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Exclusivo L!Biz: o que pensam os dirigentes do futebol brasileiro sobre as ligas e o futuro do Brasileirão

Profissionais são amplamente favoráveis ao movimento e revelam preocupação com a atual divisão entre Libra e Liga Forte Futebol<br>

CBF pesquisa Lance Pluri
imagem cameraPesquisa revela opinião dos dirigentes sobre a criação da liga de clubes (Foto: Arte LANCE!)<br>
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 09/03/2023
16:13
Atualizado em 10/03/2023
11:50

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O LANCE!Biz inicia, nesta quinta-feira, a publicação de uma pesquisa exclusiva sobre o que pensam os dirigentes dos principais clubes do Brasil. Desenvolvida pela Pluri Consultoria, a Pesquisa de Expectativas dos Dirigentes Brasileiros (PEDB) entrevistou, por amostragem e com garantia de anonimato, representantes das três principais divisões do país entre 9 e 21 de janeiro.

A pesquisa mostra o pensamento médio dos homens e mulheres que comandam o futebol do país. São pessoas que administram clubes que representam mais de 90% da torcida brasileira. O LANCE! publicará o estudo em cinco capítulos para facilitar a compreensão dos torcedores.

Nesta primeira parte, o tema é a criação da liga unificada de clubes, pauta que se tornou central nos bastidores. Atualmente, o futebol brasileiro está dividido entre a Libra (Liga do Futebol Brasileiro) e a LFF (Liga Forte Futebol). Cada uma com pontos de vista e propostas distintos e tentando atrair clubes do outro lado. Como os dirigentes avaliam o cenário atual?


UNANIMIDADE EM FAVOR DA CRIAÇÃO DA LIGA

A pesquisa da Pluri confirma o que já era esperado: a criação da liga de clubes do futebol brasileiro é vista com bons olhos pelos dirigentes. A ampla maioria dos entrevistados é favorável (19%) ou totalmente favorável (71%) ao movimento. Apenas dez 10% são indiferentes, enquanto nenhum dirigente se mostra contrário.

Questionados diretamente sobre "qual a maior vantagem da formação da liga", a maioria entende que o Campeonato Brasileiro vai ficar mais valorizado no futuro e aumentar as receitas dos clubes. A melhoria da gestão da competição foi escolhida por 19%, enquanto o recebimento de recursos pela participação de investidores foram apontados por 14%.

- É preciso ter um grupo de profissionais muito capacitados, capazes de pegar esse produto (Brasileirão) debaixo do braço, envelopar, buscar pontos de contato com os investidores, com os patrocinadores, com as empresas de broadcasting, e valorizá-lo no Brasil e lá fora. Aí, ganham todos e a gente tem um produto melhor. Significa ter campeonatos mais bem disputados, com mais infraestrutura, com regras claras, com efetivamente uma capacidade de atrair capital. O produto do futebol brasileiro ainda é um produto ruim. Não desperta interesse nos outros mercados. A Liga é fundamental no meio desse imbróglio todo. É um elemento essencial para o crescimento do futebol e dos clubes - explicou Cláudio Pracownik, CEO da Win the Game, em contato com o L!.


DIVISÃO EM DOIS BLOCOS CAUSA PREOCUPAÇÃO

Apesar de se animarem com os benefícios da criação da liga, os dirigentes têm uma preocupação em comum: a divisão atual entre Libra e LFF. De acordo com a PEDB, 90% dos entrevistados entendem que a separação em dois blocos vai levar a uma redução nas receitas futuras advindas da competição. Ou seja: quase todo mundo entende que a união seria melhor do que a divergência.

Existe, inclusive, um pessimismo entre os dirigentes em relação à possível união. Dentre os entrevistados, 57% pensam que os dois grupos vão seguir separados e vão negociar seus direitos de forma independente. À época da pesquisa, em janeiro deste ano, apenas 10% acreditavam que os grupos se uniriam de forma total.

Cabe destacar que, desde a coleta das respostas, os blocos avançaram nas conversas internas e na tentativa de aproximação. No último dia 28 de fevereiro, a Libra aprovou uma mudança no cálculo de divisão de receitas e criou uma comissão para apresentar os números à LFF - clique aqui para ver mais detalhes.

De todo modo, ainda falta bastante para alcançar um consenso. A Liga Forte Futebol se diz aberta ao diálogo, mas apresentou uma lista de "premissas básicas" que ainda afastam os blocos de um possível acordo.

Um dos impasses é a existência de propostas de dois fundos diferentes. De um lado, clubes que compõem a LFF assinaram acordo com as empresas Serengeti Asset Management e Life Capital Partners para a sociedade na futura liga de clubes do futebol. A proposta é de R$ 4,85 bilhões em troca de 20% da empresa por um período de 50 anos. Para que esses valores sejam válidos, no entanto, é necessária a entrada de pelo menos 36 clubes no pacote. Em contrapartida, a Libra aceitou a oferta do Mubadala Capital, fundo de investimento dos Emirados Árabes. Os valores são próximos: R$ 4,75 bilhões por 20% da futura liga de clubes.

