O Lance!Biz dá sequência, nesta sexta-feira (7), à série especial sobre as finanças do futebol brasileiro. Em parceria com a Pluri Consultoria, o estudo se baseia nas demonstrações contábeis mais recentes, referentes a 2022. A matéria de hoje analisa as contas do Santos.
Destaques:
> Peixe tem queda de 16% no faturamento em 2022;
> Controle de gastos impede agravamento da crise financeira;
> Falta de resultados é obstáculo para novas receitas e põe trabalho em xeque.
Panorama geral das finanças do Santos
O primeiro indicador da saúde financeira é a comparação entre o faturamento e o endividamento. Pelo critério adotado pela Pluri Consultoria, o Santos terminou 2022 com uma proporção de 1,58 entre a dívida líquida e as receitas totais - o que representa uma piora em relação a 2021, quando a proporção foi de 1,25.
Queda significativa nas receitas
Em 2022, o Santos alcançou R$ 342 milhões em receitas totais - uma redução de 16% em relação aos R$ 407 milhões faturados no ano anterior. Essa queda preocupa, mas já era esperada. Um motivo é o contexto da pandemia, que inflacionou os números financeiros da temporada 2021.
Outra razão é o fracasso no desempenho esportivo, que fez reduzir as receitas do clube com premiações e bilheteria. Em 2022, o Santos terminou o Brasileirão em 12º e foi eliminado nas oitavas da Copa do Brasil e da Sul-Americana.
> Boas notícias: Receitas recorrentes ficaram acima do patamar de 2019, indicando uma recuperação. Distribuição de receitas foi equilibrada, sem grande dependência de nenhuma fonte específica. Marketing e comercial foram um destaque positivo em 2022.
> Más notícias: Queda de 16% nas receitas totais, com impacto principalmente nas linhas de Transmissão e Matchday. Redução no faturamento contribuiu para o aumento de 6% na dívida líquida.
Santos teve queda significativa de receitas em 2022 (Foto: Raul Baretta/Santos)
Direção austera impede um cenário pior
A queda brusca nas receitas só não impactou mais as finanças santistas por causa da direção austera de Rueda. O clube conseguiu controlar de maneira eficiente os custos em 2022, ao ponto de conseguir se aproximar dos valores apresentados em 2018.
Este processo de racionalização, porém, não veio acompanhado de uma melhora na eficiência da gestão do futebol, que seguiu sem apresentar um desempenho satisfatório dentro de campo. A situação se repete em 2023 e levanta a dúvida: até quando torcedores e conselheiros vão ter paciência com o processo de recuperação?
Visão do especialista
- Em 2022, o Santos apresentou forte queda em quase todas as suas categorias de receitas, com exceção do belo resultado das receitas comerciais e de marketing. O clube, porém, manteve-se no azul e neutralizou parcialmente os efeitos da queda de receitas, ao manter a nítida trajetória de controle de despesas, que voltaram praticamente ao patamar de 5 anos atrás, num louvável esforço de equilíbrio financeiro. O superávit, porém, não foi suficiente para reduzir o endividamento líquido que foi turbinado pelo seu próprio custo financeiro, equivalente a 13% das receitas totais.