Como os ucranianos estão, até agora, imbatíveis, a vida do nadador André Brasil não está nada fácil nos Jogos Paralímpicos. Ele teve dois quartos lugares e uma medalha de bronze até agora no Rio (100m borboleta, classe S10), mas esse lugar no pódio na cidade natal teve um ingrediente especial. Foi o momento em que o esforço do atleta de 32 anos, já com 10 medalhas paralímpicas, sendo sete de ouro, alcançou a expectativa e fez valer a torcida da fã número 1: a mãe dele, dona Tânia.
- É uma emoção muito grande ver um filho aqui no Rio conquistando medalha - disse ela, que acompanhou in loco a segunda-feira de competições, quando o pódio de André enfim veio.
- O primeiro dia não tinha sido legal para ele. Mas quando ele nadou o costas eu vi que ele foi bem, disse que "o campeão voltou". Ele está bem, está solto - disse ela.
Dona Tânia tem acompanhado o filho em Jogos Paralímpicos desde Pequim-2008. E com muito esforço.
- Pequim foi uma surpresa. Eu tinha sofrido um acidente de carro em 2007 e estava toda quebrada, tinha feito três cirurgia, ficado em coma um tempo. Mas disse que não perderia. Vendi meu apartamento e fui para Pequim. Minha irmã foi comigo. Em Londres, conseguimos levar mais gente da família, o pai dele e o irmão Felipe. Lá, quando viu a família toda junta, foi a maior alegria para ele - comentou ela, que desta vez não precisou pagar ingresso, já que foi presenteada pela P&G, patrocinadora dos Jogos:
- Os familiares de atletas paralímpicos não têm condições de ir tanto para fora do país. Não costumamos ganhar ingresso. É a primeira vez que eu ganho. Acho que deveriam incentivar os familiares, para a galera torcer junta. Espaço para família olímpica deveria ser de fato para a família.
Dona Tânia entra em ação mesmo fora da arena de competição. Ela teve papel citado pelo próprio André, depois que o nadador passou em branco nas duas primeiras provas (50m livre e 100m costas).
- Converso muito pouco, mas mando mensagem todos os dias para ele. Eu evito falar para que ele não desconcentre. Cada dia eu mando uma coisa. Eu tenho mandado palavras de inspiração. Dia 9, por exemplo (o primeiro quarto lugar), eu mandei resiliência, porque ele tinha que ser forte, dar a volta por cima. Escrevo algumas coisas que vêm do coração - comentou ela.
André não esconde que é importante ter o carinho da família por perto. Quando sai da piscina, o primeiro olhar é para ela. E com direito a um sinal de amor.
- Espero sempre para mandar o coraçãozinho na saída da piscina. Na entrara, estou muito concentrado. Eu nunca sei onde ela está, mas ela sempre acha um jeito de aparecer. É igual mágico - brincou o nadador, que ainda completou:
- Estar em casa com toda essa energia já está sendo único na minha vida. É a primeira vez que posso me apresentar mais próximo. Se não fossem meus pais, talvez eu não estivesse aqui. Eles são meus maiores pilares que tenho na vida.
André vai precisar novamente dessa força na noite desta terça-feira. Ele está classificado para a final dos 100m livre S10 e novamente terá os ucranianos Max Krypak e Denys Dubrov como adversários mais poderosos.