Finanças do Grêmio explicadas: de volta à Série A, nova gestão tem missão de reequilibrar contas

Um ano na Série B impacta receitas e deteriora saúde financeira do Tricolor

imagem cameraAs finanças do Grêmio explicadas (Arte Lance!)
Avatar
Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 05/07/2023
10:00
Compartilhar

Lance!Biz dá sequência, nesta quarta-feira (5), à série especial sobre as finanças do futebol brasileiro. Em parceria com a Pluri Consultoria, o estudo se baseia nas demonstrações contábeis mais recentes, referentes a 2022. A matéria de hoje analisa as contas do Grêmio.

Destaques:

> Queda para a Série B impacta profundamente finanças do clube;

> Tricolor arrecadou R$ 340 milhões na temporada 2022 - uma queda de 32% em relação ao ano anterior;

> Déficit de R$ 96 milhões é o maior do futebol brasileiro.

Panorama geral das finanças do Grêmio

O primeiro indicador da saúde financeira de um clube é a comparação entre receitas e dívidas. No caso do Grêmio, percebe-se que o clube viveu o pior cenário em 2022: agravamento da dívida e queda nas receitas.

Maior queda de faturamento no futebol brasileiro

Após cair para a Série B, o Grêmio apresentou em 2022 uma receita total de R$ 340 milhões (11ª do Brasil). O número representa uma queda de 32% (R$ 158 milhões) em relação ao ano anterior - a maior redução no futebol brasileiro neste período.

O principal motivo foi a forte redução das receitas com transmissões e premiações. Esta linha fechou o ano com R$ 89 milhões. Desde 2015 o clube gaúcho não apresentava receitas inferiores à R$ 100 milhões nesta categoria.

> Boa notícia: Receitas com marketing tiveram queda discreta mesmo com time na Série B.

> Má notícia: Faturamento total teve grande dependência de negociação de atletas.

Alberto Guerra, presidente do Grêmio (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Despesas seguem altas e impactam endividamento e resultado

Apesar da queda brusca nas receitas, o Grêmio não conseguiu adaptar as despesas à realidade da Série B. Com geração de caixa negativa e investimentos altos, o resultado foi aumento nas dívidas, com destaque para as onerosas e caras.

Outro impacto foi no resultado financeiro. Após seis anos seguidos com superávit, o Tricolor voltou a apresentar prejuízo contábil. Os R$ 96 milhões, inclusive, representam o maior déficit do futebol brasileiro em 2022.

Visão do especialista

Queda brutal de receitas, além de déficit e endividamento recordes. Essas foram as sequelas deixadas pelo rebaixamento à série B sobre o balanço financeiro do tricolor gaúcho.

O clube apresentou a maior queda absoluta de faturamento do futebol brasileiro em 2022, com redução em todas as principais categorias de receitas no período, o que em parte era esperado dada a disparidade comercial entre as séries A e B. O problema é que a forte queda da receita foi acompanhada por uma discretíssima redução nas despesas com futebol no período, o que gerou em um déficit recorde para o clube. Houve também forte alta no endividamento líquido, que atingiu nível recorde, após anos de relativa estabilidade.

A perigosa estratégia fez com que o retorno à Série A ocorresse às custas de uma evidente piora da saúde financeira do clube. O desafio agora é se manter na elite do futebol brasileiro e recuperar os bons indicadores financeiros


Fernando Ferreira, sócio-diretor da Pluri
Siga o Lance! no Google News