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Lais Souza: ‘Espero inspirar várias gerações para a prática do esporte’

Ex-ginasta, que perdeu os movimentos do pescoço para abaixo após grave acidente em 2014, fala sobre sua rotina atual e a importância do esporte em sua vida

Lais Souza
imagem cameraLais Souza com o pai, mãe e irmão na clínica de reabilitação nos Estados Unidos (Foto: Arquivo pessoal)
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Lance!
Rio de Janeiro
Dia 23/09/2016
22:44
Atualizado em 24/09/2016
08:37

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Em depoimento ao Portal Brasil 2014, a ex-ginasta Lais Souza, falou sobre sua rotina após ter sofrido o acidente que a deixou tetraplégica, em 27 de janeiro de 2014. Ela se preparava para participar da prova de esqui aéreo nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi, quando se chocou contra uma árvore em Salt Lake City, nos EUA, e teve séria lesão na terceira vértebra (C3) da coluna cervical. A atleta perdeu movimentos, sensibilidade e controle de todos os órgãos do pescoço para baixo. Confira abaixo o texto escrito pela própria Lais sobre os Jogos Paralímpicos.

"Os Jogos Olímpicos são inspiradores. Essa é a maior definição que vem a minha cabeça quando penso nesse tema. É uma atmosfera única, que estamos tendo a oportunidade de viver em nosso país. Para mim, mesmo estando fora das competições, tem sido um momento muito especial, pois me faz relembrar toda a minha trajetória no esporte.
Participei dos Jogos Olímpicos de Atenas 2004 e Pequim 2008 como ginasta. Às vésperas da edição de 2012, já na aclimatação em Londres, sofri uma fratura na mão, o que me impediu de participar pela terceira vez do maior evento esportivo do Planeta. Ir a uma Olimpíada é o objetivo de todo atleta e me sinto privilegiada por ter participado de duas edições.

Mais uma prova do quanto os Jogos Olímpicos nos inspiram é que mesmo após deixar a ginástica, a vontade de estar em uma competição dessa grandeza não saiu de mim. Sou uma pessoa que sempre gostou de desafios.

Em 2013, com 25 anos, eu quis buscar uma nova meta. Já tinha reinventado a minha carreira e conquistado uma vaga para representar o Brasil nas Olimpíadas de Inverno, em Sochi, na Rússia. Estava me sentindo muito animada. Mas, como já sabem, em um treinamento no dia 27 de janeiro de 2014 aconteceu o acidente. Foi então que tudo mudou. Foram seis meses de hospital, entre crises de choro e de revolta. Me perguntava por que Deus não tinha me deixado o movimento de pelo menos um dedinho. Me perguntava o por que de tudo isso. Aí, vi que estava perdendo tempo e resolvi me focar nas minivitórias.

A primeira foi respirar sem aparelhos. Como o impacto na medula tinha feito meu diafragma parar de funcionar, tive que fortalecê-lo. Por isso, eu cantava Ana Carolina o dia inteiro no hospital.
E a vida seguiu…

Todos os dias eu me alongo e me preparo antes de encarar horas de fisioterapia. Hoje a minha rotina é ainda mais difícil do que a de um atleta. Mas foi o meu tempo como atleta que me fez ter a disciplina e foco nos meus novos objetivos. Hoje, estou retomando minha vida profissional e percebi que entre todas as coisas que posso fazer, estar presente nos Jogos do Rio é uma delas.

Percebi melhor que participar dos Jogos Olímpicos é emocionante não só para os atletas, mas para todos que tem ligação com qualquer área.Há algum tempo, recebi um dos maiores convites da minha vida. Vou ser uma das condutoras da tocha olímpica. Quanta honra! Será uma emoção muito grande. A oportunidade de fazer parte desse evento e ver o nosso País receber uma Olimpíada é um momento histórico. Espero que eu possa inspirar muitas gerações para a prática do esporte e para a vida toda em vários sentidos, como sempre me inspirou".

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