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Além da TV: Streaming e internet moldando o futuro das transmissões de futebol

Com o pioneirismo na missão de trazer o futebol para a internet, a NWB começou operar com transmissões ao vivo há uns anos

Rafael Grostein

Rafael Grostein é colunista do Lance! Biz (Arte Lance!)

Rafael Grostein - 24/08/2023 - 17:30

Rafael Grostein - 24/08/2023 - 17:30

Depois de mais de 60 anos da primeira transmissão de futebol pela TV, a era de monopolização de jogos pela televisão acabou, mas não sou eu que estou dizendo. Esse é um movimento que vem acontecendo nos últimos anos, com as plataformas de streaming e canais de YouTube adquirindo direitos, e se tornou uma realidade.

O fato do maior campeonato de futebol do mundo ser totalmente transmitido pela internet no Brasil é um marco transformador para esse mercado do ao vivo. Nesse contexto todo, com o pioneirismo de sempre na missão de trazer o futebol para a internet, a NWB começou operar com transmissões ao vivo há uns anos.

Perseguindo o objetivo, cavamos oportunidades e acessos para trazer entretenimento e criar conexões com o torcedor, e essa tem sido uma jornada de crescimento e inovação. A transmissão pela internet tem transformado a forma como os fãs do esporte interagem com as partidas e como as marcas se aproximam do público.

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Isso acontece desde o início dos projetos ao vivo, em que a NWB buscou uma experiência mais profunda e engajadora do futebol, que traz o benefício para a audiência e para as marcas, mas que acaba desafiando o domínio tradicional das emissoras de TVs a cabo e aberta, quebrando essa monopolização.

Nessas décadas de futebol na televisão, principalmente a Globo, deteve o monopólio dos direitos de exibição até aqui. Com o surgimento da internet e do futebol na internet com o Desimpedidos, a NWB trouxe uma nova visão, agregando valor aos eventos esportivos ao vivo por meio de conteúdos complementares, como vlogs, a visão do torcedor direto do estádio e comentários durante e pós-partida na redes sociais.

Isso foi o que nos levou a tomar a decisão de apostar em se transformar em uma nova janela de transmissão, pois a ideia de já sermos esse lugar em que o público do futebol se informa e entretém por outros recortes do esporte, trouxe mais substância para sustentar o prato principal que são os 90 minutos da transmissão.


Com isso, passamos a atuar com os jogos ao vivo desde 2019. Essa história começou em parceria com a DAZN transmitindo o Campeonato Italiano e Francês. E não paramos por aí,  passamos por outros jogos internacionais com amistosos da seleção feminina, Libertadores, Florida Cup e Socca World Cup; os locais com Brasileirão e Paulistão femininos, e Cariocão, Série C e Brasileirão masculino; e até jogos com ex-atletas como o Legends Game.

Esse movimento engatilhou uma expansão desse mercado de transmissões fora da TV. Os streamings passaram a adotar uma estratégia de negócios interessante. Eles nasceram para competir com a Netflix, e também entre si. Tem o objetivo de seus conteúdos, se não iguais, muito parecidos, que em sua maioria é a ficção com filmes e séries. Mas aí que vem o ponto da virada para alguns, pois viram na transmissão de jogos uma oportunidade para atração do público assinante. Star+, HBO Max e Amazon Prime Video são exemplos de plataformas que aderiram a esse modelo.

Para fazer esse plano acontecer, as plataformas adquiriram direitos de transmissões de campeonatos. A estratégia tem o objetivo de atrair o torcedor para o serviço e fazer com que ele se torne assinante para ver o jogo do seu time ou acompanhar toda uma competição. E consiste em ter a transmissão como chamariz, mas, após a experiência dentro do app, o objetivo é que esse novo assinante se envolva também com os demais conteúdos, ou seja, os filmes, documentários, séries e reality shows, que são o core da empresa. Com isso, a expectativa dos streamings é que esse cliente se apegue aos conteúdos, e permaneça fidelizado com a contratação.

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O plano vem funcionando, mas o surgimento de mais um competidor pode mudar o jogo em breve. O surgimento de uma aposta interessante em canais do YouTube focados em transmissões de futebol como a Cazé TV rompem o obstáculo das assinaturas dos serviços da TV a cabo e plataformas de streaming. Isso porque qualquer pessoa com acesso à internet é capaz de acessar o jogo ao vivo de diferentes aparelhos eletrônicos como TVs conectadas e celulares de maneira gratuita.

