Final única na Libertadores: erro ou acerto da Conmebol?
Formato inaugurado em 2019 chega a sua quarta edição ainda cercado de questionamentos<br>
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Até que ponto a final única da Copa Libertadores é benéfica ou prejudicial para a imagem do torneio? O novo formato de decisão foi inaugurado em 2019, já rodeado de polêmicas. Mas, ainda assim, foi um sucesso esportivo - com a virada do Flamengo em cima do River Plate nos minutos finais. Só que de lá para cá, a cada decisão, os torcedores demonstram mais descontentamento com as sedes decididas pela Conmebol.
Falta de tudo um pouco: malha hoteleira na cidade-sede, voos, pacotes completos com ingressos garantidos e outros fatores. Isso, sem falar, quando problemas de segurança e economia nacional influenciam a sede.
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Guayaquil é a sede da final da Libertadores 2022. Essa informação é antiga, você já sabe. Porém, em diversos momentos, informações colocavam em xeque a realização da decisão no local. Algo pode estar arranhando a imagem da competição. É o que afirma Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e gestor de empresas e atletas.
- O mercado entende que novidades e testes são bem-vindos, ainda mais quando o benchmark (avaliação comparativa) é a Europa. Entretanto, está comprovado que o modelo de final única, por inúmeros motivos, não funciona nas competições sul-americanas. Caso o modelo atual persista para as próximas edições, acredito que a imagem da competição não será valorizada. Além disso, as queixas dos torcedores e da mídia em geral gerarão um desgaste a imagem do evento - explica Wolff.
As sucessivas experiências negativas dos torcedores brasileiros em questões de logística para acompanhar os clubes desgastam, inclusive, a vontade de ir ao estádio.
- O evento deve ter uma experiência diferente e altamente positiva para que aconteça nos outros anos e cause vontade das pessoas irem, como é, por exemplo, na Champions League. Toda experiência ruim traz um desgaste para ser refeita. Um jogo deste tamanho merece um cuidado gigante para se escolher o local, assim como todos os pontos que envolvem esse evento - afirma Renê Salviano, especialista em marketing esportivo e CEO da Heatmap.
Ele explica ainda que um dos grandes pontos a se debater nas escolhas das cidades sede são referentes ao extracampo.
- O jogo é composto por 90 minutos, mas a estadia do fã é muito maior quando se trata de turistas. A cidade-sede pode trazer muitos benefícios intangíveis por muitos anos no caso de uma experiência positiva - completa Salviano.
A busca para entregar um produto melhor a cada temporada vem sendo o maior trunfo na negociação de maiores cotas de patrocínio por parte da Conmebol. E também o calcanhar de Aquiles da entidade. Na visão de Armênio Neto, executivo em novos negócios do esporte, insistir na final única não desvalorizará o produto chamado “Libertadores”.
- A Conmebol evoluiu muito ao longo dos últimos anos e busca, de fato, desenvolver um produto melhor a cada temporada. Erros e acertos fazem parte do processo e não acredito em desvalorização do produto por isso, basta ver os valores crescentes das cotas de patrocínio e demais direitos - analisa.
Já está claro que a final única envolve fatores que poucas cidades do continente podem abraçar com sucesso. Mas enquanto a Conmebol insiste fazer um rodízio de sedes entre seus filiados, o torcedor que gosta de ir ao estádio parece ser quem mais sofre com o espetáculo.
Em 2019, 59 mil acompanharam a decisão. Em 2020, por causa da pandemia, apenas 10% do público possível foi autorizado. Em 2021, a expectativa era de, mais uma vez, ter 60 mil torcedores no estádio. Mas os números não passaram dos 45 mil presentes.
Em 2022, há de se aguardar e ver o resultado da bilheteria e a imagem que a final única passará para os torcedores e as grandes marcas.
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