A Fifa, órgão regulador do futebol mundial, ameaça não exibir a Copa do Mundo Feminina 2023 em cinco países europeus: Alemanha, França, Inglaterra, Espanha e Itália. Esta é a última tentativa da entidade para valorizar os direitos de transmissão do evento. O motivo é a insatisfação com as ofertas atuais das emissoras desses países.
Em um evento em Genebra, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse que as propostas feitas nos últimos meses são "muito decepcionantes". Ele voltou a fazer uma espécie de apelo aos grupos de mídia interessados para que paguem um “preço justo” pelos direitos.
- As ofertas das emissoras, principalmente dos países europeus do Big 5 [Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França], ainda são muito decepcionantes e simplesmente inaceitáveis com base em quatro critérios. Em primeiro lugar, 100% de qualquer taxa de direitos paga irá direto para o futebol feminino, em nosso movimento para promover ações em prol da igualdade de condições e remuneração. Em segundo lugar, as emissoras públicas, em particular, têm o dever de promover e investir no esporte feminino - disse Infantino, antes de completar:
- Em terceiro lugar, os números de audiência da Copa do Mundo Feminina são 50-60% da Copa do Mundo Masculina, que por sua vez são os mais altos de qualquer evento, mas as ofertas das emissoras nos países europeus são de 20 a 100 vezes menos do que para o Mundial Masculino. Enquanto as emissoras pagam US$ 100-200 milhões pela Copa do Mundo Masculina, elas oferecem apenas US$ 1-10 milhões para a Copa do Mundo Feminina. É um tapa na cara de todas as grandes jogadoras da Copa do Mundo Feminina e, na verdade, de todas as mulheres do mundo.
Um dos motivos para a falta de interesse das emissoras é o fuso horário. A Copa do Mundo será disputada na Austrália e na Nova Zelândia, o que impede que as partidas de sejam transmitidas ao vivo nos horários nobres dos países europeus. Ainda assim, a Fifa espera uma valorização nas ofertas até o início do torneio, em 20 de julho.
Infantino quer valorizar direitos do Mundial Feminino (Foto: FRANCK FIFE / AFP)
Para deixar bem claro, é nossa obrigação moral e legal não subestimar a Copa do Mundo Feminina da Fifa. Portanto, se as ofertas continuarem não sendo justas, seremos obrigados a não transmitir o torneio para os países europeus do Big 5. Convido, portanto, todos os jogadores, mulheres e homens, além de torcedores, dirigentes de futebol, presidentes, primeiros-ministros, políticos e jornalistas de todo o mundo a se juntarem a nós e apoiarem este apelo por uma remuneração justa do futebol feminino. As mulheres merecem. Simples assim - finalizou Infantino.
Cabe destacar que, caso a Fifa não chegue a um acordo com as emissoras, os torcedores desses países poderão assistir aos jogos da Copa do Mundo Feminina pelo Fifa+, o serviço de streaming do órgão regulador.
Detentores dos direitos no mercado brasileiro
Ao contrário dos países europeus, a transmissão da Copa do Mundo Feminina no mercado brasileiro está definida. O Grupo Globo adquiriu o principal pacote de direitos e poderá exibir jogos do torneio na TV aberta, na TV fechada (Sportv) e na internet (ge e Globoplay). Algumas partidas também serão transmitidas de forma gratuita na Cazé TV, tanto no YouTube quanto na Twitch.
Recorde de premiação
O futebol feminino vive momento de valorização no âmbito mundial. Uma prova é o aumento da premiação da Copa do Mundo Feminina 2023. De acordo com Gianni Infantino, presidente da Fifa, o torneio distribuirá US$ 150 milhões (cerca de R$ 792 milhões) entre as seleções participantes - número três vezes maior que na edição de 2019 e dez vezes maior que na edição de 2015.
O montante, no entanto, ainda é significativamente menor do que os US$ 440 milhões (R$ 2,3 bilhões) pagos em premiações na Copa do Mundo masculina, no Qatar. Para ser exato, o prêmio feminino representa apenas 35% do total destinado às seleções masculinas. O objetivo da Fifa é igualar as premiações no próximo ciclo.