- Essa divisão não é boa para ninguém. Para nenhum dos dois lados, igualmente. Nesse ponto eles estão iguais: os dois estão perdendo. Então, a minha torcida é para que efetivamente as partes consigam convergir em busca do melhor produto. A gente conversa com presidentes de clubes e todos entendem que a melhor formatação é de ter uma liga só - disse Pracownik.


POSICIONAMENTOS DA LIBRA E LFF

Em contato com Libra e Liga Forte Futebol, a reportagem do LANCE! questionou ambos os blocos: "Por que a união é apontada como favorável, mas, na prática, está pouco provável de acontecer?". Confira os posicionamentos oficiais a seguir.

Libra: "A LiBRA entende que o melhor caminho para a criação de uma liga profissional no Brasil é união das equipes que disputam as Séries A e B do futebol brasileiro em um só projeto. Neste sentido, tem trabalhado há meses para construir um estatuto e modelo de governança que englobe toda a diversidade dos clubes nacionais de forma positiva e moderna, inspirada nas melhores práticas das principais ligas do mundo. Recentemente, no dia 28 de fevereiro, foi aprovado em Assembleia Geral Extraordinária um novo formato de divisão de receitas que vai ao encontro deste objetivo. No mesmo dia também foi eleito um grupo de representantes de clubes da LiBRA, que será responsável por conversar e apresentar o novo modelo às equipes que ainda não fazem parte do grupo. A LiBRA reitera seu compromisso com a evolução do futebol brasileiro e seguirá trabalhando nesta direção, buscando cada vez mais a parceria entre as agremiações e o avanço de seu projeto."

LFF: "A Liga Forte Futebol (LFF) acredita que o modelo de distribuição de receitas da Liga Brasileira deve ser aquele que torne o futebol brasileiro mais forte e competitivo como um todo. A LFF acredita que as mudanças na Libra reportadas na imprensa estão na direção certa e aguarda um contato oficial por parte dela compartilhando a proposta oficial aprovada para que possa haver a retomada do diálogo entre os dois grupos. A LFF permanece aberta ao diálogo construtivo, como sempre esteve, visando à criação de uma liga unificada no Brasil."

CBF REFORÇA APOIO À CRIAÇÃO DA LIGA
Outro ator interessado neste tema é a CBF. Ao L!, o presidente Ednaldo Rodrigues reforçou o apoio da entidade à criação da liga de clubes e vê com naturalidade as discordâncias atuais entre Libra e Liga Forte Futebol (veja o vídeo abaixo).

- Assim que eu assumi a CBF interinamente, no dia 7 de março de 2022, a CBF falou ali que dava apoio total à criação de uma liga independente para fortalecer o futebol brasileiro junto da CBF. Que pudesse ser uma liga que fortalecesse não só a Série A e a Série B, mas todo o sistema do futebol brasileiro, que tem Série C, Série D e Campeonatos Estaduais dentro de um ordenamento. Que possam, os grandes clubes, ter uma flexibilidade para suas competições nacionais e internacionais. Portanto, como é um assunto que diz respeito - a criação e a organização da liga - à CBF, que espera, sem pressa, todo o diálogo. Concordância e discordância são naturais de um processo novo - disse Ednaldo Rodrigues.

EMISSORAS DE OLHO NOS DIREITOS DO BRASILEIRÃO
Uma das partes centrais da criação da liga de clubes é centralizar a negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro a partir de 2025. Emissoras de televisão e streaming, portanto, observam com atenção o desenrolar das negociações. Atual detentora dos direitos da Série A, a Globo se posiciona de forma favorável à criação da liga e à união dos clubes.

- Enxergamos com a atenção o tema. A divisão em dois blocos significa que não haverá liga. Não existe avanço com "duas meias ligas" ou entidades que parcialmente operem direitos de um campeonato. Liga só existe se houver entidade gerindo técnica e comercialmente uma competição como um todo. O Brasil só experimentará o desenvolvimento que isso proporcionaria, em termos de produto esportivo e de mídia, caso haja união dos clubes e, do que resultar de tal união, do entendimento com CBF. Faço votos - disse Fernando Manuel Pinto, diretor de direitos esportivos da Globo, ao L!.

O SBT, que transmitiu as últimas temporadas da Libertadores e é atual detentora dos direitos da Sul-Americana e da Champions, também é favorável à criação da liga. Em contato com o L!, a direção de jornalismo da emissora citou os exemplos da Inglaterra e da Espanha para reforçar a capacidade de valorização do futebol brasileiro.

- A criação da liga, por mais complexa que seja no sentido de acomodar os interesses, é uma necessidade inevitável para que o futebol se profissionalize e persiga uma maior valorização de toda cadeia. Os exemplos, como a Premier League ou a La Liga, mostram o quanto a formação das ligas profissionais criou valor e elevou o nível do futebol como espetáculo de entretenimento. Na verdade, essas ligas se tornaram marcas extremamente valiosas. Além disso, há muitas oportunidades de monetização que não são exploradas e poderiam ser revertidas aos clubes baseadas em metas claras de desempenho. Democratiza o acesso de quem gostaria de estar participando da disputa por direitos e fazem parte desse novo ecossistema - disse o SBT, em comunicado enviado ao L!.

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