É interessante observar que esses modelos de negócio, tanto do streaming quanto da transmissão pela internet, surgiram também por uma demanda dos detentores de direitos esportivos. Pois, com as negociações destes direitos com as emissoras de televisão aberta em queda, reduzindo o aporte financeiro e adquirindo menos jogos, abre a necessidade de buscar a diversificação de meios de transmissão para vender as partidas e preservar a manutenção dos campeonatos. É uma necessidade que dá a oportunidade para que os outros meios surfem nessa onda e beneficiem o público com opções de escolha.

Vou trazer um exemplo: a Fifa procurou parceiros para fazer frente à TV Globo com a Copa do Mundo de 2022 no qatar. Como não aconteceram negociações promissoras no digital, a Cazé TV foi uma alternativa de entregar a publicidade já presente dos patrocinadores do campeonato por uma janela disponível e com grande potencial. A união desses dois fatores resultou em benefícios para ambos, pois levou todo o protagonismo da competição para Cazé TV, trouxe espaço para as marcas parceiras da Fifa e também beneficiou as marcas parceiras do próprio canal do YouTube. 

Câmera de TV

Transmissões esportivas mudaram nos últimos anos (Foto: Freepik.com/victor217)


Não só a Fifa, mas outras entidades esportivas e ligas também enfrentam desafios para se reinventar. Os campeonatos europeus, por exemplo, querem crescer a audiência fora da Europa, mas continuam com forte apelo regional e somente a Premier League conquistou expressividade fora da Inglaterra. Já os campeonatos estaduais enfrentam dificuldades para negociar com a TV, buscando alternativas de transmissão na internet, como exemplo do Cariocão que distribuímos pelo Camisa 21, o Brasileirão Feminino pelo Desimpedidos e o Paulistão Feminino pelo Passa a Bola. Todas essas mudanças trazem questionamentos sobre como essas entidades esportivas vão manter suas operações com o declínio da receita vinda da televisão.

Esse tema da sustentabilidade financeira é crucial para o futuro das competições, das transmissões pela TV, streaming e internet. Enquanto as transmissões no YouTube oferecem uma perspectiva mais diversificada e sustentável levando em consideração a baixa barreira de acesso e o potencial de público reunido na internet, ainda há incertezas sobre sua viabilidade a longo prazo para brigar com a TV pela verba publicitária, por exemplo. Vejo o futuro das transmissões de jogos de futebol como um território fértil para debate e questionamentos.  Porque apesar de dissolver o monopólio da TV aberta, com essa abertura para novas janelas de transmissão, os direitos dos grandes campeonatos que já eram caros, passaram a ser disputados por muitas frentes de negociação e podem ficar ainda mais caros pela baixa oferta de competições e grande procura de empresas para transmitir. 

Isso me faz enxergar o futuro das transmissões esportivas repleto de desafios. Porque o modelo de negócios atual, baseado em canais de transmissão gratuitos no YouTube, depende da monetização por meio de branded content e integração de marcas. Mas essa abordagem pode encontrar dificuldades pela comparação com o alcance massivo da TV aberta, o que gera competição para angariar o patrocínio e pode se tornar um empecilho para garantir a estabilidade do modelo.

Por outro lado, as plataformas de streaming, que têm adotado a estratégia de adquirir direitos esportivos para atrair novos assinantes, pode ser promissora. Mas ainda existem diversas incertezas sobre a sustentabilidade e a manutenção desse modelo, pois apesar de ser uma alternativa interessante de investir a verba que seria destinada para publicidade em uma ação que cria conteúdo e garante a conversão, os custos dos direitos de transmissão estão aumentando, devido à concorrência entre os players que comentei.

Então, enquanto algumas tendências apontam para um crescimento das plataformas de streaming e a diversificação dos canais de transmissão na internet, ainda restam muitos desafios a serem enfrentados. Esse sucesso  a longo prazo vai depender da capacidade de transformar insights em inovação, além da habilidade de se adaptar a essas mudanças do mercado, somada a perspicácia de investir em novas e certeiras tecnologias, com uma manutenção saudável e equilibrada entre os interesses das marcas, das entidades esportivas e do engajamento dos fãs de futebol 

Enquanto isso se desenrola, sigo com várias dúvidas: Será que a Copa do Mundo de 2026, que pode ser um marco para o mercado com mais times e jogos, atraindo maior interesse e concorrência dos meios de comunicação, vai renovar a aposta no YouTube?  As plataformas de streaming vão conseguir se consolidar como alternativa e vão persistir na compra de novos direitos para manter os assinantes? Será que existem chances da TV tradicional voltar a monopolizar? As ligas vão encontrar novas formas de sustentar suas atividades e garantir a qualidade dos campeonatos? Esse é um cenário de debate e questionamentos, e acredito que somente o tempo vai nos responder como essa história termina.

* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lance!

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