido à vida desse americano atualmente com 32 anos, que já conseguiu duas medalhas de ouro e uma de prata nos Jogos Paralímpicos do Rio.

Brad Snyder é o mais rápido do mundo em sua categoria, S11, tendo faturado na atual edição da Paralimpíada o ouro nos 50m e 400m livre, além da prata nos 100m costa. Ainda faltam duas provas para ele competir na Rio-2016. O prognóstico é de mais conquistas.

- É muito bom. Em Londres eu ganhei duas de ouro e uma de prata. Então, chegar ao quinto dia com essa marca, com duas provas ainda restando, eu melhorei o que fiz em Londres. Em fiz meus melhores tempos em cada evento até aqui, então vamos ver o que posso fazer ainda. A cada vez que conquisto uma medalha fico ainda mais confiante, menos pressionados e com mais diversão - afirmou o nadador ao LANCE!.

Setembro é um mês marcante para Snyder. Foi em um dia 7 deste mês, em 2011, que ele, servindo a Marinha dos Estados Unidos, em Kandahar, Afeganistão, pisou em um explosivo e acabou ficando cego. Os olhos foram substituídos por próteses e, no ano seguinte, um novo uniforme surgiu: o da equipe de natação que esteve nos Jogos de Londres. Aos 32 anos e na segunda edição paralímpica,

- Eu acho que me ensinou a ser resiliente. Eu pensei que tinha morrido. A habilidade para retornar e fazer coisas simples, como tomar café, encontrar uma garota bonita ou competir na Paralimpíada... todas as experiência são maravilhosas. Perder ou ganhar? Se eu tiver dado o meu melhor, não importa - comentou o nadador, que virou tema de livro e filme:

- Não presumo saber o que as pessoas gostam ou não gostam. Mas eu sou a pessoa que sou. Eu acho que é uma boa história. É a minha história.

A experiência nas forças armadas ainda despertaram em Snyder um senso de respeito aos símbolos nacionais. Ele interrompe entrevistas e fica em posição de "sentido" a cada hino tocado nas cerimônias de premiação no estádio aquático, não só no dos Estados Unidos.

Como ao perder a visão os outros sentidos ficam mais aguçados, Brad relatou a importância da torcida brasileira na conquista do melhor tempo nos 50m livre.

- Pela manhã, eu fiz 26'06. Hoje à noite eu fiz 25,57. Talvez eu tenha nadado pior, mas a razão pela qual eu consegui esse tempo foi a torcida. A energia, adrenalina. Ela faz um grande trabalho torcendo para todo mundo, não só para os brasileiros. Eu acho que fui muito bem recebido pelos cariocas - disse ele, que não se vê como uma lenda paralímpica imbatível:

- Cada vez que você cai na piscina, tudo pode acontecer. Eu tive que conquistar a vitória. Eu sou muito orgulhoso por pertencer ao time dos EUA, ao movimento paralímpico. Sou muito honrado por isso.

Mesmo ciente de que não é mais um garoto, Snyder espera estar em Tóquio para aumentar a coleção pessoal de medalhas.

- Eu não acho que acabei na piscina. Eu sei que Tóquio vai ser uma cidade-sede maravilhosa, vai ser uma grande experiência. Quem sabe o que pode acontecer em quatro anos? Mas até este ponto eu não estou saindo - finalizou Snyder, com extremo orgulho de servir ao país dele, seja da forma que for.

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